4ª Sessão

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Amaury POV

Eu acho que gosto dele. E isso é realmente nojento. Caras não se beijam. Simplesmente não. E eu vou ser amaldiçoado se eu me tornar uma das dessas bichinhas que circulam com brilho labial pelas ruas.

Eu vou ser amaldiçoado.

É só que ele é um cara bem legal e eu passo muito tempo com ele e bem... isso é normal. Eu acho. Bem, tanto faz. Vai passar. É só uma fase estúpida e eu vou superá-la brevemente. Eu só tenho que conseguir uma namoradinha pra passar o tempo. E isso seria bem fácil se não me fizesse ter vontade de vomitar só de pensar.

— E ai, Amaury? — ouvi a voz de Bruno enquanto o mesmo vinha sorridente até mim, e eu acenei de volta.

Eu não deveria ter ficado acordado até tão tarde bebendo aquelas seis garrafas de cerveja sozinho. Esse é o ruim de ser anti-namoradas: eu fico solitário.

Diego sorriu pra mim e acenou, levantando do sofá de couro pra me receber.

— Brother, você não vai acreditar no que eles tem pra gente hoje — o seu tom abafado quase me fez suar. — Eu sou Batman e você vai ser o Robin!

— O quê?! — meu estômago caiu instantaneamente e falando sério, eu sei que bichas gostam de calças coladas e tudo, mas você tem que estar brincando comigo. — Você está zoando?

Meu grito foi tão alto que eu trouxe a atenção de Lennon e Bruno pra mim. Meus olhos estão arregalados e minha boca entreaberta, mas eu ainda posso ver a boca de Diego abrir em um sorriso sacana.

— Você é um idiota — eu disse pra ele.

— E isso foi bem fácil — ele riu de volta, olhos totalmente fechados com a risada.

Eu suspirei, jogando minha mochila no sofá.

— E além do mais, não tem jeito de eu ser o menino prodígio. Isso tá escrito no seu rabo.

— Oh, eu estou ofendido — Diego franziu o cenho de brincadeira e riu. — Eu vou me lembrar disso durante a sessão.

Eu suspirei e comecei a desabotoar minha camisa.

— Tantas ameaças — eu provoquei de volta, e ele me deu um último sorriso antes de ir pro outro quarto, onde Bruno nos maqueia.

— Então, tudo certo? — eu perguntei a Lennon. — O que seremos hoje?

— Tem certeza que quer saber? — ele perguntou, tentando esconder sua risada. — Você não vai ficar desapontado quando descobrir que não é algo com calça apertada?

— Cala a boca — eu reclamei e então notei o avental branco caindo. Eu olhei mais de perto e havia um estetoscópio pendurado também. — Então... isso quer dizer que...

— Chamada para o doutor uh... Seja lá qual for o seu sobrenome — Diego gritou e minhas sobrancelhas subiram. Hmm. Isso vai ser legal. — É melhor você fazer direito! — ele continuou. — Eu realmente estou doente! Minhas, uh... Bolas, doem! — eu pude ouvir ele e Bruno caindo em gargalhadas e rolei os olhos.

As coisas parecem tão diferentes desde a última sessão. Eu fiquei tão idiota depois que percebi que meus sentimentos estúpidos estavam crescendo. Eu não sou gay. Simplesmente não. Não que tenha algo errado com isso. Mas ver Diego faz alguma coisa que estava morta dentro de mim, viver de novo. E isso é um tanto bom, de uma maneira realmente estranha e me assusta porque eu não sinto isso há um tempo e sem mencionar que essa pontada estúpida é por um cara.

Tudo isso meio que me deixou maluco e mesmo pensando que eu estava sendo um idiota completo, ele continuou super legal comigo. Normalmente eu sou o cara legal, e normalmente eu sou aquele que dá a última palavra. E é malditamente bom que exista alguém tomando conta de mim dessa vez. Mesmo que não seja assim. Eu comentei esses pensamentos confusos como parte do que eu estou sentindo?

Smile For The Camera | DimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora