Capítulo 8

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                                      James

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                                      James

Mais um dia se arrastava lentamente, e eu permanecia enclausurado neste quarto, com a lembrança do ar fresco e da luz do dia se tornando uma recordação distante, visível apenas através da fresta da janela. A última ordem da administração do hospital tinha sido clara: os enfermeiros estavam proibidos de permitir minha interação com outros pacientes, sob a alegação de que eu representava uma ameaça.

Minha mente, como um disco arranhado, voltava ao tema que eu tentava desesperadamente evitar. Nunca fui do tipo que expõe suas fraquezas facilmente, e a lactofilia era um aspecto da minha vida que eu lutava para manter oculto, até mesmo para mim mesmo.

Falar sobre isso, ou qualquer coisa que se aproximasse, sempre me causava um desconforto palpável, uma sensação de sufoco quase física. Perguntava-me se essa aversão vinha da vergonha ou do medo de ser mal compreendido.

A batalha interna era incessante e, agora, mais visível do que nunca.

Inclinei-me para frente, os cotovelos afundando-se nos joelhos, e comecei a falar em voz baixa, quase como se estivesse tentando me convencer ou conversando com um ouvinte invisível. O silêncio opressivo do quarto parecia amplificar cada palavra.

— Eu sei que a lactofilia é algo que muitos não entendem. Para mim, é algo íntimo, quase pessoal demais para compartilhar. E a última coisa que eu queria era que alguém visse isso como uma falha ou algo a ser consertado. Eu apenas... — Fiz uma pausa, buscando as palavras, o ar do quarto parecia denso e pesado. — Apenas queria que as coisas fossem diferentes. Queria que essa parte de mim não causasse tantos problemas.

A medida que eu ouvia meus próprios pensamentos, o impacto profundo do transtorno se fazia mais evidente. A vergonha e o medo não se limitavam ao julgamento alheio, mas se estendiam a como eu mesmo lidava com a situação. Sentia-me como se estivesse constantemente na beira de um precipício emocional, tentando equilibrar minhas necessidades e desejos com a necessidade de normalidade e aceitação.

— Se eu pudesse... se eu pudesse encontrar uma maneira de aceitar isso sem sentir essa angústia, talvez as coisas fossem mais fáceis. — Murmurei, a voz embargada pela frustração, a sensação de sufocamento crescendo. — Mas é difícil lidar com isso sozinho. Eu nem sei por onde começar.

Lembrei-me da conversa com Lily. Mesmo com o desconforto inicial, havia algo reconfortante na sua disposição para ouvir e apoiar. Sentia uma mistura de raiva e gratidão, como uma tempestade interna que se acalmava momentaneamente.

Era um lembrete de que, apesar de minha condição ser incompreendida e estigmatizada, ainda havia pessoas dispostas a oferecer compreensão e apoio.

— Talvez seja hora de tentar ser mais honesto sobre quem eu sou, mesmo que isso seja aterrorizante — pensei, uma pequena faísca de esperança surgindo em meio à nuvem de insegurança. — Se eu puder encontrar alguém para compartilhar isso, talvez não seja tão pesado carregar sozinho.

Com um suspiro profundo, fechei os olhos, tentando dissipar a sensação de exaustão que me envolvia. O caminho à frente parecia nebuloso e desafiador, mas a oferta de Lily para ouvir e apoiar era um pequeno raio de luz na escuridão.

Talvez, finalmente, houvesse uma chance de enfrentar a realidade com um pouco mais de coragem e menos solidão.

Amando meu paciente: A Enfermeira e o PacienteOnde histórias criam vida. Descubra agora