Kelvin sabe que aquele pode ser o semestre de sua vida, e sonha com o futuro brilhante que o aguarda. O que não espera é conhecer alguém como Ramiro, que o faz querer desvendar o mistério por trás de sua pessoa e de seus próprios sentimentos.
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— Okay, a gente pode começar? — Kelvin disparou extremamente animado assim que terminaram de comer.
Ele estava de pernas cruzadas sobre um piano de cauda que compunha aquela sala de música, e sabia que provavelmente teria problemas se alguém responsável pela universidade o visse ali, mas não podia se importar menos.
— Você está agitado hoje.
— Ah... Me desculpa... — começou a dizer, mordendo os lábios por conta do nervosismo, que nada mais era do que a real explicação da sua agitação.
— Ei, não é para se desculpar. — Ramiro levantou do banco alto no qual havia se sentado anteriormente para pegar o violão, mas antes parou diante do rapaz, estendendo a mão para acariciar levemente seu rosto. L — Não quis dizer isso de um jeito ruim, me expressei muito mal, então sou eu que tenho que pedir desculpas. É bem divertido na verdade, ver o quanto parece animado.
— Eu estou, vai ser algo muito legal e quero dar o meu melhor. — Kelvin explicou, deitando a cabeça um pouco para o lado, acomodando-se na palma da mão do outro do rapaz. — Então vamos lá? — seu sorriso se alargou.
— Vamos. — Ramiro riu, esfregando mais uma vez o polegar contra a bochecha de Kelvin antes de seguir o caminho que estava fazendo para tirar o violão, previamente afinado, da capa.
— Senta aqui perto. — Kelvin pediu.
— Não vai pegar o seu?
— Sou mais do visual e da teoria no início, vai ter que me mostrar uma vez pelo menos para eu saber se consigo pegar ou se é melhor trocar de música.
— Tudo bem. — concordou, sentando-se, desta vez, em uma das pontas do banco que acompanhava o piano. — Está prestando atenção?
— Estou, pode ir.
— Não é a música mais fácil do mundo, existem outras com menos acordes, mas já percebi que aparentemente gosta de desafios.
— Eu amo.
— Então você vai começar com um sol sustenido, assim. — demonstrou. — Ré. Mi menor.
— Sol sustenido, ré e mi menor. Consegue me mostrar de novo a posição dos acordes, por favor? - pediu, assistindo-o fazer. — I close my eyes and I can see. — Kelvin cantou baixinho quando as notas ganharam vida.
— E então um Dó sustenido e Sol sustenido, desse jeito. — demonstrou, repetindo, logo em seguida, o Dó que não havia sido utilizado no verso anterior.
Ramiro continuou passando cada acorde e, vez ou outra, Kelvin o acompanhou com um verso para entender em que ponto da música se encontravam e onde tudo aquilo se encaixava. Foi um processo lento, mas ele quase se sentiu capaz de pegar o próprio violão e tocar aquela melodia.
Só que não iria fazer, nem ali, nem para uma atividade qualquer do curso.
— E termina com o Dó sustenido outra vez. — o rapaz finalizou. — Eu e você agora?