A dor de cabeça que me atingiu assim que acordei era quase insuportável, como se estivesse com um tambor batendo dentro da minha cabeça. Fechei os olhos com força, tentando lembrar da noite passada, mas os flashes que vinham à tona eram confusos demais. Festa, muita bebida, rostos desconhecidos… e depois?
Quando tentei me mexer, senti um peso no meu peito. Olhei para baixo e meu coração quase parou.
Matteo.
Ele estava ali, com a cabeça deitada entre os meus peitos, seu corpo parcialmente enrolado na cama ao meu lado. A respiração dele era tranquila, como se não tivesse nenhuma preocupação no mundo. Minha primeira reação foi de pânico...o que caralhos tinha acontecido na noite anterior?
Percebi que eu estava usando uma camisa preta e larga, definitivamente não era minha. O cheiro era familiar, o mesmo perfume amadeirado que ele sempre usava. Merda. Aquilo só poderia ser brincadeira. Fiquei paralisada por alguns segundos, tentando juntar as peças do quebra-cabeça.
O beijo, o maldito beijo. A imagem do Matteo, seu olhar intenso, a maneira como ele me puxou para mais perto, tudo isso me consumia. Aquele beijo era como fogo, queimando todo o meu corpo, enquanto a adrenalina da fuga ainda corria em nossas veias. Não conseguia acreditar que tinha me entregado a ele daquela forma, como se estivéssemos em um filme, tentando escapar da realidade. O modo como seus lábios pressionavam os meus era quase desesperado, como se ele estivesse tentando me proteger de algo mais do que a polícia.
E essa merda de polícia. A lembrança deles invadindo a festa, a luz azul cortando a escuridão, fazendo meu coração disparar. O medo que senti enquanto ele me puxava para o armazém, a sensação de estarmos escondidos e vulneráveis. Ele tampou minha boca, e o contato dos nossos corpos naquele espaço apertado me deixou sem ar, me deixou... molhada. Era confuso, um misto de excitação e pavor.
A ponta de seus dedos ainda parecia estar em minha pele, e não conseguia evitar a sensação de que tudo isso era tão errado. Mas, por outro lado, havia algo inegável e irresistível na maneira como ele me olhou naqueles momentos. A mistura de proteção e desejo me deixava tonta.
Respirei fundo, sentindo o calor do corpo dele em cima de mim, a forma como seus braços me rondavam. Eu precisava sair, mas qualquer movimento brusco poderia acordá-lo. Lentamente, movi seu braço que estava em cima de minha barriga, tentando ser o mais delicada possível. Seu corpo se mexeu levemente, e eu congelei, mal respirando.
Eu repetia pra mim mesma: "Calma, Ayla. Não faz barulho."
Deslizei um pouco mais, torcendo para que ele não acordasse. Minhas pernas estavam presas no lençol e sua cabeça em meu peitoral seria os movimentos mais bruscos ali, o que tornava tudo ainda mais complicado. Maldição.
Quando finalmente consegui me soltar, deixei sua cabeça de maneira delicada sob o travesseiro e me virei para o lado da cama ficando de pé, respirando fundo, ainda sem acreditar que tinha conseguido. Olhei para Matteo mais uma vez, ainda deitado, tranquilo como se nada pudesse atingi-lo. Meu coração estava acelerado, e eu odiava admitir que, por um segundo, o fato dele estar ali, próximo de mim, me deixou um pouco... confortável? O que eu diria a ele quando acordasse? Como iria encarar aquela manhã, sabendo que tudo havia mudado? Eu vou precisar evitar esse cara o máximo possível, isso é um erro, um pecado. Oh Deus. O que Amber e Max fariam se soubessem disso? Pelo amor de Deus, eles vão chegar hoje.
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𝑨𝑳𝑴𝑨𝑺 𝑷𝑼𝑹𝑰𝑭𝑰𝑪𝑨𝑫𝑨𝑺
RomanceEm "Saint Therese", três irmãs órfãs - a sonhadora Ayla, a talentosa Angel e a determinada Stella - vivem aprisionadas no ambiente sombrio de um orfanato. Presas entre o tédio e o desespero, elas sonham com liberdade. Quando a notícia de um casal it...