𝑶 𝒆𝒏𝒄𝒐𝒏𝒕𝒓𝒐 (3)

6 7 0
                                    

  A brisa fresca da tarde envolvia Helena enquanto ela caminhava em direção à casa de Gabriel. As ruas de Eldridge pareciam mais vazias do que ela se lembrava, o clima de luto ainda pairando sobre a cidade. A cada passo, a mistura de nostalgia e ansiedade a consumia. O que diria a Gabriel? Como ele reagiria ao saber sobre o que ela descobrira?

Quando chegou à casa dele, sentiu um aperto no coração. A residência, um velho casarão de madeira, era conhecida por seus jardins floridos. Hoje, porém, as flores estavam murchas, como se a cidade inteira estivesse em luto. Helena subiu os degraus da varanda e bateu à porta.

Após alguns momentos, Gabriel abriu a porta, seu semblante sereno rapidamente se transformando em surpresa ao vê-la. “Helena! Que bom te ver,” disse ele, um sorriso genuíno iluminando seu rosto. “Você está bem?”

“Estou,” ela respondeu, tentando ocultar a inquietação. “Mas precisamos conversar. Há coisas que você precisa saber.”

Gabriel a conduziu até a sala de estar, onde um sofá confortável e uma mesa de café repleta de livros e revistas a aguardava. O lugar estava decorado com itens que refletiam sua personalidade, mas havia uma tensão no ar que não passou despercebida. Helena se sentou, e Gabriel fez o mesmo, cruzando os braços.

“Então, o que está acontecendo?” ele perguntou, a preocupação evidente em seus olhos.

Helena respirou fundo e começou a contar sobre a descoberta do diário da avó, suas anotações sobre os rituais antigos e a ligação da família com a cidade. Enquanto falava, o olhar de Gabriel se tornava cada vez mais sério. “Eu sempre soube que Eldridge tinha seus segredos, mas isso… isso é muito mais do que eu esperava,” disse ele, massageando a têmpora.

“E eu vi uma sombra na casa,” continuou Helena, seu coração acelerando. “Eu não sei se era só minha imaginação, mas parece que algo está nos observando.”

Gabriel franziu a testa, pensativo. “Você realmente acredita que há algo sobrenatural envolvido?”

“Eu não sei,” Helena respondeu, sua voz tremendo. “Mas a história da cidade está interligada com a nossa. Precisamos investigar isso juntos.”

Ele hesitou, mas então assentiu. “Certo. Vamos descobrir o que está acontecendo. Não podemos deixar que isso se torne um mistério sem solução.”

Os dois decidiram começar a pesquisa no velho arquivo da biblioteca municipal, onde registros antigos de Eldridge estavam guardados. Enquanto caminhavam até lá, a conversa fluía de maneira mais leve, e Helena sentiu a familiaridade entre eles ressurgir. A tensão do início da conversa começava a se dissipar.

Ao chegarem à biblioteca, o lugar estava quase deserto. As estantes altas, repletas de livros empoeirados, pareciam contar histórias esquecidas. Helena se sentiu em casa, cercada pelo cheiro de papel velho e pela calma que o ambiente proporcionava.

Enquanto exploravam os arquivos, começaram a descobrir registros de rituais antigos, festivais e eventos trágicos que ocorreram ao longo dos anos. O clima de mistério e o peso da história envolviam cada canto da biblioteca.

“Olha isso,” disse Gabriel, apontando para uma página amarelada. “Aqui fala sobre um ritual de proteção realizado pela fundadora da cidade. Parece que ele foi interrompido antes de ser concluído.”

“E isso pode ter consequências,” completou Helena, a mente fervilhando com as implicações. “Talvez o que está acontecendo agora esteja ligado a isso.”

Enquanto continuavam a vasculhar os documentos, um barulho repentino interrompeu seu foco. Uma estante caiu ao chão em um canto da biblioteca, fazendo os dois pularem. “O que foi isso?” Helena exclamou, o medo voltando a tomar conta.

“Vamos ver,” Gabriel disse, seu tom resoluto. Eles se aproximaram cautelosamente do local onde a estante havia caído, os corações acelerando. Quando chegaram, encontraram um livro aberto no chão, com uma capa de couro desgastada. Helena se agachou para pegá-lo.

O título, em letras douradas, dizia “Os Segredos de Eldridge”. Enquanto folheava as páginas, algo chamou sua atenção: um desenho de um amuleto idêntico ao que ela havia encontrado na casa da avó. “Gabriel, olha isso!” ela disse, o coração acelerando.

“Pode ser uma pista,” ele respondeu, olhando para o desenho. “Precisamos descobrir o que isso significa. Isso pode nos levar a respostas.”

Determinados, Helena e Gabriel sabiam que estavam em uma jornada muito maior do que esperavam. As sombras do passado estavam começando a se manifestar, e eles precisavam estar prontos para enfrentar o que estava por vir. A conexão entre eles se tornava mais forte à medida que avançavam, mas o peso dos segredos da cidade ameaçava tudo o que haviam conhecido.

Sombras Do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora