Ano Novo 💌

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A casa na qual a festa estava acontecendo era grande o suficiente para acomodar o dobro de pessoas do as que ali estavam, mas Kelvin concluiu que era bom não se encontrar em mais um lugar abarrotado e repleto de esbarrões como as baladas ou festas de atlética as quais costumava frequentar.

Kelvin passou pela bancada da cozinha, pegou uma bebida qualquer, tomando apenas alguns goles antes de virá-la na pia e descartar o copo, para então seguir até a porta na qual Ramiro o esperava.

Ele usava uma camisa branca simples, com os primeiros botões abertos, e seu cabelo havia sido trançado rente ao couro cabeludo, deixando-o quase tão bonito quanto da última vez que ambos se encontraram pessoalmente.

Ainda observava cada detalhe daquele rapaz quando o mesmo pegou o celular para enviar uma mensagem rápida, para então colocá-lo no bolso da bermuda jeans e finalmente o encarar com um lindo sorriso.

Havia algo em Ramiro, que inicialmente Kelvin havia associado ao futuro – apesar de não ser mais apenas sobre isso –, e que o fazia querer apreciar os detalhes de cada momento o qual compartilhavam e das breves conversas que trocavam, levando-o diretamente ao arrependimento de em determinado ponto ter recuado e deixado de aproveitar aquilo o que ainda tinha: tempo – por menor que pudesse ser este.

— Você está muito bonito. — Ramiro falou, tirando-o de seus devaneios e fazendo um calor subir pelas bochechas de Kelvin, possivelmente corando-as com intensidade.

— Você também está, gostei das tranças.

— Obrigado, é uma colega de curso que faz.

— Ficaram ótimas em você. — a expressão de Ramiros tornou-se tímida antes de Kelvin prosseguir. — Vamos conversar?

— Vamos, mas não aqui.

— Já disse isso, só não podemos perder a virada.

— Nós não vamos. — o rapaz garantiu. — E eu consigo ver a preocupação estampada na sua cara, juro que não é nada demais. — completou.

Inconscientemente, Ramiro estendeu a mão, e de maneira quase impulsiva Kelvin a tomou, entrelaçando seus dedos e deixando-se ser guiado pela saída da cozinha, em direção aos fundos da casa e então pelo portão, que demarcava o fim da residência e dava acesso a uma praça local a qual, naquele dia e horário, estava completamente vazia.

O vento era fresco do lado de fora, reconfortante quando comparado ao calor de tantos corpos e luzes estroboscópicas que tomavam o local de onde haviam saído.

Juntos, os dois deram a volta pelo caminho de paralelepípedos até alcançarem uma pista de skate, acomodando-se no deck desta.

— Por que aqui? — Kelvin perguntou.

— Nós poderíamos ter ido para um quarto, mas eu não queria que você ou as pessoas achassem que eu estava levando isso para outro lado. Aqui é perto o bastante para não perdermos o horário, e ainda podemos ver as estrelas. — apontou para o céu, onde algumas dezenas delas brilhavam.

— Boa escolha, mas então... O que precisava dizer? Eu sou do tipo curioso.

— Vai parecer idiota, então só não dê risada, okay? Mas nos dias em que estava fora, Berenice comentou como você gostava do Natal, os presentes, todas estas coisas e... — ele começou a tirar algo do bolso de sua bermuda. — Comprei algo para você.

— Você é louco? Por que fez isso?

— Minha irmã costuma dizer que sou viciado em dar presentes, talvez seja verdade, mas eu apenas vi esse colar numa loja e achei que combinaria. Não é nada demais, eu juro. — ele deu nas mãos de Kelvin o pequeno embrulho. — Você pode abrir agora ou depois se quiser, não tem devolução então se não gostar também pode dar pra outra pessoa ou...

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