𝑨 𝑪𝒂𝒔𝒂 𝑨𝒏𝒕𝒊𝒈𝒂 (2)

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Helena respirou fundo enquanto se afastava do cemitério, a imagem da tempestade ainda gravada em sua mente. Ao voltar para casa, as memórias da infância começaram a invadir seus pensamentos, preenchendo o silêncio do caminho. A velha casa da família, coberta de hera e marcada pelo tempo, parecia ainda mais imponente.

Ao abrir a porta, um cheiro de madeira envelhecida e poeira a envolveu. O sol entrava suavemente pelas janelas, iluminando os móveis cobertos por lençóis brancos, como fantasmas de um passado distante. Helena percorreu os cômodos, cada passo despertando ecos de risos infantis e brincadeiras.

Na sala de estar, seu olhar se fixou em um móvel antigo que havia pertencido à avó. Aproximando-se, ela notou que uma gaveta estava ligeiramente aberta. Com um impulso, puxou-a e encontrou um álbum de fotos empoeirado. Ao folhear as páginas, vislumbres de momentos familiares passaram diante de seus olhos.

Mas uma foto chamou sua atenção: uma jovem com um sorriso radiante, de mãos dadas com um homem desconhecido. A legenda, escrita à mão, dizia: “Amor eterno, mesmo nas sombras.” O coração de Helena acelerou. Quem era aquele homem? E o que a avó realmente sabia sobre amor e perda?

Enquanto se perdia nos pensamentos, um barulho vindo do andar de cima a despertou. Um frio percorreu sua espinha. “Quem está aí?” ela chamou, mas só o eco de sua própria voz respondeu.

Armada com uma lanterna, Helena subiu as escadas rangentes. O corredor era estreito e escuro, cada passo parecia ressoar em sua mente. Ao abrir a porta do quarto da avó, uma corrente de ar frio a atingiu. A cama estava feita, mas o cheiro de flores murchas pairava no ar.

A prateleira ao lado da janela estava repleta de livros, mas um deles chamou sua atenção: um diário desgastado. Com cuidado, Helena o retirou, sentindo que era um tesouro esquecido. Ao abri-lo, encontrou anotações sobre rituais antigos e a conexão da família com a cidade. A escrita era confusa, mas havia referências a sombras que se moviam nas noites sem lua.

Enquanto lia, uma sensação de urgência a envolveu. As palavras falavam de uma maldição que atingira Eldridge e de um amor perdido que havia sacrificado tudo. O coração de Helena disparou ao perceber que a história de sua avó estava entrelaçada com os mistérios da cidade.

De repente, um barulho intenso vindo do andar de baixo a fez pular. “Gabriel?” chamou, sem saber se ele estava por perto. Sem resposta, ela desceu rapidamente as escadas, a adrenalina correndo em suas veias.

Quando chegou ao pé da escada, viu que a porta da frente estava entreaberta, balançando com o vento. Uma sombra passou rapidamente pelo hall, e Helena congelou. “Quem está aí?” ela gritou novamente, mas a casa estava em silêncio, como se tudo estivesse à espreita.

Helena sentiu uma mistura de medo e determinação. O diário em suas mãos não apenas revelava o passado da avó, mas também a convidava a desvendar os segredos que ameaçavam a cidade. O que mais ela poderia descobrir sobre sua família e sobre o que realmente acontecia em Eldridge?

Determined, ela decidiu que não poderia enfrentar isso sozinha. Precisava de ajuda, e sabia exatamente a quem recorrer. Com o diário embaixo do braço, Helena saiu da casa e seguiu em direção à casa de Gabriel, seu coração pulsando com perguntas e uma crescente sensação de que os mistérios de Eldridge estavam apenas começando a se revelar.

Sombras Do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora