𝟏𝟕

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Acordei algumas horas depois

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Acordei algumas horas depois.

Precisei de alguns minutos para me lembrar de onde estava, do que acontecera.

E cada tique do pequeno relógio na escrivaninha era como um empurrão mais e mais para trás naquela escuridão profunda.

Mas pelo menos eu não estava cansada.

Felizmente, o círculo íntimo de Rhysand já havia saído antes que eu despertasse.

Rhys estava à porta da frente, que se abria para uma pequena antecâmara de madeira e mármore, levando à rua que se estendia além.

Ele me observou, provavelmente, notando o traje simples que eu usava, algo escolhido mais pela praticidade do que pela aparência, ideal para o clima.

Cada passo em direção à cidade banhada pelo sol parecia se alongar por uma eternidade, mas, paradoxalmente, passava em apenas alguns segundos.

Por um instante, o peso dentro de mim se dissipou enquanto eu observava os detalhes da cidade que surgia diante de mim.

A luz do sol, dourada e suave, aquecia o ameno dia de inverno; um pequeno jardim bem cuidado à frente, com a grama seca e quase esbranquiçada, cercado por uma grade de ferro retorcido à altura da cintura, e canteiros de flores vazios.

Tudo isso conduzia até uma rua impecável, pavimentada com paralelepípedos claros.

Grão-Feéricos, em trajes variados, vagavam sem pressa, respirando a brisa de sal, limão e verbena, que nem mesmo o inverno conseguiu dispersar.

Nenhum deles sequer lançou um olhar para a casa, como se ignorasse ou simplesmente não se importassem que o próprio Grão-Senhor morava em uma das várias mansões de mármore que alinhavam a rua.

Cada uma com telhados de cobre esverdeado e chaminés claros, soltando espirais de fumaça no céu frio.

Ao longe, os risos e gritos das crianças ainda reverberam pelo ar.

Saí cambaleando em direção ao portão principal, com dedos ansiosos que mal notaram o frio gélido do metal enquanto o abria.

Dei três passos até a rua e, ao olhar para o outro lado, parei.

Estar do lado de fora era estranho, quase como se algo tivesse mudado. A sensação de liberdade era intensa.

Eu não saía havia meses.

Não via rostos desconhecidos, nem sentia o ar fresco em tanto tempo.

A emoção quase me levou às lágrimas.

A rua se inclinava para baixo, revelando mais casas bonitas e chaminés, soprando fumaça, mais pessoas bem-alimentadas e despreocupadas.

E bem na base da colina um rio amplo e sinuoso se curvava, brilhando com um tom de safira profundo, serpenteando na direção de uma grande extensão de água adiante.

𝑨 𝑪𝑶𝑼𝑹𝑻 𝑶𝑭 𝑳𝑶𝑽𝑬 𝑨𝑵𝑫 𝑾𝑹𝑨𝑻𝑯Onde histórias criam vida. Descubra agora