Chloed - Rosas e Espadas

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Narrador

Alguns anos depois

Era uma tarde incrivelmente ensolarada, mas a atmosfera ao redor de Red estava envolta em uma melancolia silenciosa. As fadas, que sempre traziam leveza e alegria, agora voavam ao redor dela com um carinho que parecia carregado de tristeza. Elas pousavam brevemente em seus ombros, tocando-lhe de forma gentil, como se quisessem oferecer algum tipo de conforto. Red, no entanto, estava absorta demais em seus pensamentos para notar completamente os gestos delicados ao seu redor. Sua atenção estava fixada no túmulo diante dela.

O túmulo era simples, mas tinha uma dignidade que o fazia se destacar no campo verdejante. Fadas voavam ao redor, limpando com cuidado as bordas do mármore, colocando flores frescas ao redor da foto de Taylor, que repousava em uma moldura de madeira esculpida. Era uma foto antiga, tirada em um momento de rara descontração. O sorriso de Taylor na foto parecia mais leve do que Red se lembrava, como se naquele instante, ele tivesse conseguido esquecer o peso que carregava no coração.

Red, agora uma figura majestosa, exibia mais mechas tingidas de vermelho em seus cabelos, algo que havia mudado com o tempo. Embora o negro ainda estivesse presente em grande parte de seus fios, as mechas vermelhas, especialmente as duas que caíam à frente de seu rosto, eram um símbolo de tudo o que havia mudado. As cores em seu cabelo eram um reflexo de seu crescimento, de tudo o que havia conquistado e de todas as perdas que havia sofrido.

Ela suspirou profundamente, ainda encarando a foto de Taylor. As fadas, sempre tão conectadas com as emoções humanas, perceberam o momento solene e se afastaram suavemente, deixando Red sozinha com seus pensamentos. Era o tipo de solidão que ela sabia que precisava naquele instante.

— Ele sempre foi assim, sabe? — a voz de Red finalmente quebrou o silêncio. Ela falava com ninguém em particular, ou talvez com a própria memória de Taylor. — Eu sabia que, ao dar-lhe a liberdade, isso o mataria. Eu sabia... desde o começo.

A verdade era dura, e Red a havia aceitado, mas isso não tornava o momento menos doloroso. O vento suave acariciava seu rosto, e ela fechou os olhos por um momento, sentindo as lágrimas queimarem atrás de suas pálpebras. Ao abri-los novamente, Sombra, seu companheiro leal, apareceu ao seu lado, seguido de Malvin, seu pai. A presença deles trouxe um pouco de conforto, ainda que o peso do momento permanecesse esmagador.

Sombra, sempre fiel e sensível ao humor de Red, ficou quieto ao lado dela, oferecendo sua companhia silenciosa. Já Malvin, que há pouco tempo havia retornado à vida de Red, posicionou-se ao seu lado com um semblante sério, embora seus olhos refletissem uma tristeza compartilhada.

Red virou a cabeça levemente, dando um sorriso contido ao seu pai. Havia um entendimento silencioso entre eles, um laço que, era inegavelmente profundo. Malvin havia perdido muito da vida de Red, mas estava ali agora, e isso significava o mundo para ela.

— Sabe, pai... eu sempre soube que Taylor carregava um peso enorme no peito — começou Red, sua voz baixa, mas firme. — Ele era um homem atormentado pelo passado, pelas escolhas que fez. Mesmo assim, eu o deixei ir... eu sabia o que iria acontecer.

Malvin, sempre um homem de poucas palavras, suspirou e deu um passo à frente, colocando a mão no ombro da filha. Ele era uma presença sólida, uma âncora em meio à dor que ela sentia. Seus olhos refletiam compreensão, mas também orgulho.

— Taylor era dono das próprias escolhas, Red — disse Malvin, sua voz grave, mas com uma ternura que ele raramente demonstrava. — Assim como ele escolheu trair seu reino, ele escolheu se redimir. Ele se foi como sempre viveu: seguindo sua própria vontade, seu próprio caminho.

Red balançou a cabeça, concordando. Ela sabia que seu pai estava certo. Taylor havia tomado decisões que o levaram à ruína, mas também tinha sido ele quem escolheu lutar para se redimir. Ele havia ajudado a restaurar o reino, contribuído para que as coisas voltassem ao eixo. No final, porém, o arrependimento o consumiu, e Red sabia que ninguém poderia tê-lo salvado além de si mesmo.