Capítulo 23

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James

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James

O dia dos exames chegou, e a ansiedade se instalou em mim como uma sombra. Levantei cedo, os pensamentos se agitando na minha cabeça. Olhei para o espelho, tentando encontrar um semblante de confiança. Era estranho, mas a presença de Lily me fazia querer ser mais do que eu era.

Quando cheguei à sala de exames, o ambiente frio e estéril parecia amplificar meu nervosismo. A enfermeira me cumprimentou com um sorriso, mas eu mal consegui respondê-la. O que mais me preocupava era a possibilidade de ser mal compreendido mais uma vez.

Logo, Lily entrou, e a visão dela foi como um raio de sol. Ela parecia calma, apesar de eu saber que também estava apreensiva.

— Pronto para isso? — perguntou, ajustando os óculos enquanto olhava para os documentos na prancheta.

— Não sei... Acho que estou mais nervoso do que antes — confessei, passando as mãos pelos cabelos.

— É normal sentir assim. Mas lembre-se: você está aqui para se defender. O que você está fazendo é importante — incentivou, sua voz tranquila era como uma âncora em meio à tempestade.

O exame começou, e os médicos me receberam com uma mistura de cordialidade e seriedade. O primeiro a falar foi o Dr. Mendes, um homem de meia-idade com um olhar penetrante.

— James, obrigado por estar aqui. Vamos começar com algumas perguntas sobre sua experiência. Como você descreveria seu dia a dia? — ele perguntou, fazendo anotações em seu tablet.

Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos. — Eu acordo e, na maioria dos dias, me sinto... bem, um pouco isolado. As pessoas têm dificuldade em me entender. — Aquelas palavras começaram a fluir mais facilmente do que eu esperava.

Lily, sentada ao meu lado, assentiu com empatia. — É importante que eles ouçam sua voz, James.

O Dr. Mendes fez um gesto encorajador. — E como você lida com isso? O que faz para se sentir melhor?

— Eu desenho muito. É uma forma de processar meus sentimentos e experiências — respondi, um pouco mais confiante.

— E você se sente confortável compartilhando isso? — perguntou uma médica ao meu lado, a Dra. Silva.

— Sim, mas é difícil encontrar pessoas que realmente se importem em ouvir. Muitas vezes, só escutam o rótulo — afirmei, sentindo uma onda de emoção.

— O rótulo não define quem você é — interveio Lily, com um olhar firme. — E isso é algo que a equipe precisa entender.

— Exatamente — concordou o Dr. Mendes. — James, você já pensou sobre como gostaria que as pessoas vissem você?

— Eu gostaria que vissem minha essência, não apenas a minha condição. Há muito mais em mim — respondi, sentindo a confiança crescer.

À medida que as perguntas continuavam, percebi que estava me defendendo, contando minha história com sinceridade. Havia momentos em que sentia que estava sendo examinado não apenas fisicamente, mas também emocionalmente. Lily estava ao meu lado, fazendo anotações e trocando olhares de encorajamento.

Quando o exame finalmente terminou, a tensão parecia dissipar um pouco. Saí da sala e encontrei Lily esperando por mim, um brilho de orgulho em seus olhos.

— Você foi incrível, James! Estou tão orgulhosa de como se expressou — ela disse, quase pulando de felicidade.

— Você acha que eles entenderam? — perguntei, nervoso novamente.

— Com certeza. Eles ouviram você. Agora, precisamos esperar pelos resultados — respondeu, colocando uma mão reconfortante em meu ombro.

O tempo de espera parecia uma eternidade. Fui para o meu quarto, onde a inquietação me consumia. Olhei pela janela, observando as folhas balançando ao vento. Era um lembrete de que a vida continuava, mesmo que eu estivesse preso entre esses muros.

Finalmente, Lily voltou. A expressão dela era um misto de alívio e determinação.

— Temos novidades — disse ela, me olhando diretamente nos olhos, como se quisesse que eu sentisse a gravidade da situação.

— O que aconteceu? — A ansiedade subiu de novo.

— A equipe concordou que a lactofilia não é uma condição patológica, mas uma parte da sua identidade. Eles estão dispostos a mudar a forma como tratam o seu caso — disse ela, e a cada palavra, meu coração se acelerava.

— Então, posso sair daqui? — A esperança começou a se formar em meu peito.

— Não exatamente ainda. Mas eles querem que você participe de um programa de apoio. Será uma forma de você se conectar com outras pessoas que enfrentam situações semelhantes — explicou ela, a sinceridade em seu olhar.

— Um programa de apoio? Isso significa que posso ser visto como uma pessoa, não apenas um diagnóstico? — perguntei, a emoção quase transbordando.

— Exatamente. É uma oportunidade para você se expressar, e para que outros também aprendam a entender sua perspectiva — respondeu ela, sua voz cheia de esperança.

O peso que eu carregava parecia estar se dissipando. Era o começo de algo novo. — E quanto a você? O que vai acontecer com nós dois?

Lily hesitou por um momento, como se estivesse ponderando as palavras. — Eu estarei aqui para te apoiar, James. Minha função é ajudar você a se encontrar, mas também quero que você saiba que não precisa se limitar a isso.

— Eu não quero que isso acabe aqui — disse, a sinceridade transparecendo em cada palavra. — Você é uma parte importante da minha jornada.

Ela sorriu, e nesse sorriso encontrei uma conexão profunda. — Então, vamos continuar juntos. Esse é apenas o começo, James.

E ali, naquele momento, percebi que finalmente estava no caminho certo. Havia desafios pela frente, mas com Lily ao meu lado, a luta não parecia tão assustadora. Eu estava pronto para descobrir quem realmente era, e isso me enchia de esperança.

Amando meu paciente: A Enfermeira e o PacienteOnde histórias criam vida. Descubra agora