08, louco

131 18 9
                                    

LUANA NARRANDO

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

LUANA NARRANDO

O churrasco seguia animado do lado de fora, o som de risadas e música preenchendo o ar, mas minha cabeça estava longe. Desde terça-feira, após a batalha da Linear, as coisas entre mim e Kauã – o Barreto para todos os outros, mas sempre Kauã para mim – tinham mudado de um jeito que era impossível ignorar.

Nós nos beijamos e fomos muito além, trancados no banheiro da casa do Dopre, e desde então a tensão entre nós parecia crescer cada vez mais.

Eu via todos ao nosso redor chamando ele de "Barreto", fazendo piadas, rindo, como se tudo estivesse normal. Mas dentro de mim, nada era normal.

Ele era mais do que o amigo engraçado dos MCs; ele era o Kauã que mexeu comigo de uma forma que ninguém mais tinha conseguido. E, toda vez que eu olhava para ele, sabia que ele sentia o mesmo.

Eu precisava de um tempo para respirar. O ambiente ao redor, cheio de vozes e risadas, me fazia sentir sufocada com tantos pensamentos e memórias.

Me levantei do grupo e fui até a cozinha para pegar algo. Na verdade, era só uma desculpa para ficar um pouco sozinha... ou quem sabe, para criar a oportunidade de esbarrar com ele.

Ao entrar na cozinha, o espaço estava vazio, e eu me apoiei na bancada, tentando organizar meus pensamentos. Mas eu mal tive tempo de respirar quando ouvi a porta se abrir atrás de mim. Meu coração disparou. Era ele.

— Procurando alguma coisa? — A voz de Kauã soou rouca e baixa, carregada de um desejo que fazia cada fio do meu corpo se arrepiar.

Me virei para encará-lo e, antes que eu pudesse responder, ele já estava perto demais, invadindo meu espaço de uma forma que eu ansiava desde aquele último encontro.

Ele se aproximou devagar, mas seus olhos estavam queimando nos meus, como se quisesse me devorar ali mesmo.

Nossas bocas se encontraram de novo, com a mesma intensidade de antes, mas dessa vez o beijo carregava algo mais. Cada movimento de sua língua contra a minha, cada mordida suave nos meus lábios, fazia meu corpo responder mais rápido.

Ele me puxou pela cintura, pressionando-me contra a bancada, e minhas mãos subiram instintivamente até sua nuca, onde minhas unhas arranharam suavemente sua pele quente.

O beijo, que começou profundo, foi ganhando camadas. De um ritmo mais controlado, foi ficando mais urgente, mais voraz. Eu gemi baixinho contra sua boca, e isso só fez ele me apertar ainda mais forte.

Senti suas mãos firmes subindo pelas minhas costas, me puxando para mais perto, como se quisesse que não houvesse nenhum espaço entre nós.

— Você me deixa louco, sabia? — ele murmurou contra os meus lábios, sua respiração quente fazendo cada parte de mim estremecer.

Eu não conseguia responder. Minhas mãos exploravam seus braços, sentindo a força nos músculos enquanto ele me segurava, e a cada novo beijo, a tensão entre nós aumentava.

O calor crescia rapidamente, e logo seus lábios desceram pelo meu pescoço, me fazendo arfar.

A atmosfera na cozinha estava fervendo, e nós dois estávamos completamente imersos um no outro, até que a porta se abriu de novo.

— Opa! — Guri entrou, com uma expressão surpresa e logo um sorriso maroto se espalhou pelo rosto dele. — Tô atrapalhando o casalzinho?

Eu e Kauã nos afastamos rápido, rindo, mas o clima entre nós estava longe de esfriar.

— Vai embora, Guri — Kauã disse, com uma risada, ainda tentando disfarçar o quanto estávamos envolvidos. — Sai fora!

— Tá bom, tá bom, já entendi! — Guri deu uma piscadinha e fechou a porta, ainda rindo.

Assim que ele saiu, o olhar de Kauã voltou a queimar em mim. O riso desapareceu rapidamente, e a tensão voltou no mesmo instante.

— Vem — ele disse, pegando minha mão e me puxando para fora da cozinha. Ele me guiou rapidamente pelos corredores da casa até um dos quartos onde ele costumava dormir quando ficava na mansão da Aldeia.

Quando entramos no quarto e a porta se fechou atrás de nós, o mundo parecia ter sumido. Ele me puxou de novo, e dessa vez o beijo foi ainda mais intenso. Nossas línguas se entrelaçavam, e a cada movimento, a coisa ficava mais quente.

Suas mãos desceram pelas minhas costas até meus quadris, e ele me ergueu, me colocando contra a parede. A urgência em nossos corpos era inegável, e eu envolvi suas costas com as minhas pernas, sentindo o calor aumentar a cada segundo.

Mas então, ele parou de repente, me olhando nos olhos com uma expressão séria, quase dolorosa.

— Lua, por que você foi embora daquele jeito? — ele perguntou, sua voz baixa, mas carregada de emoção. — Em setembro, você sumiu. Voltou pro Rio e me deixou sem entender nada.

Eu desci das suas pernas, sentindo o peso das suas palavras me atingirem. O clima mudou de repente, e eu sabia que era um assunto que a gente tinha evitado desde aquele dia. Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas.

— Eu... — comecei, mas as palavras pareciam presas. — Não sabia lidar com o que a gente viveu. Foi muito intenso, Kauã. Aqueles dias... mexeram comigo de um jeito que eu não esperava. E eu tinha que seguir meu sonho, tinha que voltar pro Rio pra tentar ser artista...

Ele me olhou, o silêncio entre nós se estendendo.

— Mas você foi embora sem dizer nada. Eu acordei, e você já tinha ido. Como se nada tivesse acontecido. — A mágoa na voz dele era impossível de ignorar.

Eu engoli seco, sentindo a culpa pesar.

— Eu achei que seria mais fácil assim. Achei que, se eu ficasse e tentasse explicar, só ia ser mais difícil... pra gente seguir em frente. — Minhas palavras saíam hesitantes, mas eram sinceras.

Ele suspirou, passando a mão pela cabeça, parecendo perdido em seus próprios pensamentos.

— Eu nunca consegui seguir em frente, Lua — ele admitiu, finalmente. — Pra mim, não foi só um romance rápido. Eu achei que significava mais pra você também.

A dor no olhar dele me quebrou um pouco por dentro. Ali, no silêncio daquele quarto, eu sabia que ele estava certo. O que vivemos não tinha sido qualquer coisa, e eu estava enganando a mim mesma ao tentar fugir daquilo.

Nós ficamos em silêncio, o peso do que não foi dito pairando entre nós, mas o desejo ainda estava ali, fervendo logo abaixo da superfície.

O NOSSO AMOR A GENTE INVENTA, Barreto mcOnde histórias criam vida. Descubra agora