No meio do baile, o som tá estralando daquele jeito, e eu tô só no brilho, desfilando na pista como se fosse meu território. As mina tudo dando ideia, e eu na malemolência, pegando uma aqui, outra ali. Papo reto, eu tô me sentindo o rei da quebrada.Aí, dou um breque e vejo a Júlia me olhando, daquele jeito que só ela sabe, meio de canto. Tá na cara que não curtiu, mas ela tenta segurar o ciúme. Sei que é minha irmã mais nova, mas às vezes parece que sou eu o caçula, de tanto que ela cuida de mim.
Júlia: "Tá na pista, né, Paivinha? Metendo uma de pegador agora?"
Davi: "Ah, que foi, Ju? Só tô vivendo, parça. Relaxa, deixa eu brilhar."
Ela revira os olhos e cruza os braços, mas no fundo eu vejo que ela tá mordida. Ela finge que tá suave, mas cada vez que eu dou papo numa mina, dá pra ver o sangue ferver. Aí é que eu dou risada mesmo, porque sei que o ciúme é puro cuidado.
Davi: "Qual é, Juliazinha? Para com isso! Tu sabe que sou só diversão, pô!"
Júlia dá aquele sorrisinho de quem tá de saco cheio, mas ela não engana ninguém. No fundo, sabe que eu tô zoando, mas irmão é assim, né? Sempre tem aquele ciúme, aquela preocupação. A noite segue, e a gente vai se divertindo, mas dá pra sentir que ela tá na pilha. Só que, cê sabe, no baile tudo vira história.
04:23
Depois de tanto baile, nós chega em casa já era 4:23 da manhã. A quebrada tá um silêncio só, só os vira-lata revirando lixo e uns gato miando no beco. Eu e a Júlia entra pelo portão meio na surdina, pisando devagar pra não acordar a véia.
Davi: "Caraca, Ju, olha a hora. Hoje a gente passou do ponto."
Júlia: "Mano, vai falar baixo, senão a coroa acorda e tá ferrado. E eu não vou te defender dessa vez, não."
Eu dou risada, tropeçando nas escadas enquanto tento tirar o tênis sem fazer barulho. A Júlia tá com aquele jeitão dela, segurando o riso porque sabe que tamo no limite.
Davi: "Tá de boa, Ju. Só nós dois acordados na quebrada, olha que paz."
Júlia: "Paz? Tô mais preocupada com o sermão que a gente vai levar amanhã. Mas foi da hora, né? Precisava disso."
A gente vai entrando no quarto, jogando as coisas de qualquer jeito, sem nem ligar. Hoje o rolê foi foda e, apesar de tudo, tamo ali juntos, firmes como sempre. Deito na cama com a cabeça cheia de ideia, mas com aquele alívio de ter minha parceira do lado.
Davi: "Valeu, Ju. Cê é foda, na moral."
Ela só balança a cabeça, me jogando um travesseiro e se jogando na cama dela. E assim, a gente apaga, esperando o sol nascer de novo na quebrada, porque amanhã... amanhã é outro dia.
12:46
Era 12:46, sol rachando lá fora, e eu tava desmaiado no colchão, com a cabeça toda zoada do rolê de ontem. De repente, sinto uma água gelada batendo na cara, como se o mundo tivesse desabando em cima de mim. Levanto num pulo, puto da vida.
Davi: "Que porra é essa, mano?!"
Quando abro o olho, dou de cara com a Dona Vera, minha mãe, segurando um balde vazio com a cara fechada.
Dona Vera: "Vocês acham que isso aqui é hotel, seus folgados? Chegam quase de manhã e ficam largados até essa hora!"
A Júlia levanta toda ensopada, esfregando os olhos, ainda tentando entender o que tá acontecendo, meio rindo sem acreditar.
Júlia: "Nossa, mãe, precisava disso? Acordei na base do susto!"
Dona Vera: "Eu mereço isso? Parece que tô criando dois moleques preguiçosos! Levanta logo, que aqui não é pousada, não."
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É os Bigode da Firma.
Adventure"É os Bigode da Firma" é minha história, onde eu, Davi, vivo na quebrada. Me meto em amor e traição, e quando rola um lance com a Isadora, mulher do dono do morro, a parada fica tensa por uns motivos ai. A vida vira um caos, e no meio do funk e das...