capítulo 6

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O sol já começava a se mostrar tímido entre as nuvens escuras, iluminando a penumbra da sala onde Sunna ainda lutava contra o sono

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O sol já começava a se mostrar tímido entre as nuvens escuras, iluminando a penumbra da sala onde Sunna ainda lutava contra o sono. Eram quase dez horas da manhã e a chuva, teimosa, não dava sinais de trégua. A cada trovão que ressoava no céu, Sunna se encolhia mais no sofá, buscando conforto em um cobertor felpudo.

De repente, batidas suaves na porta a tiraram de seu torpor. Com o coração batendo forte no peito, ela se levantou, quase tropeçando nos próprios pés. A visão da porta, com o porteiro, um senhor de cabelos grisalhos e sorriso acolhedor, segurando uma cesta de vime, a fez hesitar.

Cautelosa, ela abriu um pouco a porta, e o porteiro, com um gesto gentil, ergueu a cesta para que Sunna pudesse visualizar o seu conteúdo. Era uma cesta de vime enfeitada com uma fita de cetim azul céu, que abrigava um banquete para a alma.

Pães frescos, frutas coloridas, sucos, um bolo de chocolate e um pote cheio de mel derramavam um aroma tentador pela sala. E, para completar, a cesta continha uma seleção de caixas de remédios, com indicações para diferentes males: dor de cabeça, febre, dores no estômago, vitaminas.

Um misto de surpresa e confusão tomou conta de Sunna. Ela não conseguia entender quem poderia ter encomendado aquele presente tão atencioso. Naquele momento, a sensação de solidão que a oprimia começou a se esvair, dando lugar a um sentimento de esperança. Alguém se importava, alguém se preocupava com ela.

Sunna pegou o cartão com cuidado, como se ele pudesse revelar mais do que simples palavras escritas à mão. "Cuide-se. Ps: Satoru Gojo." O nome fazia sua mente viajar em um turbilhão de pensamentos e emoções conflitantes.

Satoru Gojo, seu chefe, era uma figura complexa e enigmática. Como CEO e líder do renomado clã Gojo, ele carregava uma aura de poder e mistério que intrigava a todos. Sunna se lembrou das imagens na manhã de ontem, onde ele estava com uma mulher desconhecida, em uma situação íntima. A lembrança lhe causou um desconforto imediato, uma mistura de inveja e frustração que ela não conseguia explicar completamente.

Mas junto com essas imagens, retornaram as memórias das gentilezas de Gojo. Ele sempre a tratou com respeito e, por vezes, com uma atenção incomum. Mais do que uma simples relação de chefe e subordinada, havia entre eles uma conexão tácita que ela nunca conseguiu decifrar completamente.

Agora, ao estar doente e ter decidido não ir ao trabalho, ela se surpreendeu ao receber aquela inesperada manifestação de cuidado. A cesta de café da manhã, recheada com iguarias e remédios, era um gesto que transcendia a obrigação profissional. Ele parecia genuinamente preocupado com seu bem-estar, independente do diagnóstico.

Sunna sentiu uma onda de calor tomar seu coração. Ela não sabia ao certo o que pensar sobre Gojo e seus gestos paradoxais, mas uma coisa era certa: por trás do título de CEO e da máscara de líder do clã, havia um homem que se importava. Com esse pensamento, ela se permitiu relaxar um pouco, deixando que o gesto de gentileza suavizasse sua alma naquela manhã chuvosa.

Sunna respirou fundo, procurando forças para digitar a mensagem. "Obrigada", escreveu, enviando para o número que sabia ser o celular pessoal de Gojo. Era um ato de coragem que ela sequer imaginava ter.

A sensação de um relacionamento recém-terminado, com a dor da rejeição pairando sobre sua alma, a deixava frágil e insegura. Era como se estivesse no fundo de um abismo, com a autoestima fragmentada e a sensação de insuficiência a sufocando.

Mas aquele gesto de Gojo, tão inesperado e genuíno, a havia feito se sentir um pouco melhor. Agradecer era a única coisa que conseguia formular naquele momento. Era um reconhecimento do cuidado, mesmo que ele se sentisse distante, misterioso.

A mensagem enviada, Sunna se permitiu sentir o calor da gratidão se espalhando por seu peito. Era uma pequena chama, mas a sensação de acolhimento naquele momento sombrio era algo que ela não poderia negar.

Ela imaginou Gojo lendo a mensagem, imaginou sua reação. Um sorriso? Uma expressão vazia? Ele responderia? Ela não esperava nada, mas a esperança de uma pequena reciprocidade esquentou ainda mais seu coração.

Sunna decidiu se concentrar naquele conforto momentâneo, na gratidão que a envolvia, esperando que a força daquela pequena chama pudesse lhe dar força para atravessar a escuridão. Talvez, no fundo, ela já soubesse que não conseguiria apagar completamente a chama peculiar que Gojo acendeu em seu coração.

O coração de Sunna disparou ao ler a mensagem de Gojo. "Apenas se cuide", as palavras simples, mas carregadas de um significado profundo, a fizeram sorrir por entre as lágrimas.

Seus dedos tremiam ao desfazer o laço da cesta que ele havia enviado. Lá dentro, além de alguns doces e um livro de poemas, estava uma rosa vermelha feita de cetim. As pétalas, impecavelmente costuradas, brilhavam sob a luz fraca da sala, adornadas com glitter e um botão de pérola que parecia realçar a beleza artificial da flor.

Ela a pegou com cuidado, sentindo a textura macia e o perfume suave que lembrava um jardim florido. Era um presente singelo, mas que ecoava o cuidado e a gentileza que Gojo havia demonstrado.  Ela sentiu um aperto no peito, uma mistura de saudade e gratidão que a enchia de uma estranha esperança.

A rosa vermelha seria um lembrete do carinho que ele carregava por ela. A beleza artificial da flor se tornava um símbolo quase mágico, uma representação da fragilidade e da força que ela carregava dentro de si.

Sunna respirou fundo, o aroma doce da rosa a envolvendo como um abraço.  "Apenas se cuide", a mensagem de Gojo ecoava em sua mente,  uma promessa silenciosa de que ela não estava sozinha, mesmo que a distância os separasse.  Naquele momento, a pequena rosa vermelha se tornava um farol de luz, guiando-a  através da dor e da incerteza, lembrando-a de que a vida, como a própria flor, era frágil, bela e capaz de resistir.

— Vou…me cuidar — ela ronronou fechando os olhos, esboçando um sorriso tímido e delicado. — Obrigada…Satoru.

Resilienza - Satoru Gojo Onde histórias criam vida. Descubra agora