Sombras Do Passado

𝑶 𝒅𝒆𝒔𝒇𝒆𝒄𝒉𝒐 𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍 (43)

A barreira de energia brilhava com intensidade, dividindo a luz e a escuridão em um equilíbrio frágil. O impacto da tempestade contra o escudo que Helena e os outros haviam erguido fez o chão tremer. O céu estava tomado por nuvens negras, raios cortavam o ar, e a força do vento era quase insuportável. Helena sentia a pressão em seu corpo, como se algo estivesse tentando arrancar sua energia.

Ela segurava firme a mão de Gabriel à sua esquerda e de Sofia à sua direita, sentindo a energia fluir entre eles. A barreira brilhava intensamente, mas a tempestade parecia ganhar cada vez mais força.

- Está funcionando! - gritou Marla, mas seu rosto estava tenso. - Mas por quanto tempo conseguiremos manter isso?

Elian, posicionado ao lado da pedra sagrada, mantinha seus olhos fechados, concentrando-se em guiar o fluxo de energia da esfera para o escudo. A tempestade parecia estar viva, batendo contra a barreira com uma fúria incontrolável.

- Precisamos estabilizar mais! - gritou Elian, sua voz mal sendo ouvida entre os trovões. - O equilíbrio ainda está frágil. A energia está se dissipando!

Helena sentia isso também. Apesar de todo o poder que estavam canalizando, a escuridão da tempestade pressionava com força crescente. A sensação de frio e desespero dentro dela crescia a cada segundo, como se a escuridão estivesse tentando penetrar diretamente em sua alma.

- Não vamos aguentar! - gritou Gabriel, sua voz repleta de urgência. - Há algo mais que podemos fazer?

Helena sabia que estavam chegando ao limite. A barreira, por mais poderosa que fosse, não estava projetada para suportar uma força tão descomunal. "Tem que haver outra maneira," pensou ela, buscando uma solução.

De repente, uma visão atravessou sua mente. Ela viu flashes de sua avó contando histórias sobre os antigos pactos. Falava de um poder além da compreensão, que podia ser acessado apenas por aqueles que aceitavam completamente a luz e a escuridão dentro de si. "O verdadeiro equilíbrio..."

- Eu sei o que fazer! - gritou Helena, com os olhos fixos na esfera que flutuava acima da pedra.

Gabriel olhou para ela, confuso.

- O que você está falando?

- Nós estamos tentando manter a luz e a escuridão separadas, mas elas precisam se fundir! O verdadeiro equilíbrio não é a divisão; é a união! Precisamos canalizar ambos ao mesmo tempo!

Elian abriu os olhos, entendendo o que Helena estava dizendo.

- Isso é extremamente perigoso! Se você falhar, poderá destruir tudo.

Helena sentiu o medo crescer dentro dela, mas sabia que essa era a única chance de salvar todos. O equilíbrio verdadeiro não era apenas a luta entre forças opostas, mas a aceitação de que ambos poderiam coexistir.

- Confie em mim! - disse Helena, com uma determinação renovada. - Eu vou fundir as duas forças.

Sofia apertou sua mão.

- Estamos com você, Helena.

Com um último olhar para Gabriel e Sofia, Helena fechou os olhos, sentindo as correntes de energia da esfera se movendo ao seu redor. Ela deixou a luz e a escuridão dentro dela se entrelaçarem, permitindo que ambas existissem ao mesmo tempo. A princípio, a sensação foi esmagadora, como se seu corpo estivesse sendo puxado em duas direções opostas, mas então algo começou a mudar. As duas energias começaram a se harmonizar, e a dor deu lugar a uma sensação de paz.

A barreira ao redor do vilarejo começou a mudar. O brilho intenso de luz se transformou em uma mistura de luz e sombra, girando em espirais como duas forças que finalmente se aceitavam. A tempestade bateu contra o escudo com mais violência, mas, desta vez, não conseguiu penetrar. O escudo, agora em perfeito equilíbrio, resistia.

Helena abriu os olhos, e sua expressão refletia a calma que sentia por dentro.

- Está funcionando! - disse ela, sua voz firme.

A tempestade continuou a atacar, mas a barreira permaneceu inabalável. Os moradores, que haviam se abrigado em suas casas, começaram a sair, observando com assombro a batalha entre a luz e a escuridão que se desenrolava diante deles.

Gabriel sorriu, sua expressão de alívio evidente.

- Conseguimos, Helena. Estamos vencendo.

Mas, antes que pudessem relaxar, um som profundo e ameaçador ecoou pelo ar. Do centro da tempestade, uma figura emergiu. Uma sombra gigante, com olhos que brilhavam como brasas, caminhava em direção ao vilarejo. Era a manifestação física da escuridão, e ela não seria derrotada tão facilmente.

- Não acabou ainda - disse Sofia, seu tom grave.

Helena observou a criatura se aproximar, seu corpo tremendo com a intensidade do poder que emanava da figura. Sabia que este era o verdadeiro teste - o confronto final.

- Fiquem prontos - sussurrou Helena. - Isso será ainda mais difícil.

A escuridão que antes atacava a barreira com força bruta agora começava a se concentrar na figura. A criatura levantou um braço, e uma onda de energia negra foi lançada diretamente contra eles. O impacto fez a barreira vibrar, quase se despedaçando.

Helena gritou, colocando toda sua força para manter o equilíbrio. Sentia a tensão em seu corpo aumentar, mas sabia que não poderia desistir. Este era o momento de provar que a união das forças opostas era a chave para vencer.

- Todos juntos! - gritou Gabriel. - Nós somos o equilíbrio!

Com renovada determinação, Helena, Gabriel, Sofia e Marla uniram suas forças uma última vez. A luz e a escuridão dentro deles brilharam com mais intensidade do que nunca, e, com um grito de esforço final, canalizaram tudo o que tinham contra a figura.

O choque de energias foi devastador. A criatura da escuridão tentou resistir, mas a união do equilíbrio a sobrepujou. Com um último rugido, a figura se desfez, dissipando-se em uma explosão de sombras que desapareceu no ar.

O silêncio caiu sobre o vilarejo.

Helena, exausta, caiu de joelhos, seu corpo tremendo. Gabriel e Sofia se aproximaram, ajudando-a a se levantar. O céu, antes coberto por nuvens negras, agora começava a clarear, e a luz do sol penetrava pela primeira vez após a longa batalha.

Eles haviam vencido.

Helena olhou para seus amigos, e um sorriso cansado surgiu em seu rosto.

- Conseguimos.