Acordei no susto, ainda com o corpo mole e os olhos pesados, tentando entender que raio tava acontecendo. Júlia tava em pé, do lado da cama, me olhando com aquele olhar de quem já sabia de tudo, mas tinha paciência pra esperar que eu acordasse de verdade.
Júlia: "A mãe já foi pro hospital. Ela tá com a cabeça cheia, mas nada grave."
Eu pisquei algumas vezes, tentando processar as palavras dela, ainda meio perdido no sono. Então, depois de um tempo, eu me estiquei, me espreguicei, e fui dar aquele beijinho na testa dela.
Davi: "Bom dia, tampinha."
Ela sorriu e me respondeu com aquele jeito dela, todo cheio de energia, como se não tivesse passado a noite pensando em um monte de coisas.
Júlia: "Bom dia, Davizera!"
Eu ri baixinho com o jeitinho que ela sempre dizia isso. E antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, ela já se jogou em cima de mim, me dando aquele abraço apertado e um beijo na bochecha. Eu, ainda meio grogue, retribuí o abraço e falei, brincando.
Davi: "Mal acordei e já tá se grudando em mim. Assim vai ser difícil levantar."
Ela deu uma risadinha gostosa e ficou ali, me apertando um pouco mais, como se estivesse me protegendo de tudo, como se, no fundo, ela soubesse que eu também tava cheio de coisa na cabeça.
Júlia: "Cê que lute, porque eu já tô grudada!"
Fiquei quieto, apreciando o momento. Aquele carinho simples, aquela troca de energias logo cedo. Era o tipo de coisa que me fazia esquecer de todo o resto. Eu e a Júlia, mesmo com todos os nossos problemas e as tretas de família, sempre tínhamos esses momentos que eram como um refúgio.
Aí, depois de um tempo, ela se afastou um pouco e ficou me olhando com aquele sorriso maroto. Não precisava de muito pra eu saber o que ela tava pensando.
Júlia: "Então, e aí? Vai lá fazer o café ou vai deixar a gente morrer de fome?"
Eu dei uma risada e me levantei, indo em direção à cozinha, meio que no piloto automático, mas com a cabeça já começando a clarear. A vida, às vezes, parece mais fácil com a Júlia por perto, mesmo quando tudo parece complicado.
Davi: "Vou lá, só porque você pediu, tá? Mas se reclamar, não faço mais não."
Ela se sentou na mesa, ainda com aquele sorriso de quem sabe que vai ganhar. Quando a Júlia quer, ela consegue até fazer o impossível.
Eu preparei o café meio sem pressa, mas pensando em tudo que rolou nos últimos dias. A Júlia tava ali, no canto da cozinha, me observando como se soubesse que minha cabeça tava cheia, mas sem forçar conversa. Ela sempre teve essa sensibilidade de saber quando eu precisava de espaço, mas também sabia quando ia me fazer dar risada.
Eu coloquei o café na mesa e me sentei ao lado dela. Ela pegou a xícara e, antes de beber, deu uma olhada em mim, mais séria dessa vez.
Júlia: "E aí, Davi... tá tudo bem?"
Eu respirei fundo e peguei minha xícara. Olhei pra ela, como se tivesse tentando encontrar uma resposta que fizesse sentido.
Davi: "Tá... mais ou menos, né? Tô tentando não deixar essas paradas da nossa vida pesar demais, mas... tá foda."
Ela não disse nada, só ficou me olhando, entendendo o que eu queria dizer sem precisar de muito. Júlia sempre foi assim, sabia exatamente o que eu tava pensando, mesmo quando eu não falava nada.
Júlia: "Se você quiser, a gente vai junto hoje no hospital, tá? Não precisa passar por isso sozinho."
Eu ri, tentando aliviar a tensão, mas não consegui esconder a apreensão que ainda tava no meu peito.
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É os Bigode da Firma.
Adventure"É os Bigode da Firma" é minha história, onde eu, Davi, vivo na quebrada. Me meto em amor e traição, e quando rola um lance com a Isadora, mulher do dono do morro, a parada fica tensa por uns motivos ai. A vida vira um caos, e no meio do funk e das...