Enquanto esperava no aeroporto, esperando alguém do resort aparecer para me buscar, decidi ligar para a minha avó. Precisava ouvir sua voz. Ela sempre foi meu porto seguro, a pessoa que me mantinha ancorado, mesmo a milhares de quilômetros de distância.
— Alô? — A voz dela soou do outro lado da linha, calorosa e familiar, como sempre.
— Oi, vó. Acabei de pousar. Estou no aeroporto.
Ela soltou uma risada suave, aquele som que sempre conseguia me arrancar um sorriso, mesmo nas situações mais tensas.
— Chegou bem, meu querido?
— Sim, tudo certo. — Fiz uma pausa, hesitando um pouco, mas sem conseguir evitar a pergunta que sempre fazia. — E você? Está tomando os remédios?
Ela riu novamente, com aquele tom de quem já estava acostumada com minhas preocupações.
— Estou sim, querido. Não se preocupe.
Minha avó era teimosa quando se tratava de cuidar da própria saúde. Só aceitei fazer esse intercâmbio porque ela prometeu que se cuidaria melhor. Ainda assim, eu não podia deixar de me preocupar.
De repente, uma voz desconhecida me interrompeu.
— Com licença.
Virei-me e me deparei com uma garota ao meu lado, de pele clara e olhos castanhos intensos, destacados por um delineado que afinava nas pontas. Ela parecia um pouco hesitante, mas determinada.
— Vó, preciso desligar agora. Eu ligo mais tarde, tá? Tem uma... situação aqui. — Falei rapidamente, tentando não parecer grosseiro.
— Tudo bem, meu amor. Eu te ligo depois. — Ela respondeu com uma doçura que só as avós têm.
— Eu te amo, vó. Logo eu volto pra casa — disse, desligando em seguida.
Voltei minha atenção para a garota, que continuava parada ali, com uma expressão que misturava alívio e apreensão.
— Desculpa interromper, mas... você é brasileiro, né? — ela perguntou, com um sorriso tímido. — Será que você pode me ajudar? Eu estou meio perdida... Estou tentando achar o caminho para um resort em North Lake.
— Hum... Na verdade, não conheço nada aqui — confessei, tentando não parecer tão inútil. — Recebi um e-mail dizendo que alguém viria me buscar e me levar até o resort. Espero que não demore. Qual é o nome do seu resort?
Ela franziu a testa, como se estivesse tentando lembrar.
— Pinecrest Lodge? — disse, meio incerta.
Franzi o cenho, surpreso.
— Sério? Eu tô indo pra lá também!
Ela soltou um suspiro audível de alívio, como se uma parte do peso que carregava tivesse desaparecido.
— Graças a Deus! — Ela sorriu, mais relaxada. — Porque eu não recebi nenhum aviso de que alguém viria me buscar. Já estava começando a imaginar que teria que me virar sozinha.
Eu ri, sentindo a tensão do momento diminuir.
— Bom, podemos esperar juntos, então. Vai que aparece alguém e nos leva direto.
Ela assentiu, visivelmente aliviada por não estar sozinha nessa.
— Qual é o seu nome? — perguntei, tentando deixar o clima mais descontraído.
— Ana Beatriz — ela respondeu, sorrindo novamente. — Mas pode me chamar de Ana. E você?
— Alexandre Benne. Mas todo mundo me chama de Alex.
— Prazer, Alex.
E assim, conheci Ana, no meio de um aeroporto gelado, enquanto esperávamos juntos para descobrir como chegaríamos ao Pinecrest Lodge.
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O Idiota Americano - 1 (Em revisão)
RomanceO que acontece quando duas pessoas de mundos opostos se encontram em um lugar inesperado? Alexandre, um jovem brasileiro de 22 anos, vai para os EUA em um intercâmbio Work and Travel, determinado a juntar dinheiro para sua pós-graduação em cinema...