WAR IN YOUR EYES | h.s

01. WE CANNOT SAVE YOU, H

Música do capítulo: Pay Attention - Our Last Night

LONDRES, duas semanas antes do início da Selfish Tour

HARRY

Eu não estava com saco para isso. Não agora. Não nunca. Sentado naquela sala sufocante, cercado pelos mesmos rostos que vi desde o início da minha carreira, a minha cabeça latejava com o eco de uma ressaca mal resolvida na noite passada. Até o cheiro do cigarro na minha roupa começava a me irritar.

Ultimamente tudo me irritava.

Minha perna balançava impacientemente enquanto August Stones, o CCO da produtora Killford & Sons, folheava o jornal mais nojento dessa cidade, o The Sun. Com uma expressão de desgosto estampada na cara. Eu sabia o que estava por vir. Fiz merda ontem, mas que se foda.

Eu estou sempre fazendo merda.

August finalmente quebrou o silêncio.

— Harry... — ele jogou o jornal sobre a mesa com força. A manchete gritava algo como "Astro do rock em mais uma confusão no fim de uma noitada regada a álcool e mulheres... De novo". — Isso está totalmente fora de controle. O que você pretende com isso?

Olhei para o jornal, sem grande interesse. A ressaca batia. A minha foto estampada ao entrar no carro embriagado mostrando o dedo do meio para os paparazzis depois sair de algum bar na noite anterior. Era a merda de sempre.

— Sei lá. Foder e beber enquanto posso. — falei com desdém. Era só mais uma noite.

August fez uma breve pausa antes de retomar o discurso. Lá vem.

— Faltam poucas semanas para a Selfish Tour e você continua dando esse tipo de "showzinho" gratuito para a mídia. Estamos com patrocínios gigantes à nossa espera. Você tem a mínima noção? Você sequer liga para isso? Você está arriscando mais do que a sua carreira agora, idiota. Está arriscando dinheiro. Muito dinheiro, caralho.

Revirei os olhos. Ah, o velho papo da porra do dinheiro. Era sempre sobre o maldito dinheiro.

— Se você não fosse tão bom nisso... — Stones continuou, tentando manter a calma. — Se não fosse o maior nome do rock atual, a produtora já teria te jogado na sarjeta. Lugar de onde você tanto gosta de passar o seu tempo livre.

— Então joga, porra! — respondi com desprezo, inclinando-me para trás na cadeira e apoiando os pés sobre a mesa. — Está à espera do quê?

— Você sabe que não é assim tão simples, Styles. — a voz de August soava tensa. Ele olhou para o meu agente, que estava sentado ao seu lado, tentando se manter fora da linha de tiro.

Matthew já estava acostumado a lidar com as minhas merdas, mas até ele parecia mais cansado do que o normal hoje. Ele só ligava para o dinheiro vindo da minha fama. Um sanguessuga.

— Precisamos resolver isso, Harry. — Matt interveio finalmente, com a voz baixa e cautelosa. — Estamos em uma situação em que você precisa se estabilizar. E rápido.

Eu ri, sem humor.

— Estabilizar? Você quer que eu vire algum tipo de santo agora?

— Isso era pedir demais. — Matt esfregou as têmporas, claramente lidando com uma enxaqueca que eu provavelmente estava piorando. — Você já tem o seu papel de diabo nessa cidade. Por isso, contratamos alguém para te ajudar com isso... A se estabilizar.  — Matt cuspiu aquelas palavras de uma vez que eu quase não consegui perceber.