𝑨 𝑪𝒂𝒍𝒎𝒂𝒓𝒊𝒂 𝑫𝒆𝒑𝒐𝒊𝒔 𝒅𝒂 𝑻𝒆𝒎𝒑𝒆𝒔𝒕𝒂𝒅𝒆 (50)

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Os dias que se seguiram à reunião na praça foram marcados por um frenesi de preparação. Eldridge se mobilizava como nunca antes, com cada comunidade contribuindo da melhor maneira possível para a defesa. Treinamentos foram organizados, reuniões se tornaram comuns, e a sensação de união estava em alta. Mas, mesmo em meio a toda essa atividade, uma nuvem de preocupação pairava sobre Helena.

Enquanto os guardiões praticavam suas habilidades e formavam alianças mais fortes, Helena se dedicou a outra tarefa: reunir os líderes de todas as vilas em um único conselho estratégico. A ideia era garantir que a comunicação entre eles fosse clara e eficiente, evitando qualquer mal-entendido que pudesse ser explorado pelo inimigo.

Certa manhã, Helena convocou todos os líderes para uma reunião em um antigo armazém na Vila Verde, um local que oferecia segurança e privacidade. À medida que as figuras familiares chegavam, Helena sentiu uma onda de alívio. Era bom ver que todos estavam dispostos a trabalhar juntos.

— Agradeço a todos por estarem aqui — começou Helena, observando cada rosto. — Estamos enfrentando um momento crítico, e a nossa união será a chave para a nossa sobrevivência.

Os líderes assentiram, alguns ainda demonstrando incerteza, mas a maioria exibia uma determinação palpável.

— Precisamos de um plano claro — disse Gabriel, assumindo o comando. — A primeira coisa que devemos fazer é determinar quem estará responsável por cada setor de defesa. Precisamos ser estratégicos.

Os líderes começaram a discutir e a dividir as responsabilidades. A Vila das Sombras ficou encarregada da vigilância nas florestas, enquanto a Vila Verde ficaria responsável pelas defesas na entrada da cidade. Outros formariam patrulhas para vigiar os arredores.

A reunião continuou, com ideias sendo trocadas e estratégias sendo aprimoradas. No entanto, Helena sentia uma tensão crescente em seu interior. Algo ainda não estava certo. Era como se uma tempestade estivesse se formando não apenas no céu, mas também em seus corações.

Quando a reunião chegou ao fim, e todos começaram a se dispersar, Helena decidiu se reunir com Gabriel e Sofia em um canto mais tranquilo do armazém.

— Sinto que precisamos fazer mais — disse Helena, com um olhar preocupado. — Não é apenas sobre a defesa física. Temos que também unir a comunidade emocionalmente. Se eles sentirem medo ou desconfiança, isso pode ser tão devastador quanto um ataque.

Sofia concordou, seu olhar pensativo.

— Sim, temos que garantir que todos se sintam parte disso. A última coisa que queremos é que as pessoas se sintam sozinhas ou isoladas.

— Precisamos de um evento que una as vilas, algo que reforce nossa determinação e solidariedade — sugeriu Gabriel, seu rosto iluminado por uma ideia.

— Como uma vigília? — perguntou Helena, rapidamente se empolgando. — Podemos criar um espaço para que as pessoas compartilhem suas esperanças, medos e histórias. Isso pode fortalecer nossos laços.

— E poderíamos usar esse evento para relembrar todos os que perdemos e honrar suas memórias. Isso vai nos unir ainda mais — completou Sofia, com um sorriso esperançoso.

Helena sentiu a energia do grupo mudar. Aquela ideia tinha potencial, e rapidamente começaram a planejar. A vigília seria realizada à beira do lago, o local onde Helena havia encontrado um senso de paz após as tragédias anteriores. O lago seria um símbolo de renovação e esperança.

Com as tarefas divididas, o trio se dedicou a divulgar a vigília. Cartazes foram espalhados, e os mensageiros foram enviados para cada vila, pedindo que todos se reunissem para uma noite de solidariedade.

Na noite da vigília, o céu estava limpo e estrelado, criando um cenário mágico. Os habitantes de Eldridge começaram a chegar, trazendo fotos e lembranças de seus entes queridos perdidos, bem como velas para acender em homenagem. O ar estava impregnado de uma mistura de tristeza e esperança.

Helena observou a comunidade se reunir, um calor se espalhando em seu peito ao ver tantas pessoas dispostas a se unir. Ao lado de Gabriel e Sofia, ela subiu em um pequeno palco improvisado, onde a luz suave das velas refletia em seus rostos.

— Estamos aqui hoje para lembrar aqueles que amamos e honrar suas memórias — começou Helena, sua voz ressoando na calmaria da noite. — Mas também estamos aqui para reafirmar nosso compromisso com a vida e com a proteção de nossa comunidade.

As pessoas a ouviam atentamente, as velas brilhando em suas mãos. Helena sentiu que suas palavras ressoavam, criando uma conexão entre todos ali presentes.

— Que possamos lembrar que somos mais fortes juntos, que a luz de nossas memórias pode nos guiar mesmo nos momentos mais sombrios. E que nunca devemos esquecer o poder da união.

À medida que a noite avançava, os habitantes começaram a compartilhar suas histórias. Risadas e lágrimas se misturavam, criando um espaço seguro onde todos podiam expressar suas emoções. O som das vozes unidas e a chama das velas refletiam um renascimento, uma esperança renovada de que, independentemente do que estava por vir, eles enfrentariam isso juntos.

No final da vigília, todos se uniram em um círculo, segurando as mãos uns dos outros. O calor da união preenchia o ar, e Helena sentiu a energia positiva fluir ao seu redor.

— Juntos, somos mais fortes — disse Gabriel, olhando para todos os rostos ao seu redor. — E juntos, enfrentaremos qualquer tempestade que se aproxime.

Enquanto as estrelas brilhavam no céu, Helena sentiu um novo senso de propósito. A tempestade que se aproximava poderia ser intensa, mas, naquela noite, a luz da comunidade iluminava o caminho, prometendo que eles não enfrentariam a escuridão sozinhos. E isso, pensou Helena, era tudo o que precisavam para superar o que estava por vir.

Sombras Do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora