14. FINGERS

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PARTE I

Música da parte I do capítulo: Fade Into You - Mazzy Star


OLIVER

Novamente aqui nessa cidade.

Berlim estava mergulhada na madrugada quando pousamos, envolta em uma garoa suave que trazia consigo um frescor. Berlim era o tipo de cidade que nunca dormia, mesmo assim estava calma em comparação as últimas horas em Paris, durante o show. Tudo ali parecia sereno demais. E aquela tranquilidade contrastava fortemente também com a tempestade interna que eu tentava lutar para não me afogar — um misto de cansaço e algo mais profundo e insistente que eu preferia evitar nomear.

Havia tantas expectativas pairando no ar, mas naquele instante, tudo o que eu queria era sair do aeroporto, respirar ar puro, chegar ao hotel e dormir por boas horas. Amanhã seria um dia de folga para todos, então era o momento ideal para me desligar.

Caminhamos pelo aeroporto praticamente deserto, onde as luzes brancas refletiam nas paredes de vidro. O cansaço era visível em todos os rostos ao meu redor. A equipe estava exausta, com os passos mais lentos, as palavras reduzidas a murmúrios. Em um silêncio comunitário entramos nas vans que nos levaria ao hotel que seria a nossa morada nos próximos dias.

Eu me aconcheguei no assento ao fundo da van, tentando ignorar a presença próxima demais de Harry que se juntou ao meu lado em um silêncio confortável e carregado de cansaço. Mas de forma surpreendente, fui invadida novamente por ele enquanto o automóvel começou a percorrer a cidade: o rosto de Harry estava estampado por todo lado.

A van cortava as ruas e os outdoors com a imagem de Harry surgiam como lampejos. Aquela visão intensa e imponente de astro estava a cada quarteirão. Olhar para os postes e paradas de ônibus era como um lembrete incansável de que Harry estava por toda parte — não apenas nas ruas através dos cartazes impressos, mas também aqui, bem ao meu lado. E sem falar que ele estava na minha mente, o tempo todo. Por mais que eu me esforçasse para estabelecer limites, havia algo que continuava a me puxar para ele, como um imã.

Senti uma pontada de frustração comigo mesma ao notar que, mesmo sem querer, estava presa nesse ciclo. Fechei as cortinas da van em uma tentativa de não o ver por todo lado.

Não adiantou, obviamente.

Eu tinha ali o Harry bem ao meu lado, ao vivo e a cores, com o rosto exausto, com os olhos pesados de sono e os primeiros sinais de olheiras profundas

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Eu tinha ali o Harry bem ao meu lado, ao vivo e a cores, com o rosto exausto, com os olhos pesados de sono e os primeiros sinais de olheiras profundas. O cabelo caía levemente sobre o seu rosto e a sua expressão tinha uma suavidade que eu raramente via. Era um Harry diferente, despido de toda a intensidade do palco e da persona de bad boy que ele carregava. Ali, era apenas Harry sem o Styles, simplesmente vulnerável, esgotado, desarmado e humano. Aos poucos ele foi se encostando mais e mais perto de mim, e antes que eu percebesse, pousou a cabeça no meu ombro, adormecendo.

WAR IN YOUR EYES | h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora