POV: Noah II

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Estávamos sentados em uma das espreguiçadeiras perto da piscina aquecida do resort. O vapor suave da água contrastava com o frio cortante do ar, criando um ambiente que deveria ser relaxante. Mas, naquele momento, eu não conseguia relaxar.

O som do meu celular vibrando na mesa ao lado me tirou daquele breve momento de calmaria. Peguei o aparelho, esperando alguma notificação irrelevante, mas assim que vi o nome na tela, senti meu estômago revirar. Hunter. O nome piscava na tela como um lembrete incômodo de algo que eu preferia deixar para trás. Minhas mãos congelaram por um instante, enquanto a mensagem permanecia ali, esperando para ser lida.

Meu rosto deve ter mudado de expressão, porque Oliver, que estava deitado ao meu lado, notou imediatamente.

— O que foi? — ele perguntou, sua voz casual, mas com aquele tom curioso que só irmãos têm quando sabem que algo não está certo.

Respirei fundo, soltando um suspiro pesado antes de responder.

— É o Hunter. — murmurei, quase relutante em falar o nome. — Ele me mandou uma mensagem.

— O quê? — Oliver se levantou um pouco, apoiando os cotovelos nos joelhos enquanto me olhava com atenção. — O que ele quer agora?

Revirei os olhos, encarando a notificação no celular por mais um segundo antes de jogar o aparelho de volta na mesa com mais força do que pretendia.

— Vai saber. Acha mesmo que depois de tudo que ele fez, eu vou querer falar com ele? — Meu tom saiu mais amargo do que o esperado, o que me surpreendeu um pouco. Por mais que eu tivesse tentado deixar o passado para trás, ainda havia uma raiva enterrada ali, uma que eu tentava não deixar aparecer.

Oliver me olhou por alguns segundos, avaliando minha reação. Ele sempre foi mais observador do que eu dava crédito.

— Eu nunca gostei muito dele, pra ser sincero. — Ele soltou, sua voz calma, mas com um toque de franqueza. — O cara era intrometido demais, achava que tinha o direito de ditar tudo na sua vida. E vamos combinar... ele nunca combinou com você.

Olhei para meu irmão, surpreso com a sinceridade. Oliver raramente falava sobre meus relacionamentos, e durante o tempo em que eu e Hunter estávamos juntos, ele sempre manteve distância desse tipo de conversa. Ver essa opinião agora, tão direta, me fez perceber o quanto ele também havia notado as coisas que eu tentava ignorar na época.

— Intrometido é pouco — murmurei, pensando em todas as vezes que Hunter tentou manipular situações, controlando o que eu fazia, com quem eu saía, e até o que eu deveria pensar. Era sufocante, mas eu só percebi o quão ruim aquilo tudo era quando já estava profundamente envolvido. Terminar com ele foi libertador, mas também doloroso, especialmente por conta da minha mãe, que adorava Hunter.

Também do jeito que ele puxava o saco dos meus pais.

— E agora ele acha que pode simplesmente aparecer, depois de 6 meses e dizer 'oi'? — continuei, sentindo a raiva borbulhar de novo. — Como se nada tivesse acontecido?

Oliver balançou a cabeça, a expressão fechada, e se jogou de volta na espreguiçadeira, os olhos perdidos no céu.

— Esquece esse cara, Noah. — Ele disse, quase com desdém. — Ele não merece nem um segundo do seu tempo.

Fiquei em silêncio por um momento, olhando para o celular. Hunter fazia parte de um capítulo da minha vida que eu tentava enterrar, mas sempre que ele reaparecia, era como se puxasse uma ferida mal curada. Eu sabia que Oliver estava certo. Hunter não merecia minha atenção, muito menos uma segunda chance de bagunçar minha vida.

— Tem razão. — Concordei, empurrando o celular para longe, como se pudesse afastar mais do que apenas a mensagem.

A verdade é que Hunter ainda mexia comigo, mas de um jeito ruim. E enquanto eu encarava o céu, com Oliver ao meu lado, a sensação de liberdade que o fim daquele relacionamento me trouxe começou a voltar. Eu não precisava mais de pessoas como ele na minha vida. E se havia algo que eu aprendera depois de tudo, era que eu merecia mais. Algo que me fizesse bem de verdade. E talvez, só talvez, eu estivesse começando a descobrir o que era isso.

Gosto da ideia de estar solteiro, assim tenho muitas possibilidades.

Oliver, percebendo que eu estava mais tranquilo, se ajeitou na espreguiçadeira, cruzando os braços atrás da cabeça.

— E aí, o que a gente faz agora? — ele perguntou, sua voz leve, voltando ao tom casual de sempre, me ajudando a mudar de foco.

Eu dei de ombros, sentindo o peso das últimas horas finalmente se dissipar.

— Acho que podemos só ficar aqui... sem mensagens do passado pra nos atrapalhar.

Oliver riu, aquele riso despreocupado que sempre conseguia me arrancar um sorriso.

Depois de tudo que passei naquela empresa esse ano, eu me permiti relaxar, enquanto estivesse no resort. Iria esquiar, beber e me divertir.

O Idiota Americano - 1 (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora