Tell Me Something

D. Nesse momento 💌 🔞

Este capítulo contém cenas explícitas e não é indicado para menores de dezoito anos 🔞

Se Ramiro percebeu que a inquietação de Kelvin era fora do normal, preferiu não comentar. A realidade era que, após cinco anos juntos, havia se tornado fácil notar alguns trejeitos do menor e saber que, por alguma razão, a qual talvez nunca fosse ser explicada para ele, todo dia 18 de Junho e, às vezes, a semana completa que o antecedia, se passava como um pequeno tormento para o seu companheiro.

Nos primeiros dois anos, ainda buscou questioná-lo sobre essa questão, mas aquilo parecia fazer mais mal do que bem e, portanto, passou a dividir com ele mais palavras e gestos de conforto que o normal conforme tal data se aproximava, numa tentativa de demonstrar que sempre estaria ali.

Naquela noite, no entanto, parecia ainda pior. Kelvin havia recebido uma mensagem de sua produtora falando que ligaria em quinze minutos, algo sobre um dos seus últimos testes, e desde então andava de um lado para o outro, tendo pausado a série que estavam assistindo por ser incapaz de de concentrar em qualquer coisa.

- Ela disse quinze minutos.

- Há dezesseis minutos apenas, espere um pouco e vem cá. - Ramiro disse, tentando convencê-lo a retornar ao aconchego de seus braços no sofá

- Exatamente! Dezesseis!

- O que eu quis dizer é que isso nem é um atraso de verdade, ela já deve estar pra ligar, Kel.

Ramiro se colocou de pé, pondo-se no caminho do menor para fazê-lo parar, e segurou o rosto de Kelvin com delicadeza antes de continuar falando:

- Meu amor, um sim ou não serão incapazes de definir o tamanho do seu talento, você já fez peças incríveis, tem contratos com marcas, a gente vive bem e é feliz. Sei que esse seria outro grande sonho realizado e eu, mais do que qualquer outra pessoa no mundo, desejo que ele se torne real, pois se há alguém nessa imensidão que é o planeta Terra que mereça algo assim, esse alguém é você. Mas também não gosto de te ver dessa forma, não gosto que suas palavras não digam, mas seu olhar demonstre que está perdendo a esperança em si mesmo, mesmo que estes momentos sejam raros.

Os olhos de Kelvin se encheram de lágrimas e ele os fechou tentando contê-las, assentindo quando as palavras encontraram seu fim e colocando as próprias mãos sobre as de seu marido.

- Eu também não gosto disso, mas dias como hoje...

- Nunca são um bom dia. - Ramiro completou. - Eu sei, e mesmo que jamais vá compreender, sempre estarei aqui.

- Obrigado. - Kelvin sussurrou, abrindo os olhos e deixando um selinho rápido nos lábios do maior, o que o colocou na ponta de seus pés enquanto seus narizes se tocavam, e fez Ramiro precisar usar uma das mãos para apoiá-lo na base de sua coluna. - Obrigado por ser quem você é sem tirar nem pôr. Há datas difíceis, mas nenhuma delas torna meu amor por você menor. Eu te amo.

- Te amo... - Ramiro repetiu num sussurro acompanhado de um sorriso, antes do celular de Kelvin começar a tocar. - Vá atender, deve ser ela.

- Se for um não, tá tudo bem. - Kelvin colocou aquela frase com toda a sua confiança e respirou mais fundo.

- Se for um não, com certeza há algo maior esperando por você, mas se quer minha opinião, acho que será um sim. - afirmou ao soltar o corpo do menor e permitir que este alcançasse o aparelho celular, deslizando o botão verde rapidamente, mas mantendo Ramiro de frente para si.

- Oi... Sim... - ele colocou o dedo na boca, mordendo-o num sinal de nervosismo. - Aham... - sua expressão não mudou, mas a mão abaixou alcançando a do outro homem e entrelaçando seus dedos. - Posso, é claro, quando? - houve uma pausa enquanto a mulher seguia falando algo do outro lado de linha. - Certo, me manda os detalhes por mensagens, por favor? Ok... Tá bom ... Obrigado, muito obrigado de verdade. - ele riu, liberando um pouco do estresse. - Eu sei, mas obrigado mesmo assim... A gente se fala... Boa noite para você também. - completou ao desligar a chamada e depositar o aparelho no móvel mais perto de si.