Se cuida 💌

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(Conversa: Cacá)

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(Conversa: Cacá)

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⚠️ Pressão psicológica

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⚠️ Pressão psicológica

Kelvin caminhava sem pressa pelos corredores do prédio de artes. Surpreendendo a si mesmo, não sentia todo o nervosismo que achou que o consumiria após a noite que passou. Ainda não se via completamente confiante com a canção escolhida para o teste que aconteceria na manhã seguinte, mas sabia que com calma, e um pouco mais de ensaio, se sairia bem.

Aproveitando que naquele horário algumas das salas de música estavam vazias, havia reservado um espaço para que Nando o acompanhasse em uma passagem, desta vez com violão, como seria em sua apresentação.

Ele virou o corredor, pronto para pegar o celular e enviar uma mensagem confirmando a presença do amigo, quando uma voz alta o surpreendeu.

— Nós temos assuntos para terminar. Agora.

Sua trajetória e alegria foram interrompidas pelo rapaz que conhecia, fazendo-o notar que aquele dia não seria realmente melhor do que o anterior.

— Não temos nada para terminar, e sua cara está péssima, só para constar. — apontou para a face de Frank, onde a atadura e os hematomas se estendiam por suas maçãs do rosto de forma irregular, deixando-o quase irreconhecível, se não fosse pela postura superior com a qual Kelvin já havia se acostumado a lidar.

A fala, apesar de anasalada devido ao incidente, era treinada o bastante por anos nos palcos para ainda tornar fácil distinguir cada palavra por ele dita:

— Agradeça ao seu amiguinho por isso.

— Já agradeci. Ele arrasou, não acha? —  respondeu ao cruzar os braços de maneira defensiva. — Era só isso que queria dizer? Porque eu tenho compromissos inadiáveis e já estou...

— Não era isso. — Frank o parou ao tocar seu punho, fazendo o outro rapaz se afastar rapidamente. — Vim só pra confirmar que você não vai fazer aquele teste amanhã.

— É claro que vou. — Kelvin revirou os olhos tentando caminhar para longe dali, mas as mãos de Frank mais uma vez o impediram, direcionando-o alguns passos para trás antes de as apoiar contra a parede, numa tentativa clara de o encurralar. — Me dá licença.

— Kelvin... — apesar da ação provavelmente doer, ele ainda riu.

— Kelvin, o quê? Não tenho culpa se você foi um filho da puta e agora não vai poder participar da primeira parte dos testes. Nós colhemos o que plantamos, alguém já te disse isso?

— Você vai mesmo fazer isso comigo? — o tom de Frank abaixou conforme aproximava seu rosto cada vez mais do outro rapaz.

— Acha que pode vir aqui depois de tudo o que já fez, me intimidar novamente e conseguir que eu desista de tudo só porque você não vai fazer mais parte da trama?

— Não foi o que eu disse, mas você deveria saber melhor... As pessoas vão comentar. — Frank sussurrou direcionando seus lábios ao ouvido de Kelvin. — Comentar sobre como o pobre Kelvin Santana precisou que seu ex estivesse fora da jogada para finalmente ter alguma chance.... E quando você perder o papel dos sonhos, e sabe que isso vai acontecer, porque pode ser bom, mas nunca será o melhor... Quando isso acontecer elas vão rir, tagarelar por aí sobre o quão patético foi você, ainda que sem a maior concorrência, não ter conseguido um lugar naquele palco. — ele completou, afastando-se e fazendo seu caminho até a saída do prédio.

E Kelvin? Kelvin ali ficou, tentando buscar palavras ou ações, mas não encontrando-as em lugar algum.

Era capaz de lidar com ameaças tolas em geral, com sarcasmo, olhos se revirando e tantas coisas mais. Ele podia rebater tudo, cada ofensa com frases que sempre faziam seus amigos rirem até a barriga doer. Ele podia olhar para qualquer pessoa e aceitar que tinha muitos defeitos, lidar ou não com eles e seguir em frente. No entanto, para o terror de Kelvin, Frank conhecia sua maior fraqueza, e ele sabia, mais do que qualquer pessoa naquela Universidade, as palavras que o fariam ruir.

"Você não é bom o bastante", era o que tudo aquilo queria dizer. E por mais que lutasse dia e noite, era muito difícil relembrar aquela sentença e deixar de nela acreditar. Era demais para ele ter confiado a alguém aquelas palavras, apenas para vê-las sendo transformadas, sem nunca perder o sentido, com a intenção de o machucar.

Sim, depois de muito tempo, Frank havia vencido seu terrível joguinho.

Tell Me SomethingOnde histórias criam vida. Descubra agora