07, praia

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LUANA NARRANDO

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LUANA NARRANDO

Fomos até uma área mais afastada, onde havia algumas árvores que davam uma sombra gostosa. Estendi a canga que tinha trazido na mochila, enquanto Kauã tirava a camisa e jogava para o lado.

— Lua, vem cá — ele me chamou, sentando-se na canga e abrindo os braços.

Fui até ele, sentando-me entre suas pernas, de costas para seu peito. Ele me envolveu com os braços, me mantendo ali, próxima. Ficamos um tempo assim, apenas observando o mar e ouvindo o som das ondas quebrando na areia.

O calor do corpo dele contra o meu era tranquilizante, e pela primeira vez em muito tempo, senti que eu podia respirar com calma.

— Sabe, Kauã, às vezes eu fico pensando no futuro — falei, minha voz baixa, quase sendo engolida pelo som das ondas. — Tipo, o que vai acontecer, se a gente vai continuar assim... se tudo isso é só uma coisa de momento, ou se tem mais por trás.

Ele ficou em silêncio por um momento, e eu podia sentir sua respiração lenta e profunda atrás de mim. Depois, ele inclinou a cabeça, encostando seu rosto no meu ombro.

— Eu não sei, Lua. Mas acho que o futuro não é uma coisa que a gente precisa planejar tanto. Às vezes, é melhor viver o agora, tá ligado? Deixar as coisas acontecerem como têm que acontecer.

Virei um pouco o rosto para olhar para ele, seus olhos sérios, mas com aquele brilho de sempre. Ele parecia realmente acreditar no que dizia, e havia algo tão genuíno nisso que me fazia querer confiar também.

— Talvez você tenha razão — sussurrei, me virando para encará-lo de frente.

— Talvez? — Ele riu, acariciando meu rosto antes de dar um selinho em meus lábios. — Eu sei que tenho razão.

— 'Ce tá sendo convencido de novo.

Sorri, beijando-o novamente, mas dessa vez sem pressa. Ele me segurou pela nuca, aprofundando o beijo de forma carinhosa, e eu podia sentir o mundo ao nosso redor desaparecer mais uma vez.

Era só a gente, o calor do sol, o barulho das ondas e aquela conexão que parecia tão natural, mesmo com o pouco tempo que tínhamos juntos.

Depois de um tempo, nos afastamos, e ele deu um sorriso maroto, levantando-se.

— Bora pro mar? — Ele estendeu a mão para mim.

— Bora! — Peguei sua mão e me levantei, correndo com ele em direção à água.

O contato da água gelada contra minha pele foi um choque, mas logo estávamos rindo, nos molhando e empurrando um ao outro.

Ele me segurava firme sempre que eu tentava me afastar, como se soubesse que me perder ali seria impossível, mas que a sensação de ser segurada era uma das melhores coisas.

— Tá vendo? Isso aqui é liberdade, Lua. É disso que a gente precisa mais na vida — ele gritou, rindo enquanto me puxava de volta para seus braços.

Deixei que ele me segurasse, minhas mãos em seus ombros, nossos olhares se encontrando por um instante que parecia eterno.

— Talvez, Kauã... Talvez você seja minha liberdade. — Eu disse, sincera, antes de puxá-lo para mais um beijo, as ondas nos envolvendo enquanto tudo ao nosso redor desaparecia.

Nos separamos do beijo, e Kauã ficou ali, me segurando, com um sorriso travesso no rosto.

— Ô, Lua, cê tá virando poeta agora, é? — ele disse, rindo e balançando a cabeça. — "Minha liberdade"... Essa foi boa.

— Ah, cala a boca, Kauã — respondi, rindo e dando um empurrão de leve em seu peito. — Tô falando sério, vai. Cê não sente o mesmo, não?

Ele fez uma expressão mais séria, mas o sorriso no canto dos lábios não desapareceu.

— Sinto sim, Lua. Só que, sei lá... eu gosto de viver tudo de boa, sem pensar muito, tá ligado? Tipo, viver o momento. Você e eu, agora, é isso que importa.

Fiquei olhando pra ele por um instante, sentindo meu coração se acalmar e acelerar ao mesmo tempo. A honestidade dele sempre me deixava assim, meio sem chão.

— Cê tem razão — suspirei, abraçando-o de novo. — Vou parar de pensar tanto e só aproveitar, igual você disse.

Ele sorriu mais, me abraçando de volta e me levantando do chão por um instante, me fazendo rir.

— Aí sim, Lua! Assim que eu gosto. Agora, bora nadar, antes que a gente vire estatua aqui. — Ele soltou uma risada e começou a correr na água, me puxando junto.

— Para, Kauã! Cê vai me afogar! — gritei, meio rindo, meio tentando recuperar o fôlego.

— Relaxa, relaxa! Eu te seguro, sempre seguro — ele falou, me trazendo para mais perto e me segurando pela cintura, me mantendo flutuando.

Fiquei segurando seu pescoço, nossos rostos próximos de novo, e ele me deu um beijo rápido, um selinho molhado pela água do mar.

— Sabia que eu nunca fiz isso antes? — ele disse de repente, sua voz ficando um pouco mais baixa.

— Isso o quê? — perguntei, curiosa.

— Isso aqui... levar alguém pra uma praia assim, tão... só nós dois, sabe? Parece... diferente. Especial, sei lá.

Fiquei sem palavras por um segundo. O Kauã cheio de atitude, sempre confiante, estava ali, vulnerável, admitindo algo que, eu sabia, era importante.

— Pra mim também é especial, Kauã — falei, sinceramente. — Nunca me senti assim com ninguém, de verdade.

Ele deu um sorriso meio bobo, me puxando para outro beijo, e eu podia sentir a verdade no toque dele, na maneira como me segurava. Parecia que, por mais curto que fosse o tempo que estivéssemos juntos, cada segundo era real, intenso, e exatamente o que eu precisava.

— Vem, vamos sair um pouco. Já tô todo enrugado — ele brincou, me puxando para fora da água.

Voltamos para a canga e nos jogamos ali, exaustos, mas felizes. Ficamos deitados, observando o céu, e ele começou a brincar com meus dedos, entrelaçando-os nos dele.

— Lua, cê acha que dá pra gente viver assim pra sempre? — ele perguntou, o olhar fixo no céu.

— Assim como? — perguntei, virando o rosto para ele.

— Assim... sem pressa, sem medo. Só nós dois, sem ligar pro que vai acontecer amanhã.

Fiquei em silêncio, pensando naquilo. No fundo, eu queria acreditar que era possível, que o mundo lá fora não nos engoliria, que poderíamos continuar vivendo dessa forma, sem preocupações.

— Acho que dá, Kauã. Se a gente quiser de verdade, dá sim — respondi, apertando sua mão.

Ele virou o rosto para mim e sorriu, aquele sorriso que sempre fazia meu coração pular uma batida.

— Então vamo querer, Lua. Vamo fazer dar certo.

E ali, deitados na canga, sob o sol e o som das ondas, prometemos a nós mesmos viver aquele momento ao máximo, sem pensar no depois, apenas aproveitando o agora. E, por enquanto, isso era mais do que suficiente.

O NOSSO AMOR A GENTE INVENTA, Barreto mcOnde histórias criam vida. Descubra agora