05, linear

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LUANA NARRANDO

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LUANA NARRANDO

Depois de uma noite frenética na Batalha da Linear, a galera foi direto pra casa do Dopre. Era aquele rolê clássico, onde a gente se juntava pra trocar ideia e dar risada, revivendo as melhores rimas da noite. A casa do Dopre era pequena, mas sempre tinha espaço pra mais um.

— Mano, cê viu a entrada do Barreto? O cara chegou com uma presença absurda! — comentou Kauã, deitado no sofá com uma lata de cerveja na mão, rindo da cena.

— Ah, o Barreto é liso demais. E o Guri também mandou demais. Já era esperado! — Jotapê concordou, mexendo no celular enquanto tentava contar alguma coisa pra Brennuz.

A Kakau tava escorada na parede, observando tudo e rindo das piadas sem parar.

— Aí, cês tão viajando — Kakau começou, com aquele jeito tranquilo de sempre —, a batalha mais pesada foi na semifinal, quando o Brennuz e o Noventa quase se engoliram no palco.

— Puts, aquele momento foi tenso mesmo! — completou Gabrielly, jogada no chão de pernas cruzadas, com uma garrafinha de água na mão. — Fiquei achando que eles iam sair na mão ali, meu coração foi pra lua!

Sofia, que tava do lado da Gabi, riu e balançou a cabeça.

— Que nada, meu! Eles são parceiros demais. Rima é isso, se não tiver uma treta ali no meio, perde até a graça.

— Mas e a rodinha de freestyle depois da batalha, hein? Cê se garantiu, hein Sofia? — Dopre brincou, piscando pra ela.

Sofia deu uma gargalhada e balançou o ombro, meio tímida.

— Ah, eu tava só no embalo, né? Mas foi zica! Aquelas rodas sempre acabam sendo as melhores, porque é espontâneo demais.

Enquanto a galera conversava animada, eu tava mais quieta no canto, só escutando. Meu olhar cruzava com o do Kauã de vez em quando, e eu ainda tentava processar tudo. Era estranho estar ali de novo, depois de tanto tempo. Sentia um peso no ar toda vez que nossos olhares se encontravam, como se aquele passado que compartilhei com ele estivesse pairando por perto, mesmo que ele agisse como se fosse tudo normal.

De repente, bateu uma vontade de sair daquele ambiente por uns minutos.

— Galera, já volto. Vou no banheiro — falei, me levantando devagar.

— Demorou, Lu, mas ó, não some! — disse Kakau, rindo enquanto me via saindo da sala.

O banheiro era no corredor, e eu precisava de um tempo pra respirar, longe daquela energia toda. Mas, claro, as coisas nunca saem do jeito que a gente planeja, né?

Assim que cheguei na porta do banheiro, escutei passos atrás de mim. Quando virei pra ver, era o Kauã. Ele tava com aquela expressão meio séria, mas ao mesmo tempo com aquele sorriso de canto que eu conhecia tão bem.

— Tá fugindo do rolê, é? — ele perguntou, encostando na parede do corredor, bem do meu lado.

— Não, só precisava de um tempo... muita gente, sabe? — respondi, tentando disfarçar a tensão que sentia.

— Sei. Cê sempre gostou de fugir quando o ambiente ficava lotado, né? — ele disse, jogando aquelas palavras no ar, como se a lembrança fosse inevitável.

Fiquei meio sem reação, tentando entender se ele realmente lembrava de tudo, ou se era só coisa da minha cabeça.

— Ah, você lembra disso? — perguntei, sem esconder o tom surpreso.

Ele deu uma risadinha, passando a mão no cabelo.

— Claro que lembro, Luana. Eu lembro de muita coisa.

Aquelas palavras me atingiram de um jeito que eu não esperava. A tensão entre a gente era palpável, mas o clima leve da casa não permitia muito espaço pra aquela conversa aprofundar.

— Bom saber... achei que era só eu que lembrava de tudo — respondi, deixando escapar um sorriso nervoso.

Antes que a conversa pudesse seguir, a porta da sala se abriu, e Jotapê gritou:

— Aí, cadê vocês? Bora voltar, vai começar o som!

Aquele momento estranho e pesado se desfez de repente, e Kauã deu um último sorriso antes de voltar pra sala.

— Vamos? — ele perguntou, como se nada tivesse acontecido.

— Bora — respondi, ainda tentando processar tudo.

A gente voltou pra sala, onde a música já rolava, a conversa fluía solta, e a galera ria alto. Apesar de tudo que tinha passado entre mim e o Kauã, ali, naquela casa, com a energia de todo mundo, parecia que pelo menos por uma noite, as coisas estavam no lugar certo.

O NOSSO AMOR A GENTE INVENTA, Barreto mcOnde histórias criam vida. Descubra agora