32.26 de fevereiro

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•Rio •

Abro os olhos com dificuldade, devido à claridade. A cena vem à minha mente e olho para minha perna enfaixada. Olho ao redor, mas não vejo ninguém ali, apenas o barulho irritante do aparelho ao meu lado marcando meus batimentos cardíacos.

Aperto o botão para chamar a enfermeira. Não passam nem três segundos e ela entra no quarto.

- Rio, como está se sentindo? - Ela pergunta, marcando algo no papel enquanto observa o aparelho.

- Bem... só não estou sentindo minha perna.

- Você fraturou o osso. Vai precisar ficar em observação por três dias e, depois, de repouso. - Ela explica, e eu assinto com a cabeça.

- Bom, vou deixar seus acompanhantes entrarem depois que o médico vier te examinar. - Ela diz antes de sair. Tento me sentar.

O médico entra no quarto e me examina. Ele diz que não estou sentindo dor por conta da anestesia, mas, caso o efeito passe e a dor se torne insuportável, devo tomar o remédio que ele deixou ao lado da cama, junto com a garrafa de água. Ele sai em seguida, e eu espero ver a Keneka entrar, mas, para minha decepção, quem aparece é a Faye.

Sua expressão mistura preocupação com alívio, mas ela não diz nada, o que me incomoda.

- Cadê a Keneka?

- Ela foi comprar comida para você. - Faye se senta na cadeira ao lado da cama.

- Me desculpa, Rio... - Ela fala de repente.

- Não foi você que estava correndo na escada.

- Não estou falando disso. Eu... - Ela não termina a frase, tentando encontrar as palavras certas.

- O quê? Voltou com a Endi? - Chuto, não acreditando, mas ela fica em silêncio.

- ... Você realmente voltou com ela?

- Vamos nos casar. - Ela solta a frase rapidamente, e eu a encaro, esperando que ela ria ou fizesse alguma careta, mas não. Ela permanece séria e em silêncio.

- Vai embora. - Falo baixo, desviando o olhar para outro lugar.

- Rio, não pode me afastar de você. Sou sua madrinha.

- Eu posso sim, porque não dou a mínima para isso, Faye.

- Mas eu dou! Sua mãe também ligaria.

- ELA MORREU! - Escapa de mim, fazendo Faye levantar rápido. Nos encaramos, e eu já me arrependo do que disse.

- Eu sei. Esse é o meu pior pesadelo, Rio. - Ela fala, limpando a lágrima que escapou.

- Você me deu outra desculpa para não ficarmos juntas. Se afastou primeiro. Não tem o direito de falar isso quando vai casar com outra pessoa. - Faye fecha os olhos por alguns segundos e volta a se sentar.

Deito, não querendo mais ver o rosto dela.

- Ok. Você pode fazer o que quiser depois que voltar a andar.

Fico em silêncio e, segundos depois, Keneka aparece com uma sacola na mão.

- Quem aqui tá com fome? - Ela fala sorrindo, mas a expressão desmancha ao perceber o clima pesado.

- Você contou pra ela? - Pergunta para Faye, e ela assente.

- Não aguentava mais guardar isso. - Ela passa a mão no rosto.

- Você pode ir se quiser, eu cuido dela. - Keneka fala, mas Faye nega.

- Você tem que ir para a faculdade. - Ela lembra.

- Mas eu... - Keneka me olha para ver se aprovo.

- Pode ir, Keneka. Temos que conversar.

- Mas vão conversar mesmo ou discutir? - Ela pergunta, encarando nós duas.

- Vamos tentar conversar. - Falo, revirando os olhos.

- Como duas mulheres adultas, tá. - Ela fala, depositando um beijo na minha testa e deixando a comida na mesa. Depois, faz o mesmo com Faye e sai do quarto.

- Acho que vai ter que adiar o desfile. - Falo frustrada.

- Não vai. Vou dar um jeito, não se preocupe.

Apenas assinto com a cabeça.

- Por que ela? - Olho para Faye, que solta uma risada triste.

- Você não entenderia, Rio.

- Se você me explicar, posso tentar. Você tinha terminado com ela, não faz sentido isso agora.

Faye levanta e pega minha mão.

- Meio que... estou sendo "obrigada". - Ela explica tudo, e eu me sinto mal por ter falado daquele jeito com ela. Faye sempre deixou claro que ama minha mãe, sempre amou.

- Me perdoa por mais cedo. - Falo, fazendo carinho em sua mão.

- Tá tudo bem. - Ela sorri de forma fraca.

- Se descobrirmos primeiro o culpado, você não vai precisar casar com ela, né?

- Sim. Mas não quero que entre nisso, Rio.

- Eu não vou entrar. A Keneka vai! - Ela franze a testa e abre a boca para falar.

- Fah com certeza sabe, Kene mora com ela e pode tentar descobrir algo. Como? Não sei, mas ela dá um jeito.

- Você vai teimar se eu falar não, né?

- Claro. - Sorrio.

- Tá bom. Lua 2. - Ela fala séria, mas consigo ver um sorrisinho contido.

- E caso não dê certo, vou fazer igual àquelas cenas de filme, invadir casamento. - Falo brincando, e ela ri, negando com a cabeça.

Me movo para o lado com dificuldade, e ela deita comigo.

- Você tá sentindo dor? - Nego com a cabeça.

- Não vai querer comer? Vai esfriar.

- Não quero agora, vou dormir. - Falo, fechando os olhos.

- Não sai do meu lado. - Ordeno, abraçando sua cintura com uma mão.

- Tá bom. - Ela sussurra enquanto sinto sua mão no meu cabelo, fazendo cafuné.

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Desculpa a demora e obrigada por ler

MINHA AFILHADA IRRESISTÍVEL /LÉSBICA FAYE PERAYAOnde histórias criam vida. Descubra agora