𝑨 𝑪𝒉𝒆𝒈𝒂𝒅𝒂 𝒅𝒂 𝑻𝒆𝒎𝒑𝒆𝒔𝒕𝒂𝒅𝒆 (42)

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O trovão que ecoou após o ritual parecia anunciar uma nova ameaça, e o coração de Helena bateu mais rápido. A esfera flutuava calmamente sobre a pedra sagrada, agora emanando uma luz estável, mas algo no ar havia mudado. Ela olhou para o céu, onde as nuvens continuavam a girar de maneira sinistra, como se a própria natureza estivesse esperando pelo próximo movimento.

— O que foi isso? — perguntou Gabriel, sua mão ainda segurando a espada, como se esperasse por uma batalha iminente.

Elian, que havia conduzido o ritual, estava ao lado da pedra, olhando para a esfera com olhos arregalados.

— O pacto foi restaurado — disse ele com uma voz frágil, porém firme. — Mas o equilíbrio é apenas uma parte. Agora, a verdadeira prova começa.

Helena sentiu um arrepio percorrer sua espinha. "A verdadeira prova?" Não parecia que as dificuldades haviam acabado. Pelo contrário, algo maior estava por vir. Ela se aproximou de Elian, buscando respostas.

— O que você quer dizer? — perguntou ela, tentando manter a calma apesar do medo que sentia crescendo dentro de si. — Nós restauramos o pacto. Não era isso que precisávamos fazer?

Elian olhou para Helena, seu rosto envelhecido marcado por uma expressão de preocupação.

— O pacto foi feito para manter o equilíbrio entre a luz e a sombra. Mas ao longo dos anos, forças além de nosso controle começaram a interferir. O ritual era apenas o começo. Agora que o equilíbrio foi restaurado, as forças opostas podem tentar destruir tudo o que conseguimos até agora.

— Então o perigo ainda não acabou — disse Sofia, aproximando-se. — Se as forças da escuridão souberem que estamos restaurando o equilíbrio, vão tentar impedir.

Gabriel apertou o punho ao redor de sua espada.

— Não podemos deixar isso acontecer. Se enfrentarmos algo maior do que antes, precisamos estar prontos.

De repente, um forte vento varreu a praça, trazendo consigo uma sensação de gelo que se infiltrou nos ossos de todos os presentes. O ar se tornou pesado, e as nuvens acima deles começaram a se agitar com mais intensidade. Os raios que antes iluminavam o céu agora pareciam estar concentrados em um único ponto no horizonte, um ponto que parecia se aproximar.

— Lá! — gritou Marla, apontando para o horizonte.

Todos olharam, e o que viram os fez prender a respiração. A tempestade estava tomando forma. Não era uma simples formação de nuvens, mas uma massa de energia escura que parecia ganhar consciência própria. Dentro daquela escuridão, Helena pôde ver formas se movendo, sombras que pareciam ser mais do que apenas ilusões do vento.

— A tempestade não é natural — disse Elian, sua voz tremendo. — É a reação da própria escuridão ao equilíbrio que restauramos. Está vindo para nos destruir.

Helena engoliu em seco. Sabia que aquilo era uma manifestação do caos, algo que haviam inadvertidamente provocado ao tentar consertar o pacto. Mas agora não havia mais volta. Eles precisariam enfrentar a tempestade, ou tudo o que conquistaram seria perdido.

— Temos que proteger o vilarejo! — gritou Gabriel. — Todos para suas posições! Vamos montar defesas!

Os moradores, ainda em choque pela intensidade do ritual, começaram a se mover rapidamente, seguindo as instruções de Gabriel e Sofia. Barricadas improvisadas foram erguidas, e aqueles que sabiam lutar pegaram suas armas, prontos para defender suas casas e famílias.

Helena permaneceu ao lado da pedra, olhando para a esfera que ainda brilhava com serenidade. Apesar do caos ao redor, ela sentiu que a esfera era sua única esperança. "Se o equilíbrio foi restaurado, então devemos ser capazes de enfrentar essa tempestade." Mas como?

Ela se virou para Elian.

— Existe algo mais que podemos fazer? A esfera é a chave, mas como podemos usá-la para nos proteger?

Elian respirou fundo, visivelmente tentando se lembrar de algum conhecimento antigo que pudesse ajudá-los.

— A esfera contém a energia do pacto, o equilíbrio entre a luz e a escuridão. Se conseguirmos canalizá-la para proteger o vilarejo, podemos repelir a tempestade. Mas para isso, precisaremos de foco… e muita força.

Helena assentiu. "Foco e força." Ela sabia que não poderia fazer isso sozinha. Precisava de seus amigos ao seu lado.

— Gabriel, Sofia, Marla! — chamou ela, sua voz firme. — Precisamos canalizar a energia da esfera. Podemos usá-la para erguer uma barreira contra a tempestade, mas só se fizermos isso juntos.

Os três se aproximaram rapidamente, os olhos determinados.

— O que precisamos fazer? — perguntou Gabriel, pronto para qualquer desafio.

Elian explicou o plano com brevidade.

— Vocês devem se concentrar e conectar suas energias à esfera. Como já foram parte do ritual, já têm essa ligação. Eu guiará o processo, mas vocês são os condutores dessa força. Se conseguirem estabilizar a energia, poderão erguer uma barreira que protegerá o vilarejo.

Helena olhou para a tempestade que se aproximava, agora mais próxima do que nunca. A escuridão dentro dela parecia ganhar forma, como se monstros de sombras estivessem se preparando para atacar. Ela sabia que o tempo estava se esgotando.

— Vamos fazer isso — disse ela, estendendo a mão para a esfera.

Gabriel, Sofia e Marla fizeram o mesmo, formando um círculo ao redor da pedra sagrada. Helena fechou os olhos, sentindo a energia fluir de novo, como havia acontecido durante o ritual. Mas desta vez, a sensação era diferente. A força que vinha da esfera era mais intensa, mais selvagem, como se estivesse ansiosa para ser liberada.

Elian começou a entoar suas palavras sagradas, guiando o fluxo da energia. Helena se concentrou, tentando manter a calma em meio ao caos que se aproximava. Podia sentir a luz e a escuridão dentro dela, como duas correntes opostas, mas que precisavam se fundir.

— Concentrem-se! — gritou Elian. — Deixem a energia fluir através de vocês!

A luz da esfera começou a brilhar mais forte, irradiando calor e poder. Helena sentiu o poder se expandir, envolvê-los, e, de repente, uma barreira de energia começou a se formar ao redor do vilarejo, um escudo feito de pura luz e sombra em equilíbrio.

Mas a tempestade estava quase em cima deles.

Helena abriu os olhos a tempo de ver a escuridão atingir a barreira com força total.

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