Capítulo 21

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James

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James

Fazia um dia que meu lírio não aparecia. Desde aquele dia em que ela dormiu aqui, a promessa de que falaria com a Maggie parecia distante. A ausência dela pesava no ar do quarto. Eu gostava da sua presença, dos momentos em que ela me fazia sentir mais humano, menos um número na lista de pacientes.

Os pensamentos se misturavam. A conversa que tivemos antes, as confidências que trocamos, não saíam da minha mente. O jeito como Lily me olhava, como se tentasse entender as camadas que me cercavam, era reconfortante. Mas a cada hora que passava sem notícias, a frustração crescia. Ser esquecido era um medo que eu não sabia que tinha.

Olhei pela janela, observando a rotina da clínica. As enfermeiras apressadas, os médicos conversando entre si, e o ritmo frenético da vida do lado de fora. Dentro de mim, havia um silêncio perturbador. Eu precisava de respostas, de alguém que olhasse para mim e visse mais do que o rótulo que me acompanhava. Era como se o mundo estivesse girando e eu ficasse parado, preso em um ciclo de diagnósticos e julgamentos.

A porta do meu quarto se abriu lentamente, e eu me virei, esperando. Era Sarah, a enfermeira que adorava bisbilhotar. Não era ela quem eu queria, mas não pude evitar um leve suspiro de alívio. Ao menos não era um médico.

- Olha quem decidiu aparecer - ela disse, com aquele sorriso que mais parecia uma provocação. Eu tentei não demonstrar a irritação.

- Oi, Sarah.

Ela se aproximou, com a expressão de quem estava prestes a compartilhar um segredo. - Ouvi que você anda sendo bem "cuidado" pela Lily. Ela parece bem interessada em você.

Eu não queria discutir Lily com ela. Na verdade, queria protegê-la daquela curiosidade insuportável. - Ela só está fazendo o trabalho dela, Sarah. Não é nada além disso.

Ela arqueou uma sobrancelha, claramente não acreditando. - Claro, James. Mas você sabe como as coisas funcionam aqui. Um enfermeiro e um paciente...

- Estou bem, Sarah. Só quero ficar sozinho. - Afirmar isso me fez sentir um pouco melhor, mas também me deixava ansioso. O que Lily pensaria sobre minha reação? Eu não queria que ela se afastasse por causa de palavras mal colocadas.

Sarah sorriu, um sorriso que eu não conseguia decifrar. - Tudo bem. Só esteja atento. Às vezes, o que parece bom pode não ser. - E, como sempre, ela saiu pela porta, deixando uma sombra de dúvida em meu peito.

Lily. O nome dela ecoou em minha mente. Era a única que parecia realmente se importar. Desde que a reencontrei, algo mudou. Ela me via, não como um caso ou um transtorno, mas como alguém que precisava de ajuda, mesmo que isso significasse confrontar a própria dor do passado.

 Ela me via, não como um caso ou um transtorno, mas como alguém que precisava de ajuda, mesmo que isso significasse confrontar a própria dor do passado

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No dia seguinte, a expectativa me consumia. Eu me perguntava se Lily teria conseguido algo com Maggie. Precisava entender o que estava acontecendo comigo, e o que havia acontecido anos atrás. A relação entre nós não era apenas profissional; havia algo mais, algo que me fazia sentir que ela era uma parte importante da minha história.

A porta se abriu, e Lily entrou. O sorriso que costumava iluminar meu dia estava ausente, mas havia determinação em seu olhar. Eu a observei se aproximar e, por um momento, tudo ao meu redor se dissipou.

Hoje ela estava vestindo uma blusa branca de algodão, leve e confortável, que moldava suavemente sua figura. As mangas eram curtas e ligeiramente bufantes, conferindo um toque delicado ao visual. Por cima, ela usava um jaleco impecavelmente branco, com os botões alinhados e um leve brilho que sugeria limpeza e cuidado. O jaleco tinha um corte clássico, que acentuava sua silhueta sem perder a funcionalidade.

Ela completava o look com calças escuras, que contrastavam com a parte superior clara, e tênis brancos, práticos para o ambiente hospitalar. Seu cabelo estava preso em um coque bagunçado, com algumas mechas soltas emoldurando seu rosto, o que lhe conferia um ar despreocupado e acolhedor. O conjunto transmitia profissionalismo, mas também uma leveza que a tornava acessível, como se estivesse ali não apenas para cuidar, mas para se conectar.

- James, precisamos conversar - ela disse, fechando a porta com cuidado. Sua voz estava firme, mas havia uma fraqueza subjacente que não passou despercebida por mim.

- Sobre o quê? - perguntei, tentando esconder a ansiedade.

- Sobre você. E o que está acontecendo aqui. - Ela puxou uma cadeira e sentou-se à minha frente, a ficha em suas mãos. O familiar nervosismo tomou conta de mim.

- O que Maggie disse? - Apressadamente, minha mente começou a criar cenários. E se eles decidissem me manter aqui mais tempo? E se as coisas que eu compartilhei fossem mal interpretadas?

- Ela está disposta a reavaliar seu caso - Lily começou, a sinceridade em sua voz era um bálsamo. - Mas precisamos ter cuidado. O que você me contou pode complicar as coisas.

Eu me senti mais leve. - Complicar como?

Lily respirou fundo. - Sua ligação pessoal pode ser vista como um conflito de interesse. As pessoas podem achar que você está sendo tratado de maneira diferente, apenas por causa de mim.

Eu balançava a cabeça, tentando entender. - Mas eu não sou apenas um caso, Lily. Não sou um número. Preciso que as pessoas vejam isso.

Ela me olhou nos olhos, como se tentasse decifrar cada palavra. - Eu sei. E é por isso que estou aqui. Vamos lutar para que você não seja apenas um diagnóstico. Mas você precisa me ajudar.

Um silêncio pesado pairou entre nós. Eu sabia que minha luta não era só minha. Era nossa. E, naquele momento, percebi que não queria apenas ser visto. Queria ser compreendido.

- Vou fazer o que for preciso - respondi, sentindo a determinação crescer. - Mas não posso fazer isso sozinho.

Lily sorriu, um sorriso que aquecia meu coração. - Então vamos fazer isso juntos. É hora de descobrir quem você realmente é, James, e o que realmente aconteceu.

E ali, naquele pequeno quarto, entre as sombras e as luzes do hospital, comecei a acreditar que talvez houvesse um caminho. Um caminho que me levaria de volta a mim mesmo.

Amando meu paciente: A Enfermeira e o PacienteOnde histórias criam vida. Descubra agora