21. PROMISES, KISSES AND WINE

64 10 14
                                    

Música do capítulo: Say Yes to Heaven - Lana Del Rey

HARRY

Eu nunca poderia imaginar nem nos meus devaneios mais loucos.

Não fazia ideia da carga que Oliver carregava em silêncio, da dor que ela engolia a seco todos os dias ao abrir os olhos pelas manhãs. O jeito da Oliver de ser durona, de ter sempre o controle em mãos, fazia um sentido brutal agora.

Eu não sabia de onde ela tirava tanta força para suportar tudo isso e ainda continuar em pé, firme, indestrutível, e, ao mesmo tempo, com um olhar que, às vezes, parecia precisar só de um descanso de tudo.

Quando ela me contou sobre tudo, eu senti meu peito apertar. E a culpa que ela carregava, os anos de manipulação que sofreu. Foi como se eu estivesse sentindo cada fragmento daquilo junto dela. No momento em que percebi a profundidade das feridas dela, entendi que as paredes que ela construiu em volta de si eram muito mais espessas do que eu havia suposto.

Naquela noite, com tanta verdade vindo à tona, eu não consegui me segurar. Talvez fosse a maneira como ela confiava em mim para se abrir, ou o fato de que a cada palavra dela, meu sentimento só se tornava mais claro. E ali, naquela troca tão nua, eu senti que devia dizer o que sentia. Talvez fosse insano, talvez complicado, mas não fazia diferença.

Eu só queria colocar o que eu sentia para fora, de forma clara, sem joguinhos.

Quando eu disse que estava me apaixonando pela Oliver, foi como jogar um fósforo numa trilha de pólvora. Não era algo que eu tinha planejado — nunca tinha planejado nada com ela, na verdade. Mas a cada dia, a cada cidade, aquilo entre nós dois parecia ganhar vida própria, se intensificando de um jeito que eu nunca tinha vivido em qualquer outro lance.

Os encontros deixaram de ser esporádicos, eram constantes, em todas as noites, assim que o show terminava e o palco apagava, eu sabia que iria encontrá-la. Ali, no camarim ou no quarto de hotel, ela sempre aparecia, cheia de uma intensidade que só ela tinha.

Passávamos as noites juntos, os corpos cansados do trabalho, mas nunca cansados um do outro. Ela chegava sempre durante a noite e nós dois nos tornávamos apenas um. Mas ela nunca permanecia comigo até o amanhecer. Eu acordava com a luz suave da manhã e encontrava o lado dela na cama vazio, o cheiro dela ainda pairando no ar, e uma parte de mim se perguntava quando — ou se — ela se sentiria pronta para ficar até o sol nascer.

A Selfish Tour avançava, país após país, cidade atrás de cidade, cada uma com sua própria energia, multidões sedentas por uma parte de mim que, às vezes, eu mesmo já nem sabia onde estava. Havia noites em que as vozes dos fãs me preenchiam e acalmavam, mas havia outras em que o barulho parecia ser só mais uma camada do caos dentro da minha própria cabeça.

No meio desse turbilhão, a presença de Oliver era como um ponto fixo, uma âncora. Ela conseguia me manter estável, equilibrado. Com ela por perto, tudo parecia se encaixar de uma forma que eu não sabia que precisava.

Oliver trabalhava sem parar. Em pouco tempo, ela havia conseguido realizar verdadeiros milagres com a minha imagem. A cada cidade, ela mantinha tudo controlado, revisando detalhes, assegurando que a imprensa tivesse sempre o ângulo certo. Em suas mãos, as críticas pareciam enfraquecer e os rumores negativos se dissipavam como fumaça.

Eu sabia que ela era boa no que fazia, mas vê-la em ação, tão dedicada e tão envolvida, me fazia admirar ainda mais a mulher que ela era. Ela rebatia manchetes com uma precisão quase cirúrgica, e mesmo nas situações mais tensas, conseguia transformar o que antes eram ataques em uma nova chance de conexão com os fãs.

WAR IN YOUR EYES | h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora