O Lamento de um Coração Quebrado

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O campo de batalha em Hogwarts estava envolto em um silêncio ensurdecedor, interrompido apenas pelo som distante dos ecos da luta que finalmente chegava ao fim. A batalha havia sido brutal e impiedosa, e o ar ainda carregava o cheiro de fumaça e feitiços malditos. Snape estava paralisado, os olhos fixos no corpo de S/N, que jazia inerte no chão, um cruel testemunho da ferocidade de Bellatrix Lestrange.

A lembrança do momento em que a maldição foi lançada ainda ardia em sua mente, uma cena repetida incessantemente. O desespero que se instalou em seu peito era uma dor que ele nunca havia experimentado. A adrenalina da luta já estava se esvaindo, mas a realidade de sua perda o atingiu com a força de um feitiço mal lançado.

A visão dela, estendida em silêncio, era insuportável. Ele sempre havia se considerado alguém que controlava suas emoções, mas agora, diante da cena mais devastadora de sua vida, essa fachada começou a ruir. Snape deu um passo à frente, as pernas tremendo enquanto a verdade se estabelecia: ela não estava mais ali.

— S/N… — ele sussurrou, a voz embargada, enquanto avançava em direção ao corpo dela. Cada passo parecia uma eternidade, o peso da dor fazendo com que o chão se sentisse pesado como se estivesse carregando o mundo em seus ombros. Quando finalmente chegou até ela, suas mãos tremiam ao tocar o rosto pálido e frio. Ele não podia acreditar que ela havia partido.

A batalha ao redor deles havia desaparecido, os ecos da luta se tornaram meras lembranças. Ele se ajoelhou ao lado dela, tomando o corpo dela em seus braços com uma gentileza que contradizia a fúria que ainda queimava dentro dele. Snape a puxou para perto, envolvendo-a em um abraço desesperado, como se pudesse proteger a memória dela com seu próprio corpo.

Lágrimas começaram a escorregar pelo seu rosto, quentes e incontroláveis, um desespero que ele nunca permitira que emergisse antes. Ele sempre se mostrara forte, inabalável, mas agora a fragilidade de sua alma estava exposta. A dor de perder S/N o esmagava, e ele se viu chorando pela primeira vez, cada soluço uma liberação de um amor que ele não havia conseguido confessar.

— Eu não posso… — ele murmurou entre os choros, a voz quebrada. — Não posso viver sem você…

Os olhares dos outros bruxos presentes na batalha se voltaram para ele, muitos sem palavras. A imagem do professor de Poções, tão severo e temido, agora em lágrimas, era algo que nunca haviam testemunhado antes. O lamento de Snape ecoou como um clamor de desespero, a dor de um homem que finalmente permitia a si mesmo sentir a profundidade de seu amor e perda.

Ele a segurou com uma força que parecia quase possessiva, como se o ato de abraçá-la pudesse trazê-la de volta. O mundo ao redor desapareceu, e tudo que restava era a conexão entre eles, mesmo na morte. A perda dele era palpável, uma sombra que pairava sobre o campo de batalha, fazendo com que os outros hesitassem em se aproximar.

— Por que você fez isso? — ele sussurrou, a voz falhando. — Por que você se colocou na frente dela?

O silêncio o envolveu, mas o eco de suas palavras continuou a ressoar. Snape ficou ali por um tempo interminável, imerso na dor e na solidão. Ele havia perdido a única pessoa que havia ousado tocar seu coração, e a verdade o consumia.

Determinando-se, ele cuidadosamente ergueu o corpo de S/N nos braços e se afastou do campo de batalha. Cada passo foi pesado, cada movimento uma lembrança de sua perda. Ele se dirigiu ao lago, um lugar que sempre tinha sido um refúgio tranquilo, longe do caos. Ao chegar, cuidadosamente deitou o corpo dela na grama macia, próximo à água, e se sentou ao seu lado.

Ali, em meio à calmaria do lago, Snape se permitiu sentir a profundidade de sua dor. Ele a puxou para mais perto, mantendo-a em seu colo, como se quisesse proteger sua memória de qualquer mal que pudesse ameaçá-la. O cheiro da grama e da água se misturavam, criando uma serenidade que contrastava com o tumulto que ainda ardia em seu interior.

— S/N… — ele murmurou, a voz quebrando mais uma vez. — Você foi tudo para mim. Eu não sabia como… eu não sabia como dizer.

As lágrimas continuavam a cair, e ele as deixava fluir livremente, cada uma delas uma representação de sua dor e amor não dito. Snape fechou os olhos, absorvendo a dor da perda e ao mesmo tempo lembrando-se dos momentos que haviam compartilhado, da determinação dela, da força que ela sempre emitiu. A perda dele era palpável, mas ele também sentia que ela sempre estaria com ele, de alguma forma.

— Eu vou encontrar uma forma de honrar você — prometeu Snape, ainda abraçando o corpo dela. — Eu vou lutar por nós, por tudo que você representou. Você não será esquecida.

Ali, à beira do lago, com o corpo dela em seus braços e o peso da dor no coração, Snape decidiu que, mesmo na escuridão mais profunda, ele lutaria pela luz que S/N havia trazido à sua vida.

E que, embora a batalha tivesse terminado, a luta por seu legado estava apenas começando.

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