Sombras Do Passado

𝑨 𝑹𝒆𝒗𝒆𝒍𝒂çã𝒐 𝒆 𝑬𝒍𝒅𝒓𝒊𝒅𝒈𝒆 (40)

Com a esfera do pacto em suas mãos, Helena e o grupo emergiram da caverna. A luz do sol que atravessava as nuvens densas parecia mais brilhante, mas a atmosfera ainda carregava um peso que todos podiam sentir. A montanha atrás deles estava em silêncio, como se o guardião, agora derrotado, tivesse finalmente encontrado descanso.

— O próximo passo é retornar ao vilarejo e descobrir como restaurar esse pacto — disse Gabriel, ajustando sua espada enquanto caminhava ao lado de Helena.

Helena olhou para a esfera em suas mãos, onde a luz e a escuridão dançavam em um equilíbrio frágil. Ela podia sentir a energia pulsante e sabia que aquilo era mais do que uma simples chave. Era um símbolo de algo muito maior — o futuro de Eldridge.

— Não podemos simplesmente voltar e esperar que tudo se resolva sozinho — disse Sofia, com a voz carregada de urgência. — Precisamos entender como essa energia funciona, ou o desequilíbrio pode destruir o vilarejo de vez.

— E rápido — completou Marla, que vinha na retaguarda, olhando para as nuvens que se moviam de forma estranha no horizonte. — Algo está acontecendo com o céu. Parece que a própria natureza está mudando.

Helena percebeu que o tempo estava contra eles. O desequilíbrio do pacto não afetava apenas o vilarejo, mas também a própria terra ao redor. O vento havia mudado, e o céu, que antes estava apenas nublado, agora parecia ser engolido por uma tempestade sobrenatural. Raios silenciosos iluminavam o horizonte, como se o céu estivesse reagindo ao caos gerado pelo rompimento do pacto.

Quando o grupo finalmente chegou ao vilarejo, foi recebido com olhares apreensivos. Os poucos moradores que restavam haviam se reunido na praça, como se esperassem por uma notícia que pudesse determinar o futuro de todos. Entre eles, o velho que os havia alertado sobre o pacto aproximou-se com os olhos arregalados ao ver a esfera nas mãos de Helena.

— Vocês encontraram o coração do pacto — disse ele, quase em sussurro, seu olhar fixo na luz que emanava da esfera. — Mas isso é apenas metade do caminho. Vocês precisam saber como usá-la.

— E você sabe? — perguntou Gabriel, de forma direta.

O velho hesitou, os olhos brilhando com a luz da esfera.

— Há muito tempo, antes do pacto ser feito, os ancestrais deste vilarejo conheciam rituais antigos. Eles acreditavam que o equilíbrio entre luz e sombra poderia ser mantido se a comunidade se reunisse para selar a energia com um ritual. O problema é que, ao longo dos anos, a força do pacto foi corrompida… E os rituais foram esquecidos.

Helena franziu a testa.

— Então precisamos restaurar esse ritual. É isso?

O velho assentiu lentamente.

— Mas há um problema. Não podemos fazer isso sozinhos. O vilarejo está enfraquecido. Muitos fugiram, e os que restam estão cansados e amedrontados. Para que o ritual funcione, é necessário que a comunidade inteira esteja presente, unida em propósito.

— E como vamos fazer isso? — perguntou Sofia, cética. — As pessoas estão com medo. O caos quebrou a confiança delas.

Helena olhou ao redor, observando os rostos cansados e desesperados dos moradores. Sabia que Sofia estava certa. A sombra do medo havia se espalhado por Eldridge, e o desequilíbrio não afetava apenas a natureza, mas também as pessoas. Elas haviam perdido a esperança, e sem esperança, não haveria união.

— Precisamos mostrar a eles que ainda há uma chance — disse Helena, sentindo uma chama de determinação crescer dentro de si. — Não podemos apenas pedir que lutem. Temos que inspirá-los a acreditar que vale a pena lutar.

— E como fazemos isso? — perguntou Marla, cruzando os braços.

Helena olhou para a esfera do pacto mais uma vez, e então para o velho.

— Se há uma forma de restaurar o pacto, deve haver algo que possamos mostrar a eles, algo que prove que estamos perto de uma solução.

O velho hesitou novamente, mas então falou:

— Existe um local no vilarejo… uma pedra sagrada, onde os primeiros rituais foram realizados. Se a esfera for colocada lá, talvez a energia do pacto comece a se manifestar. Isso pode ser o suficiente para que as pessoas vejam que há esperança.

Gabriel assentiu.

— Vamos tentar. Não temos tempo a perder.

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O grupo se moveu rapidamente até o centro do vilarejo, onde uma antiga pedra, coberta de musgo e símbolos desgastados, repousava. Era um monumento antigo, que a maioria dos moradores já não prestava atenção. Mas ali, diante daquele símbolo esquecido, Helena sentiu uma conexão profunda com o passado.

— Está pronta? — perguntou Gabriel, olhando para ela.

Helena respirou fundo. Sabia que esse momento era crucial. "Se falharmos agora, todo o nosso esforço terá sido em vão." Ela se aproximou da pedra e, com cuidado, colocou a esfera em sua superfície. Assim que a esfera tocou a pedra, um brilho suave começou a emanar, crescendo lentamente até envolver toda a praça.

Os moradores, que antes estavam à distância, começaram a se aproximar, seus olhos fixos na luz. Eles murmuravam entre si, mas o medo que antes dominava suas expressões parecia começar a dar lugar a uma mistura de curiosidade e esperança.

— Isso é… — sussurrou um deles.

— O pacto está vivo — disse o velho, aproximando-se da luz. — E ainda pode ser restaurado.

Helena observou enquanto a luz da esfera se conectava com os símbolos da pedra, como se uma força antiga estivesse se reativando. Sentiu um calor em seu peito, uma certeza de que estavam no caminho certo. Mas sabia que aquilo era apenas o começo. O ritual completo ainda precisava ser realizado.

Ela se virou para os moradores, agora reunidos ao redor.

— Isso é só o começo! — disse ela, sua voz forte e clara. — O equilíbrio pode ser restaurado, mas precisamos estar juntos. A escuridão que nos ameaça não pode ser derrotada por uma pessoa ou por um pequeno grupo. Só conseguiremos vencer se estivermos unidos!

A multidão murmurava, mas desta vez, o medo havia sido substituído por algo novo: determinação.

— Vamos nos preparar para o ritual — disse Helena, olhando para Gabriel, Sofia e o resto do grupo. — Agora, mais do que nunca, precisamos trabalhar juntos.

Com a luz da esfera brilhando atrás dela, Helena sentiu que o destino de Eldridge estava finalmente ao alcance. Mas sabia que a verdadeira batalha ainda estava por vir — e que o equilíbrio entre luz e sombra seria testado até o limite.