𝑬𝒄𝒐𝒔 𝒅𝒐 𝑭𝒖𝒕𝒖𝒕𝒐 (36)

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O céu estava coberto por nuvens pesadas quando Helena, Gabriel e Sofia saíram de Eldridge no início da manhã. O vento soprava gelado, como um aviso silencioso de que a paz que haviam conseguido seria breve. O grupo caminhava em direção ao próximo vilarejo, uma pequena comunidade nas colinas, onde esperavam encontrar aliados e informações sobre os rituais que haviam começado a se espalhar.

— Você acha que eles vão nos ajudar? — perguntou Helena, ajustando a alça da mochila. O peso da responsabilidade era uma carga física e emocional que ela começava a sentir.

— Vão ter que nos ouvir, pelo menos — respondeu Sofia, sempre direta. — Eles estão no caminho da destruição, se não perceberem o que está acontecendo.

Gabriel caminhava em silêncio ao lado delas, seus olhos fixos no horizonte. Ele parecia mais introspectivo do que o normal, e Helena sabia que ele estava processando o peso das últimas revelações.

— O que você está pensando? — perguntou ela, tentando quebrar o silêncio.

Gabriel respirou fundo antes de responder.

— Só estou preocupado com o que está por vir. Temos pistas, mas ainda não sabemos o que exatamente estamos enfrentando. Isso me incomoda.

Helena assentiu. A falta de informações concretas era um problema. Sabiam que os rituais estavam se espalhando, mas quem estava por trás deles? E por quê? Cada passo parecia afundá-los mais em um mistério que crescia com o tempo.

— Precisamos de mais respostas — disse ela, com a voz firme.

A caminhada até o vilarejo levou horas, e o sol começava a descer quando finalmente avistaram as primeiras casas ao longe. Era um lugar pequeno, ainda menor que Eldridge, com cabanas de madeira espalhadas pelas encostas e uma praça central dominada por uma torre de pedra antiga. À medida que se aproximavam, Helena percebeu que o ar ali era diferente, mais pesado, como se algo invisível estivesse espreitando.

— Vocês sentem isso? — perguntou ela, parando por um momento.

Sofia franziu o cenho e olhou ao redor.

— Sim, tem algo estranho no ar.

Gabriel assentiu, estreitando os olhos para a torre de pedra.

— Algo aconteceu aqui.

Quando chegaram à praça, o silêncio era opressor. As portas das casas estavam fechadas, e não havia sinal de vida nas ruas. Helena se aproximou da torre, sentindo uma atração inexplicável em direção à estrutura.

— Alguém está aqui? — gritou Sofia, sua voz ecoando entre as pedras.

De repente, uma das portas se abriu e um homem idoso saiu, com os olhos arregalados de medo. Ele segurava um bastão, e seu corpo magro tremia visivelmente.

— Vocês precisam ir embora! — disse ele, a voz cheia de pânico. — Não é seguro aqui!

Helena deu um passo à frente, erguendo as mãos em um gesto pacífico.

— Não viemos causar problemas. Precisamos falar com vocês sobre os rituais. Sabemos que algo está acontecendo, e queremos ajudar.

O homem balançou a cabeça freneticamente.

— Vocês não entendem. Já é tarde demais. Eles vieram durante a noite, há três dias. Levaram pessoas... — Sua voz falhou, e ele parecia incapaz de continuar.

Gabriel avançou e colocou a mão no ombro do homem.

— Quem são "eles"? — perguntou calmamente.

— As sombras... — sussurrou o velho. — Criaturas que não são humanas. Elas vêm, pegam quem querem, e ninguém mais volta.

Helena sentiu um calafrio. As palavras do homem ecoavam seus piores temores. As sombras que ele mencionara soavam muito semelhantes aos seres que haviam aparecido no ritual em Eldridge.

— Quantas pessoas foram levadas? — perguntou Sofia, sua voz mais firme.

— Pelo menos uma dúzia — disse o homem, com a voz quase sumida. — Os que restaram se esconderam. Todos estamos esperando a próxima visita.

Gabriel olhou para Helena e Sofia, sua expressão grave.

— Precisamos investigar isso. Não podemos deixar que mais pessoas desapareçam.

Helena assentiu, embora soubesse que cada passo à frente era como entrar em território desconhecido. Havia algo diferente aqui, algo que fazia o ar ficar mais denso e o medo mais palpável.

— Vamos — disse ela, pegando uma lanterna da mochila e acendendo-a. — Vamos descobrir o que está acontecendo.

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Eles seguiram as pistas deixadas pelo homem, que os guiou até uma clareira nos arredores do vilarejo. Era um local onde as árvores pareciam torcidas, como se algo as tivesse moldado com uma força sobrenatural. No centro da clareira, marcas circulares estavam gravadas no solo, formando um padrão intricado que lembrava o que haviam visto no ritual de Eldridge.

— Isso é semelhante — murmurou Sofia, abaixando-se para inspecionar os símbolos.

— Eles estão reproduzindo os mesmos rituais em outros lugares — concluiu Gabriel, observando as marcas com uma expressão séria.

De repente, um barulho interrompeu seus pensamentos. Helena virou-se rapidamente, segurando a lanterna com força. Algo se movia nas sombras, algo rápido e furtivo.

— Vocês ouviram isso? — perguntou ela, tentando manter a calma.

Antes que pudessem responder, uma figura emergiu da escuridão, rápida como o vento. Era uma criatura alta, coberta de sombras, com olhos brilhantes que pareciam refletir a luz da lanterna.

— Corram! — gritou Gabriel, puxando Helena pelo braço.

Eles dispararam pela clareira, o som das criaturas atrás deles crescendo a cada segundo. Enquanto corriam, Helena sentiu o pânico tomar conta, mas algo dentro dela também começava a despertar. A determinação que havia surgido nos últimos dias agora queimava com uma nova intensidade.

— Não podemos fugir para sempre! — gritou Sofia. — Precisamos lutar!

Helena parou abruptamente, virando-se para encarar as sombras que os perseguiam.

— Tem razão — disse ela, sua voz firme. — Vamos acabar com isso.

Com Gabriel e Sofia ao seu lado, Helena sabia que não estava sozinha. O futuro era incerto, mas eles tinham uma chance — e ela estava disposta a lutar até o fim.

Sombras Do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora