09, adeus

153 23 13
                                    

LUANA NARRANDO

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

LUANA NARRANDO

Sentada na cama ao lado de Kauã, eu pintava em silêncio, o som suave da respiração dele era a única coisa que me acompanhava naquele momento.

As cores fluíam naturalmente pelo pincel, e cada detalhe que surgia na tela me fazia reviver nossas memórias. Olhei para Kauã, ainda dormindo profundamente, o rosto relaxado, e observei a maneira como seu braço se esticava, quase como se me procurasse até no sono.

Ele estava ali, tão tranquilo, e eu sabia que seria a última vez que o veria assim, tão vulnerável, tão perto.

Terminei o quadro desenhando a última pincelada de luz que envolvia o casal à beira do mar - nós dois, num momento que parecia eterno.

Por um instante, me perguntei se algum dia teríamos outra chance de estar juntos assim, mas logo afastei o pensamento.

Precisava manter a mente firme, precisava me lembrar dos motivos que me fizeram tomar aquela decisão. Era hora de seguir em frente, de deixar o presente fluir, como ele mesmo sempre dizia.

- É agora, Luana - murmurei para mim mesma, tentando reunir coragem, o peito apertado pela incerteza.

Peguei um pincel fino e comecei a escrever no verso do quadro. Cada palavra que surgia na tela parecia pesar mais do que a anterior, como se cada letra carregasse uma parte da nossa história.

Sussurrei cada linha enquanto escrevia, como se quisesse que apenas ele, em algum nível, sentisse minhas palavras.

- "Kauã, este quadro é nossa lembrança, um momento nosso congelado no tempo, onde éramos só você e eu, vivendo sem pressa, sem medo..." - a voz falhou por um segundo, mas continuei. - "Cada pincelada aqui é uma memória do que vivemos, do que compartilhamos e do que nunca vamos esquecer. Eu te agradeço por ter sido minha liberdade, mesmo que por um instante. Leve esse girassol com você, para lembrar que o que uniu a gente sempre vai florescer, em algum lugar, mesmo que nossos caminhos sejam diferentes."

Assim que terminei, larguei o pincel de lado e fiquei observando a mensagem por um momento.

Lágrimas começaram a se acumular nos meus olhos, mas eu não queria chorar. Não agora. Levantei-me da cama e me inclinei sobre Kauã, dando um beijo suave em sua testa. Ele continuava a dormir, completamente alheio ao turbilhão que passava dentro de mim.

- Obrigada por me ensinar a viver o agora, Kauã - sussurrei, sentindo minha voz trêmula.

Levantei-me, pegando o colar de miçangas de girassol que eu havia comprado na praia. O girassol que nos uniu, que simbolizava tanto. Coloquei o colar ao lado do quadro, sabendo que ele entenderia quando acordasse.

Voltei a juntar minhas coisas pela última vez. Apesar de já estar em Guarulhos há algum tempo, eu nunca realmente desempacotei nada.

Era como se uma parte de mim soubesse que isso tudo era temporário, que o momento de partir chegaria eventualmente.

O NOSSO AMOR A GENTE INVENTA, Barreto mcOnde histórias criam vida. Descubra agora