04. SAY IT TO MY FACE

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Música do capítulo: Solitude - M83 & Felsmann + Tiley Reinterpretation

OLIVER

Eu o segui.

Não era difícil de prever os seus movimentos. Por mais que Harry gostasse de jogar, ele era previsível. E aquele bar era um lugar ideal para alguém como ele. Sombrio, triste e com um ar intenso.

As paredes eram cobertas de fuligem de cigarro, o cheiro de álcool impregnado em cada canto e as mesas feitas de madeira gasta, onde as pessoas se sentavam em silêncio, perdidas em seus próprios demônios. Um lugar onde Harry podia se esconder da fama e, ao mesmo tempo, de si próprio.

 Um lugar onde Harry podia se esconder da fama e, ao mesmo tempo, de si próprio

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Depois do nosso confronto inicial naquele bar a sua inquietação era inevitável. Ele arriscava disfarçar, mas era óbvio demais os seus olhares rápidos de relance, como se quisesse checar se eu ainda estava ali, tentava esconder o rosto atrás dos cabelos longos em um ato falho. A perna balançando de um lado para o outro, um sinal claro de desconforto. Era fácil ver além da fachada, pelo menos pra mim.

De um jeito aquele vazio todo me tocava. Harry me fazia lembrar alguém do meu passado que se eu pudesse ter salvado... Eu salvaria.

A dor que ele carregava escondida atrás das provocações e da arrogância era de algum modo a sua barreira protetora para algo mais afável e sereno.

E apesar daquilo tudo fazer parte da minha estratégia eu já começava a sentir o peso daquele ambiente.

Ele permaneceu no balcão por mais algumas horas, como se estivesse tentando provar algo para mim ou para si mesmo. A sua companhia da noite já havia ido embora, deixando Harry sozinho com uma coleção de copos vazios à sua volta e alguns guardanapos rabiscados que ele usava para escrever o que parecia ser uma batalha interna.

E eu sabia sobre isso.

August Stones já havia comentado que Harry não conseguia compor mais. Estava criativamente bloqueado ou algo assim, e isso era um problema para todos, mas principalmente para ele. O vazio nas melodias estava refletido em sua vida e a frustração o corroía por dentro juntamente com o álcool.

O bar começava a se esvaziar. As vozes que antes preenchiam o ambiente agora haviam desaparecido, deixando apenas o barulho dos passos do barman grandalhão no assoalho de madeira e a música melancólica tocando nas caixas de som. Ele organizava as garrafas, olhando de vez em quando para o último cliente que ainda bebia algo, e claro, era o Harry.

Eu estava exausta. Meus olhos já estavam pesados, meus músculos doloridos e eu sentia a carga de cada minuto que passava.

— Essa é a última dose, campeão. Já disse que estou fechando por hoje. — a voz grave do barman cortou o silêncio, ecoando pelo bar vazio.

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