A escuridão me envolvia como um cobertor pesado, um manto que parecia não ter fim. No entanto, havia uma sensação estranha de leveza, como se estivesse flutuando em um espaço vazio, longe de qualquer dor ou preocupação. Quanto tempo passei ali? Não sabia. Mas, aos poucos, uma luz suave começou a penetrar a escuridão, trazendo consigo sons distantes que flutuavam em minha mente.As vozes eram suaves, quase melódicas, mas carregavam uma tristeza palpável. Tentei me concentrar, tentando entender de onde vinham, mas a confusão só aumentava. Por fim, forcei meus olhos a se abrirem lentamente, a luz do sol dançando sobre a superfície de um lago. O cenário à minha frente era sereno, mas havia algo que chamava minha atenção.
E, à distância, vi uma figura solitária à beira da água. Meu coração disparou. Era Severo Snape. Ele estava de costas, a cabeça baixa, os ombros curvados em uma postura que transmitia uma profunda tristeza.
Nunca imaginei que veria Severo Snape, o professor mais arrogante e temido de Hogwarts, chorando. Aquela imagem era uma contradição em si mesma. Como era possível que o homem que sempre foi a personificação da dureza e da frieza estivesse agora tão vulnerável? Uma onda de compaixão tomou conta de mim, e eu me perguntei o que poderia ter acontecido para levá-lo a esse estado.
— Snape... — murmurei, mas as palavras mal saíram dos meus lábios, um sussurro que se perdeu na brisa suave.
Senti uma vulnerabilidade me invadir, mas a necessidade de me conectar com ele superou a dor que me atormentava. Com um esforço colossal, levantei minha mão e a movi lentamente, como se o simples ato de tentar chamá-lo já fosse uma vitória.
De repente, a cabeça dele se ergueu, e nossos olhares se encontraram. O pânico em seu rosto era palpável. Ele parecia incapaz de acreditar no que via, como se estivesse sonhando ou sob efeito de alguma poção estranha.
— S/N? — a voz dele saiu em um sussurro, quase como se ele estivesse temendo que eu desaparecesse novamente se falasse muito alto.
Levantei minha mão em um gesto hesitante, tentando me aproximar dele. Meu corpo ainda sentia como se tivesse sido esfaqueado, mas a necessidade de conexão era mais forte. Eu precisava que ele soubesse que estava ali.
Ele correu até mim, a expressão em seu rosto mudando de choque para desespero e, finalmente, alívio. Quando finalmente chegou perto o suficiente, me abraçou com tanta força que quase me tirou do chão. O calor de seu corpo e a intensidade da emoção que emanava dele eram palpáveis.
— Você está viva... — ele murmurou, a voz embargada, como se estivesse tentando convencer a si mesmo de que era verdade.
— Sim... estou aqui — respondi, lutando para me manter consciente em meio à tempestade de sentimentos que nos envolvia.
Ele se afastou um pouco, os olhos brilhando com lágrimas não derramadas, e eu percebi que, apesar de tudo, havia um vínculo profundo entre nós. A dor de perder o que amamos pode ser avassaladora, mas a possibilidade de reconexão é ainda mais poderosa.
— Eu pensei que tinha te perdido — disse ele, a vulnerabilidade em sua voz revelando uma faceta que eu mal havia visto antes.
— Nunca, amor. Eu não iria a lugar nenhum — declarei, sentindo o calor das palavras se formando nos meus lábios.
Os olhos dele se arregalaram com a declaração, e a expressão de surpresa logo se transformou em um olhar intenso.
— Eu... eu te amo, S/N — ele sussurrou, como se as palavras fossem um segredo que precisava ser revelado, mas que o aterrorizava.
O mundo ao nosso redor parecia desaparecer, e só existíamos nós dois. Eu nunca imaginara que ele seria capaz de se abrir assim, mas a sinceridade em seu olhar me deixou sem palavras.
— Eu também te amo, Severo. Mais do que consigo expressar — respondi, a emoção quase transbordando em lágrimas.
Ele segurou meu rosto entre as mãos, seus polegares acariciando minhas bochechas com uma delicadeza que contrastava com a força de seus sentimentos. Era como se o toque dele pudesse curar as feridas que ainda cicatrizavam em meu interior.
— Você não sabe o quanto eu temia por você. A ideia de perdê-la me devastaria — disse ele, o olhar sério, como se cada palavra carregasse o peso de suas inseguranças.
— Estou aqui, e não vou a lugar nenhum — prometi, olhando fundo em seus olhos, buscando transmitir a certeza que sentia.
Mas, enquanto ele segurava meu rosto, um olhar sombrio cruzou seu rosto. A batalha ainda estava fresca em sua mente, e a dor da perda pairava como uma nuvem pesada entre nós.
— Não sei como suportaria isso novamente. Ver você em perigo... — sua voz falhou, e a tristeza em seu olhar fez meu coração apertar.
— Severo, estamos juntos agora. Podemos enfrentar isso juntos. Por favor, não tenha medo de sentir — eu o encorajei, colocando a mão sobre a dele, entrelaçando nossos dedos. Essa simples ação parecia cheia de significado, uma promessa de que não estávamos sozinhos.
Ele respirou fundo, como se tentasse encontrar a força dentro de si para acreditar em nossas palavras. Então, como se finalmente liberasse todo o peso que carregava, ele me puxou para mais perto. Nossos corpos se encontraram, e a conexão entre nós se tornou palpável.
Aquele instante foi um misto de alívio e renovação. O calor dos nossos corpos e a intensidade de nossos sentimentos se fundiram em um momento que parecia eterno.
— Eu não consigo imaginar um mundo sem você — ele disse, a voz baixa e profunda, como um sussurro que apenas nós dois poderíamos ouvir.
— E eu não quero que você tenha que passar por isso. Estamos juntos nisso, sempre — respondi, sentindo uma onda de determinação crescer dentro de mim.
Ele inclinou a cabeça e me beijou suavemente, o toque de seus lábios em mim era como um bálsamo, uma promessa de que a dor do passado estava finalmente sendo deixada para trás. O beijo, que começou suave e hesitante, logo se transformou em algo mais profundo, repleto de tudo o que sentíamos um pelo outro.
Naquele momento, percebi que, mesmo diante das dificuldades e das incertezas do futuro, o amor que compartilhávamos era uma luz capaz de nos guiar. Estávamos prontos para enfrentar qualquer tempestade que o destino pudesse nos lançar, juntos, mais fortes do que nunca.
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Queridos leitores,
Chegamos ao fim desta jornada e, antes de tudo, quero expressar minha profunda gratidão a cada um de vocês que acompanhou a história até aqui. Sua leitura, apoio e comentários significaram muito para mim. Peço desculpas se em algum momento a narrativa saiu do contexto ou deixou a desejar. A intenção sempre foi criar uma experiência envolvente e emocionante.
Estou animado para compartilhar que em breve trarei novas fics, então fiquem atentos!
Muito obrigado mais uma vez por estarem comigo nessa aventura.
Com carinho,
Torquatoseverus
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Signum Fortitudinis
FanficContexto da História: "A Marca da Coragem" Em uma noite fatídica durante a Batalha de Hogwarts, a bravura e a vulnerabilidade se entrelaçam de maneira inesperada. Quando o caos toma conta do castelo e seus defensores lutam por suas vidas, uma aluna...