❁ Capítulo 9 ❁

24 4 15
                                    


A atmosfera aqueceu. O sol voltou a brilhar, cintilante. O vento forte espantava os últimos resquícios de frio e neve que salpicavam a terra. Era o início da primavera.

Jack voava acima das nuvens com o impulso de Gale, lamentando a partida das correntes de ar mais gélidas que tanto gostava. Porém, era obrigado a admitir, o retorno do verde vivo, a energia alegre e o adorável crescimento de novos animais e plantas eram sensações que apenas a primavera poderia proporcionar.

O guardião estava com um sorriso no rosto, ia ao encontro de Elsa em um local que — nas palavras da própria — ele adoraria conhecer, distante da Floresta dos Espíritos. Ao avistar, abaixo de si, copas de árvores e sentindo o empurrão de Gale diminuindo, imaginou que havia chegado ao seu destino. Jack mergulhou no ar, deixou seu corpo despencar livremente através das nuvens e da pressão da atmosfera, e recuperou o impulso do voo ao se ver próximo ao chão. Seus pés nus pousaram com calma na grama verde.

Ele ergueu os olhos e deparou-se com árvores altas cujas folhas tinham discreto acúmulo da neve de inverno que restava. O som de água escorrendo fez Jack virar o rosto para a esquerda e se deparar com uma pequena cachoeira de três quedas, que desaguava um rio.

— Jack?

O guardião olhou para trás. Elsa sorria para ele enquanto se aproximava lentamente. Os tons coloridos da primavera criavam contraste com o brilho alvo do inverno que emanava da platinada, deixando-a mais bela e apaixonante.

— E-E aí? Que lugar é esse? — perguntou e respirou fundo, precisava ignorar o calor que subia dentro de seu moletom azul-marinho.

— É um pequeno bosque — explicou Elsa. — Venha, vamos ficar perto da água!

Elsa segurou a mão de Jack e o puxou consigo para a costa do rio. A surpresa alinhada ao toque gelado da outra ruborizou as bochechas do guardião.

Ela o fez se sentar, ao seu lado, na beira do rio e mergulhou seus pés dentro da água. Jack fez a mesma coisa e deu um suspiro relaxado com a correnteza gélida fazendo cócegas em seus calcanhares.

— Isso é muito bom! — disse ele.

— Sim! Quando está muito quente, eu venho aqui pra me refrescar.

— A primavera é boa, mas não dá pra viver sem o frio!

Finalmente alguém me entende! — Elsa riu.

O sorriso, a risada, as bochechas tufadas. Por que, de repente, ele queria prestar atenção em cada detalhe de Elsa?

Eram detalhes que ele reparara em outros momentos, mas agora pareciam chamar por ele fortemente.

— Mas... e aí, o que você fez esses dias? Já faz um tempo desde que a gente se viu... — perguntou ele.

— Ah, nada de diferente do que eu te falei — ela deu de ombros. — Com a transição das estações, não deu mais pra ficar de bobeira, tive que viajar com Nokk e os outros espíritos para conduzir a primavera.

— E foi difícil?

— Não, só damos o primeiro impulso pras mudanças começarem, o resto a natureza faz sozinha.

— Tomara que não te mandem embora de novo!

— Own, ficou com saudade?

As palavras engasgaram na glote de Jack, emudecendo-o. A expressão curiosa de Elsa não ajudava seu cérebro a inventar uma desculpa.

— A-Ah, é que-, quero dizer, você não tem noção de como é torturante aguentar a discussão do Coelhão com o Norte! — disse ele com um riso amarelo — É só acabar o natal que eles já ficam se degladiando sobre quem é o mais ocupado.

In the Moondust - Jack x ElsaOnde histórias criam vida. Descubra agora