9.31 de janeiro

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•FAYE•

- Eu deveria ter vindo antes, mas devido aos traumas, me aconselharam a cuidar de mim primeiro - expliquei ao delegado, tentando manter a voz firme.

Ele me observou por um momento antes de responder.

- O seu caso foi encerrado como investigação. Vou conversar com o detetive responsável e entrarei em contato.

Assenti, sentindo uma mistura de alívio e frustração. Levantei agradecendo.

- Obrigada, senhor.

Sorrindo, saí da sala, mas assim que coloquei o pé para fora da delegacia, uma ideia surgiu: eu precisava ir à academia de luta. A sensação de se reconectar com o boxe me anima.

Dirijo até o carro alugado e pego meu celular, procurando o número do meu antigo treinador.

- Alô? - a voz grossa e impaciente atendeu.

- Olá, é a Faye Peraya.

- Faye!? Oi, quanto tempo! - disse ele, a animação na voz contrastando com meu estado de espírito.

- Eu preciso conversar com o senhor.

- Imagino que seja sobre o seu retorno a luta?

- Não, ainda não. Podemos conversar pessoalmente?

- Claro, vou te mandar o endereço por mensagem.

- Tá bom, obrigada.

Desliguei e coloquei o celular no colo, sentindo a ansiedade crescer.

Segundos depois, a notificação chegou. Coloquei o endereço no GPS e liguei o carro, dando partida rumo à conversa que pode mudar tudo.

•KEL•

Já fazia dias que não comia bem e não via a luz do dia. Durante a viagem, estive apagada, e agora me encontrava trancada em um espaço pequeno e claustrofóbico. As paredes de cimento pareciam apertar meu coração, e o cheiro insuportável de esgoto tornava tudo ainda mais insuportável.

Tentei comer o pouco que me deram, mas cada garfada me deixou mais fraca. Um aperto no tornozelo me lembrava que estavam me controlando - uma coleira que parecia um símbolo da minha impotência.

Chorava muitas vezes, sentindo-me vulnerável e desamparada. Meu celular fora tirado, e a ideia de nunca mais ver as pessoas que amo me consumia.

Uma batida na porta me fez encolher, abraçando meu corpo dolorido.

- ESTÁ ACORDADA? - uma voz masculina gritou.

- Sim - respondi, segurando a respiração.

A porta se abriu, rangendo como nos piores filmes de terror. Esperava ver meu sequestrador, mas, em vez disso, era um homem mais alto e intimidador.

- ESTÁ com fome? - ele perguntou, e eu apenas assenti, com medo de como isso iria acabar.

- Terá que merecer a comida.

- Como assim? - perguntei, tentando manter a calma enquanto ele se abaixava perto de mim.

Ele não respondeu, mas, com um movimento rápido, destravou a coleira do meu tornozelo. A dor me fez gemer.

- Você vai trabalhar em uma boate. Sabe dançar, né?

- Não - disse, a palavra saindo rápido demais.

Ele me encarou, os olhos frios.

- Então você não vai servir. Poxa, o chefe vai ficar chateado de ter tido todo esse trabalho pra no final acabar com você.

- Não, por favor. Eu posso tentar. Se vocês gostarem, eu danço.- Digo desesperada.

- Ótimo. Vou te dar essa chance.

Levantei-me com dificuldade, a tontura quase me derrubando, mas segui em frente.

Ele me conduziu para fora, e a luz do dia me cegou por um instante. Segui-o até um carro preto, a floresta ao redor parecia estranha e ameaçadora. Entrei no carro, deitando a cabeça para baixo e chorando baixinho, questionando se as coisas iriam melhorar ou se tudo iria desmoronar ainda mais.

MINHA AFILHADA IRRESISTÍVEL /LÉSBICA FAYE PERAYAOnde histórias criam vida. Descubra agora