capítulo 22

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A atmosfera era eletricamente carregada à medida que o espírito amaldiçoado avançava em direção a Shoko e Sunna

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A atmosfera era eletricamente carregada à medida que o espírito amaldiçoado avançava em direção a Shoko e Sunna. A luz tênue que iluminava a cafeteria parecia tremeluzir, refletindo o caos que se aproximava. Shoko, encarando a criatura, sentia a adrenalina pulsar em suas veias. As garras da entidade cravavam-se na madeira enquanto ela se movia, arrastando-se como uma sombra horrenda, pronta para devorar qualquer traço de vida.

— Sunna, fique atrás de mim! — gritou Shoko, sua voz firme, mas nervosa. Ela se posicionou entre a amiga e o monstro deformado, canalizando a energia ao seu redor, formando um campo de proteção. A sala se encheu com a vibração de um poder ancestral, a luz cintilava ao redor de Shoko, contrastando com a escuridão que emanava do espírito.

Quando a criatura se lançou na direção de Shoko, ela se esquivou com agilidade e contra-atacou, invocando uma onda de energia luminosa que atravessou o ar. A luz colidiu com a forma grotesca, fazendo-a hesitar, emitindo um grunhido gutural que reverberou nas paredes. Mas o espírito era tenaz; com um movimento rápido, ele se lançou novamente, tentando agarrar Shoko com suas garras podres.

Shoko se moveu como um relâmpago, executar um giro imponente e disparando feixes de luz cortante, que cortavam o ar em direção ao espírito. Entretanto, aquele ser era mais astuto do que parecia. Em um movimento rápido, ele desviou e, em vez de atacar diretamente Shoko, mirou em Sunna, que permanecia paralisada de medo.

Sunna, apenas uma humana comum, sentiu o tempo desacelerar. O olhar do espírito se voltou para ela, e ela perdeu a capacidade de se mover. Shoko, percebendo o movimento, virou-se rapidamente, mas não era rápido o suficiente. As garras do espírito a atingiram, rasgando a carne de Sunna em um movimento sádico.

— Não! — Shoko gritou, o desespero se infiltrando em seu coração. Ela se lançou à frente, o instinto de proteger sua amiga superando qualquer pensamento lógico. O espírito se afastou momentaneamente, parecendo satisfeito com a ferida que infligira.

Sunna caiu de joelhos, a dor irrompeu como fogo em sua carne. A blusa branca se tornava vermelha, e os olhos de Shoko se alargaram em horror ao ver sua amiga ferida. A criatura começou a rir, uma risada profunda e distorcida que ecoava nas paredes, alimentando o desespero que se instalava.

— Sunna, fica comigo! — Shoko disse, correndo para ficar ao lado dela. O poder pulsante dentro dela aumentou, mas o espírito amaldiçoado já se preparava para um novo ataque. As energias de Shoko estavam se esgotando, cada feixe que lançava exigia um preço, e agora, com a dor de Sunna arrastando-a para o fundo da tristeza e da raiva, a batalha se tornava ainda mais difícil.

Shoko se recusou a deixar o espírito vencer. Com um grito primal, ela canalizou todas as forças que lhe restavam, invocando um feixe de luz mais potente e concentrado. A luz explodiu da palma de sua mão, iluminando a sala. O espírito amaldiçoado hesitou pela primeira vez, a sua forma torcida contorcia-se sob a intensidade do ataque.

Mas nesse momento crucial, o espírito, em um ato de desespero, girou-se de forma abrupta e lançou-se novamente sobre Sunna. Com uma agilidade aterradora, ele ergueu suas garras, como se quisesse silenciar a esperança e o amor que ainda pulsava no coração da humana.

Shoko viu tudo em câmera lenta. O desespero e a raiva a invadiram, mas já era tarde. Um grito rasgou os lábios de Sunna enquanto o impacto ocorria. O mundo ao redor delas se desvanecia, as cores perdendo a saturação, a dor e a tragédia se tornaram uma mistura indissociável de sombras.

— SUNNA! — Shoko gritou enquanto o impacto ecoava em seu peito. O espírito riu, aumentando a intensidade do seu ser, ao mesmo tempo em que a luz ao redor de Shoko começava a extinguir-se. A batalha estava longe de acabar, e o desespero apenas começava.

A atmosfera da reunião, antes carregada de formalidades e tensões políticas, se tornou estranhamente densa. As palavras dos anciãos, antes incisivas e fortes, pareciam agora ecoar em um vazio, um murmúrio distante que não conseguia penetrar na mente de Gojo. A sensação de uma agulha afiada atravessando seu peito o dominou, uma dor intensa e repentina que o arrancou de seus pensamentos.

— Sunna... — O nome dela escapuliu de seus lábios, um sussurro carregado de angústia. Sua visão, antes focada na mesa de mogno e nas faces impassivas dos líderes dos clãs, agora se apagava. Alguma força invisível puxava-o para longe, uma sensação de desespero absoluto e medo.

Gojo era um ser imune à maioria das emoções. Uma entidade superior acima de outras, imbuído de poderes extraordinários, mas nesse momento sentia uma angústia que o corroía por dentro. Como se um fio invisível, forte e inquebrável, o ligasse ao destino de Sunna, e esse fio estivesse sendo puxado com força, rasgando seu coração.

Ele sabia que Sunna estava em perigo. Não era necessário ver para sentir, não precisava de informações. Sua intuição, seu sexto sentido, sua conexão inquebrável com ela, gritavam em seu interior a verdade: Sunna estava em perigo mortal.

— Lord Gojo? — A voz de um dos anciãos soou como um eco distante, desfocado. Gojo sentiu um aperto no pulso, uma mão tentando chamar sua atenção. A dor no peito se intensificou, as imagens se tornando fragmentadas, como um caleidoscópio girando em alta velocidade. 

Ele tentou se concentrar, mas a agonia era insuportável. Um pensamento, rápido e preciso, cruzou sua mente: Sunna estava em perigo, e só ele poderia salvá-la. As palavras dos anciãos, a pressão dos membros dos clãs, a própria reunião se tornaram irrelevantes. Eles estavam diante de um ato impensável, um sacrilégio, uma quebra dos protocolos.

Gojo se retirou de sua cadeira, sua aura pulsante com uma intensidade que fez os presentes se encolherem. O fio invisível se esticou, gritando em seu interior. Ele não tinha escolha. A reunião, as responsabilidades, o mundo que o cercava se desvaneceram. Havia apenas Sunna, em perigo, e a missão inabalável de salvá-la.

— Meus deveres esperam — disse Gojo, sua voz firme, carregada de autoridade inquestionável. A atmosfera no local se tornou eletrizante. Satoru Gojo, o mago mais poderoso do mundo, o escudo que protegia a humanidade, havia deixado uma reunião crucial para atender um chamado, um grito silencioso que ecoava em sua alma. Todos perceberam que algo grandioso, algo impensável, estava prestes a acontecer.

Gojo sentiu o fio puxar, guiando-o, mostrando-lhe o caminho. Ele atravessou a sala como um furacão, deixando para trás o murmúrio incrédulo. As paredes, os quadros, as mesas imponentes, tudo o que era importante até aquele momento se tornava trivial ante a força irresistível que o movia.

Ele sabia que Sunna o precisava. E ele, afinal, não conseguia negá-la.

Resilienza - Satoru Gojo Onde histórias criam vida. Descubra agora