Capítulo 16

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                                           James

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                                           James

Quando Lily falou sobre seu melhor amigo chamado James, meu coração deu um nó. Como ela poderia se lembrar dele? Eu mal sabia como reagir à revelação. A conexão que compartilhávamos se tornava mais complexa, e eu não conseguia afastar a ideia de que talvez, apenas talvez, ela fosse a mesma garota que eu conheci anos atrás.

Meus pensamentos estavam uma confusão. Lily parecia tão diferente e, ao mesmo tempo, tão familiar. O jeito que ela falava sobre aquele James — a forma como descrevia sua bondade e autenticidade — me fez pensar na infância que perdi, nos dias despreocupados em que éramos apenas crianças, amigos, sem as pressões do mundo. Como eu poderia ser aquele garoto de novo, quando tudo o que restava eram lembranças distantes?

— Você realmente se lembrou do nome? — perguntei, tentando disfarçar a intensidade da minha curiosidade. — O que você lembra dele?

Ela hesitou, e por um momento, pude ver uma sombra de nostalgia em seus olhos. O silêncio entre nós parecia carregar um peso. Eu precisava entender se ela realmente era a mesma Lily. Mas como poderia perguntar sem revelar minha própria vulnerabilidade?

— Eu só... sempre me lembro de como ele me fazia rir, mesmo nas piores situações. Tinha esse jeito de tornar tudo mais leve — respondeu, a voz baixa, quase como se estivesse falando consigo mesma.

Aquelas palavras me atingiram. Ela ainda se lembrava de mim, do que eu era, do que nós éramos. E isso fez minha mente trabalhar em alta velocidade. Como poderia ter perdido contato com alguém tão especial?

— Lily, você se lembra de quando seus pais separaram vocês? — indaguei, esperando que ela não se ofendesse. O desejo de confirmar minha suspeita era forte.

Ela assentiu lentamente, um semblante melancólico surgindo em seu rosto.

— Sim, foi difícil. Eu não queria ir embora, mas meus pais acharam que era o melhor. Eles queriam me proteger de... bem, dele. Na verdade, eu nunca entendi completamente por que — disse, com um tom de desilusão.

E, com isso, tudo começou a fazer sentido. Aquela distância, aquela separação, não foi apenas uma questão de mudança. Era uma tentativa de controlar nossas vidas. Mas por que meus pais teriam feito isso? Eu só queria ser eu mesmo.

— E você nunca o procurou depois? — minha voz saiu mais fraca do que eu esperava.

— Eu tentei, mas depois que me mudei, foi como se você tivesse desaparecido. A escola nova, as novas amizades... tudo foi tão rápido. E então, com o tempo, fui esquecendo — ela confessou, com um ar de tristeza.

O que eu sentia era uma mistura de alívio e dor. Alívio por saber que ela não me esqueceria e dor pela separação que ambos suportamos. Eu precisava esclarecer isso.

— Lily, eu sou aquele James. O seu melhor amigo. — As palavras saíram antes que eu pudesse pensar em como seria recebê-las. — Eu sempre foi você em meus pensamentos.

Os olhos dela se arregalaram, e o silêncio se fez presente novamente, carregado de emoção. Eu podia ver as peças do quebra-cabeça se unindo em sua mente. A confusão, a incredulidade e, finalmente, um brilho de reconhecimento.

— Não pode ser... — ela sussurrou, quase em choque.

Eu queria que a conversa fluísse, que não houvesse mais barreiras entre nós. O jardim ao nosso redor parecia vibrar com a intensidade de nosso reencontro. Eu a vi lutar para processar a realidade, e a minha esperança crescia com cada segundo.

— Eu não sabia o que aconteceu com você. Não entendi por que nos afastaram, mas sempre guardei você na memória — falei, quase implorando para que acreditasse em mim.

Lily passou a mão pelo cabelo, claramente lutando contra a onda de emoções. Eu queria que ela soubesse que nunca deixei de me importar, que sempre esperei por um dia como aquele.

— James... isso muda tudo — ela finalmente disse, com a voz trêmula. E, por um instante, o peso de nossas histórias se dissipou, dando espaço a uma nova esperança.

Lily me olhou com um misto de expectativa e dúvida. O brilho em seus olhos parecia ansioso por confirmação, e eu sabia que precisava provar que realmente era o James que ela lembrava.

— Se você é realmente meu melhor amigo, então me diga… qual era o meu apelido? — perguntou, com uma expressão de desafio e esperança.

Um sorriso involuntário apareceu nos meus lábios ao recordar aquele tempo. O apelido que eu havia escolhido para ela ainda ecoava em minha memória, uma pequena lembrança que sempre carreguei comigo.

— Seu apelido era… Lírio. — A palavra saiu de mim como se fosse uma confissão, carregando todo o peso da nostalgia.

Ela ficou em silêncio, seus olhos se arregalando de surpresa. O ar ao nosso redor parecia vibrar com a intensidade do momento.

— Lírio? — repetiu, e eu podia ver que as lembranças estavam voltando. — Eu adorava esse nome! Como você se lembrou?

— Era impossível esquecer — respondi, ainda sorrindo. — Sempre me lembrou da sua beleza e delicadeza. Você era a única que podia iluminar até os dias mais sombrios.

Ela corou levemente, e um sorriso começou a se formar em seus lábios. O clima entre nós mudara, e a leveza começava a preencher o espaço que antes era tenso.

— Eu sempre achei que era um apelido especial. Ninguém mais me chamava assim — ela disse, com um brilho no olhar. — E eu nunca soube o porquê de você ter escolhido isso.

— Porque você sempre trouxe cor para minha vida, Lírio. Mesmo quando estávamos longe, eu sempre me lembrava de você como a flor que iluminava os meus dias — declarei, sentindo a sinceridade em minhas palavras.

O sorriso dela se alargou, e por um momento, parecia que estávamos de volta àqueles dias inocentes da infância, antes de tudo se complicar. A conexão que havia entre nós agora era palpável, um laço que nunca se desfez.

— James, eu… — ela começou, mas parou, como se as palavras não fossem suficientes.

— Eu sei, eu também sinto isso — interrompi, querendo que ela soubesse que entendia a profundidade do que estávamos vivenciando. — Nós perdemos tanto tempo, mas isso não muda o que compartilhamos.

Ela assentiu, ainda com a emoção à flor da pele.

— Se você realmente é meu melhor amigo, então não vou deixar que isso aconteça de novo. Vamos nos reconectar, descobrir o que restou de nós — disse, e sua determinação fez meu coração acelerar.

— Sim, vamos. Não importa o que os outros pensem, eu quero que você faça parte da minha vida novamente, Lírio — afirmei, sentindo a verdade em cada palavra.

O jardim ao nosso redor parecia mais vibrante, como se as flores e as árvores estivessem celebrando o nosso reencontro. O que antes parecia impossível agora se tornava real, e eu sabia que, juntos, poderíamos enfrentar o que viesse pela frente.

Naquele instante, tudo parecia certo. E, finalmente, estávamos prontos para reescrever nossa história.

Amando meu paciente: A Enfermeira e o PacienteOnde histórias criam vida. Descubra agora