00, prólogo

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LUANA NARRANDO

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LUANA NARRANDO

Dou um suspiro cansado após fechar a minha mala de roupa da mudança. Sinto o peso da decisão que tomei, mas também a excitação que vem junto com o desconhecido.

— Você vai mesmo, filha? — Ouço a voz suave da minha avó e levanto o olhar, encontrando-a encostada no batente da porta do meu quarto. Seu rosto está marcado pelo tempo, mas seus olhos ainda brilham com carinho e preocupação.

— Preciso seguir meu sonho, vó. Mas, se der tudo errado, eu volto pra cá — falo, tentando soar confiante enquanto me aproximo para abraçá-la. Envolvo-a em meus braços e sinto o calor que só um abraço de vó pode proporcionar.

— Para de pensar no pior, menina — diz ela, me dando um tapa leve no braço, e dou risada com o gesto. — Vai dar tudo certo.

— Espero que sim. Mas agora preciso terminar de arrumar tudo — respondo, me afastando um pouco e voltando para a bagunça do quarto.

Minha avó me observa por alguns instantes, em silêncio. Então, com um sorriso carinhoso, ela acrescenta:

— Tu vai fazer falta, você é a alegria dessa casa.

— Para, vó, senão eu vou chorar — digo, sentindo meus olhos começarem a marejar. Ela ri suavemente, me dá um beijo na testa e sai do quarto, deixando-me sozinha com minhas coisas e meus pensamentos.

Olho ao redor e vejo que ainda há muita coisa para organizar. Pego uma mochila e começo a colocar meus estojos, cadernos, tintas e telas.

Não posso esquecer desses materiais de jeito nenhum, afinal, são o motivo exato de eu estar indo para São Paulo.

Quero me tornar uma artista, e lá é onde acredito que terei as oportunidades que tanto sonhei.

O apartamento que consegui não é nada glamoroso. Na verdade, é mais um escritório adaptado do que um lar, mas já é um começo.

O aluguel é caro, especialmente considerando que só tenho oitocentos reais no bolso, mas estou disposta a fazer sacrifícios.

Sinto um frio na barriga ao pensar em como vou me virar, mas há uma faísca de esperança que me faz acreditar que vai dar certo. Eu sei que não será fácil, mas estou disposta a lutar por isso.

As horas vão passando e, aos poucos, consigo organizar tudo o que vou levar. A tarde inteira foi dedicada a encaixotar e separar minhas coisas, garantindo que apenas o essencial vá comigo.

Não quero me prender ao passado levando mais do que o necessário; quero começar de novo, leve e cheia de vontade de crescer.

Finalmente, tudo está pronto. Olho para a mala e a mochila ao meu lado. O quarto, agora quase vazio, parece maior.

Suspiro novamente, dessa vez tentando expulsar o medo e abrir espaço para a coragem. Já passa das onze da noite, e o horário do meu ônibus se aproxima.

Vou para a sala e encontro minha avó me esperando, como se soubesse que eu precisaria dela nesse momento.

— Pronta, filha? — ela pergunta, e eu vejo seus olhos marejados, mas também um sorriso orgulhoso em seu rosto.

— Pronta, vó. Vou sentir sua falta — digo, e sinto minha voz embargar.

— Eu também, menina. Mas vai lá e mostra pra eles do que você é capaz — responde, me abraçando novamente.

Depois de mais um abraço apertado e algumas palavras de incentivo, coloco a mochila nas costas e pego a mala.

Minha avó me acompanha até a porta, e eu dou uma última olhada para dentro da casa. Meu coração aperta, mas ao mesmo tempo sei que estou fazendo o que preciso fazer.

Saio pela porta, pronta para encarar a nova jornada que me espera. A cada passo, sinto o peso do desconhecido, mas também a liberdade de estar seguindo meu sonho.

E, se tudo der errado, sei que o abraço da minha avó estará sempre aqui, esperando por mim.

O NOSSO AMOR A GENTE INVENTA, Barreto mcOnde histórias criam vida. Descubra agora