Cheguei em casa, mano, aos prantos, tipo assim... a cena não saía da minha cabeça, tá ligado? Ver a Júlia sendo levada daquele jeito, e eu sem conseguir fazer nada. A dor era tanta que eu mal conseguia respirar. Quando entrei, a mãe tava na sala, assistindo TV. Só que, na hora que ela viu meu estado, já sabia que tinha acontecido alguma coisa.
Eu só conseguia repetir:
Davi: "Levaram ela... Mãe, levaram a Júlia!"E aí, foi como se o mundo da coroa desabasse também. Ela começou a chorar, se desesperar. Me abraçou com tanta força que parecia que queria me proteger de novo, como quando eu era moleque. Mas, mano, não tinha proteção naquele momento. A dor tava lá, pesada.
Mãe: "Davi, como assim? Quem fez isso? A minha menina... MEU DEUS!"
Só que, conforme as horas foram passando, a mãe não aguentou. De tanto chorar, ela pegou uma dor de cabeça forte e acabou caindo no sono. Ficou desmaiada no sofá, enquanto eu, o Vitor e o Pedro tentávamos bolar alguma coisa. Não dava pra deixar isso assim, tio, a Júlia não ia ficar nas mãos daquele desgraçado. A madrugada foi longa, e eu não parava de chorar. Não tinha como segurar.
Eu repetia pra mim mesmo:
Davi: "Cê jura, Luiggi, que vai sair ileso dessa? Nunca, mano, nunca."Vitor tentava me acalmar, mas eu não conseguia. Toda vez que eu fechava o olho, a imagem da Júlia sendo levada de carro, indefesa, invadia minha mente.
Vitor: "A gente vai achar ela, Davi. Fica firme, mano, a gente vai resolver isso."
Davi: "Como, mano? Eu nem sei por onde começar! Mas eu juro, eu vou achar esse desgraçado. Vou botar ele no chão, isso não vai ficar assim."
As horas passavam devagar, e a gente ali, tentando traçar um plano, mas minha cabeça tava uma bagunça. Só sabia que eu ia atrás dela, não importa onde estivesse. A Júlia é tudo pra mim, não ia deixar ela na mão daquele otário. E agora, na madrugada, o relógio parecia que nem queria andar.
01:39
Eu não aguentava, mano. O choro vinha forte, sabe? Aquelas lágrimas que tu nem controla mais, só deixa sair. Eu não conseguia parar de pensar na Júlia, em tudo que a gente passou junto. Ali, no chão da sala, eu me debulhava. O peito apertava tanto que eu mal conseguia falar, mas ao mesmo tempo as palavras vinham, como se eu precisasse gritar o que sentia.
Davi: "Mano, eu amo aquela guria. De verdade, tá ligado? Mesmo ela sendo chatinha, pirralha às vezes, eu não vivo sem ela... Não dá, véi, não dá."
Eu dei uma risadinha, mas era mais de nervoso, tá ligado? A dor tava ali, mas lembrar das nossas tretas, das brincadeiras, dava um alívio no meio daquele caos.
Davi: "Ela é minha irmã, mano, minha vida! Eu juro, se eu perder ela... não vai sobrar nada de mim."
Vitor tava ali do meu lado, tentando pensar numa solução no meio daquele desespero. Aí ele mandou:
Vitor: "Ô, Davi, ela levou o celular hoje?"
Eu nem tinha pensado nisso. Na hora, olhei pra ele, meio sem entender, mas depois caiu a ficha.
Davi: "Levou sim, mano. Ela sempre anda com aquela porcaria."
Vitor deu um sorriso, como se tivesse achado a saída:
Vitor: "Então bora, mano! Bora rastrear o celular dela. É nossa chance de achar a Júlia antes que seja tarde."
Naquele momento, senti um alívio misturado com adrenalina. Ainda tava chorando, mas agora com uma fagulha de esperança.
A gente foi direto pra casa do Vitor, o desespero estampado na minha cara. Chegando lá, ele correu pro computador, nem precisou falar nada. Eu fiquei parado, de pé, olhando pra tela como se aquilo fosse a única chance de trazer a Júlia de volta. Meu peito tava pesado, e do nada, sem conseguir segurar, eu caí no chão.
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É os Bigode da Firma.
Pertualangan"É os Bigode da Firma" é minha história, onde eu, Davi, vivo na quebrada. Me meto em amor e traição, e quando rola um lance com a Isadora, mulher do dono do morro, a parada fica tensa por uns motivos ai. A vida vira um caos, e no meio do funk e das...