Lily
Alguns dias se passaram desde que eu e James nos reconectamos, e a rotina do hospital começou a parecer um pouco mais leve. No entanto, ainda havia momentos em que o peso das lembranças me atingia com força. Aquela tarde, depois de algumas visitas aos pacientes e longas conversas com James, fui até o meu quarto para descansar.
Naquela noite, uma brisa suave entrava pela janela. Eu me perdi em pensamentos, lembrando de cada momento que compartilhamos, das risadas, dos sentimentos que voltaram à tona. Depois de um tempo, decidi que precisava checar como ele estava.
Quando entrei no quarto de James, a cena que se apresentou a mim já não era mais inesperada. Ele estava lá, deitado na cama, com uma expressão tranquila no rosto. Mas o que me chamou a atenção foi o jeito como ele dormia, com o dedo na boca, quase como uma criança. A visão era ao mesmo tempo cativante e vulnerável, algo que eu não esperava ver em um homem que havia enfrentado tanto.
Uma onda de ternura me invadiu, mas rapidamente foi seguida por um impulso de recuar. Não queria interromper seu descanso, não queria me aproximar naquele momento. A última coisa que eu desejava era invadir seu espaço, mesmo que fosse de maneira inconsciente.
— Eu não vou me aproximar — murmurei para mim mesma, embora a vontade de tocar seu cabelo, de ver seu sorriso acordando, fosse quase irresistível. — Ele precisa de descanso. E eu não quero parecer invasiva.
Eu hesitei na porta, a mente cheia de confusão. Mas em vez de sair, algo me fez decidir por permanecer. A poltrona no canto do quarto parecia convidativa, e eu sentia uma necessidade profunda de estar perto dele, mesmo que apenas na sombra da sua paz.
Aproximando-me da poltrona, sentei-me cuidadosamente, mantendo a distância respeitosa. O silêncio do quarto era reconfortante, e, à medida que o tempo passava, a visão dele adormecido me acalmava. Minhas pálpebras começaram a pesar, e em poucos minutos, sucumbi ao cansaço.
Enquanto eu adormecia, um sentimento de proteção se instalou em mim. A ideia de que estava ali, mesmo em silêncio, como um guardião de seu descanso, trouxe um conforto inesperado. Eu queria ser parte da vida dele novamente, e ali, naquele momento tranquilo, tudo parecia possível.
Os sons do hospital se tornaram um leve murmúrio ao fundo, e eu me deixei levar pelo sono, sonhando com um futuro onde nossa amizade pudesse florescer novamente, sem as barreiras do passado.
JAMES
Acordei de madrugada, envolto por uma estranha sensação de que não estava sozinho. O silêncio do quarto era profundo, mas havia algo que me fazia sentir a presença de outra pessoa. Com esforço, levantei a cabeça e, para minha surpresa, vi Lily sentada na poltrona, adormecida, com uma expressão serena no rosto.
Um misto de alegria e preocupação tomou conta de mim. O que ela estava fazendo ali, tão tarde? A imagem dela me trouxe um conforto que eu não sabia que precisava. Com cuidado, me levantei da cama, evitando fazer barulho, e fui até ela. Seu cabelo caía suavemente sobre o rosto, e a luz fraca do quarto iluminava suas feições delicadas.
Decidi que não podia deixá-la assim. Com gentileza, coloquei a mão em seu ombro para acordá-la, mas não queria assustá-la. No entanto, ao tocar sua pele, um calor subiu pela minha pele, e a sensação de proximidade entre nós foi intensa.
— Lily, acorda — murmurei, baixinho.
Ela abriu os olhos devagar, parecendo confusa por um momento, até que um sorriso suave se formou em seus lábios ao me ver.
— Oi, James. Desculpe, eu… acho que adormeci — disse, ainda sonolenta.
— Você pode ficar aqui, se quiser — sugeri, sem pensar duas vezes. O desejo de tê-la perto de mim era forte e inexplicável.
Ajudei-a a se levantar, e logo a vi se acomodar na cama ao meu lado. O contato físico era inesperado, mas algo dentro de mim se acalmou ao tê-la ali, perto. Assim que ela se ajeitou, voltei a me deitar, mas não consegui conter o impulso de abraçá-la.
Abracei-a com delicadeza, puxando-a para mais perto, como se quisesse protegê-la do mundo lá fora. Minha mão encontrou seu coração, e a sensação do ritmo constante batendo sob minha palma era reconfortante. Era um momento simples, mas a conexão que estávamos formando tornava tudo extraordinário.
A respiração dela se tornou mais profunda, e o calor do seu corpo contra o meu parecia curar as cicatrizes que eu carregava. O mundo ao nosso redor desapareceu, e naquele instante, tudo o que importava era a presença dela.
Eu não sabia o que o futuro reservava, mas, naquele momento, havia uma paz que não sentia há muito tempo. Com a mão perto do coração dela, adormeci novamente, me sentindo completo de uma maneira que nunca esperei.
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Amando meu paciente: A Enfermeira e o Paciente
RomanceRecém-formada em enfermagem, Lily inicia sua carreira em uma clínica psiquiátrica onde, durante o estágio, vivenciou os desafios do ambiente. Agora, como profissional, ela é designada para a ala mais complexa, onde os pacientes sofrem com transtorno...