Perdição

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É sete da manhã e eu já estou de pé, não consegui dormir muito bem essa noite, os Olhos Azuis atormentaram os meus sonhos — assim que termino de passar o café me sento à mesa, prendo meus cabelos em um coque para aliviar o calor. Jolie aparece se juntando a mim.
—Caiu da cama?
—Não consegui dormir —falo tomando um gole do café.
Mesmo estando um dia quente eu não consigo ficar sem o meu café de cada dia, minha amiga me examina e eu sei que ela percebeu o ânimo da minha cara.
—O que está te incomodando?
—Não é nada.
Mas a verdade é que desde o dia em que eu fugi dele eu vivo atormentada, atormentada e com saudade.
—Coloca o que está te incomodando para fora —Jolie segura a minha mão com carinho —eu sou a sua melhor amiga.
—Acho que você vai me julgar.
—Não vou.
Suspiro e olho para ela.
—É que eu não consigo parar de pensar nele.
—Edward?
Balanço a cabeça.
—Christopher, eu não consigo parar de pensar nele e a verdade é que eu ainda sinto algo por ele, Jolie.
—Ai amiga! A sua situação é muito complicada.
—Ele tem uma coisa que me deixa completamente à mercê dele e eu estou cansada de sentir saudade, estou com vergonha.
Ela aperta minha mão e me lança um olhar compreensivo.
—Você se apaixonou por ele antes de saber que ele era louco, e não é fácil esquecer alguém que você gosta.
Minha garganta se fecha em um nó e eu tenho vontade de chorar.
—Eu me odeio por olhar para o lado na cama e sentir falta dele ali, de sentir saudades do beijo, da voz dele —dou uma risada sem humor —e o pior é que quando o que eu estava lá com ele, tudo o que eu queria era fugir, mas o estranho é que no segundo em que eu fugi e entrei no avião eu me peguei pensando, e se eu voltasse para ele? Se eu conversasse com ele? —balanço a cabeça —E se? —repito indignada.
Balanço a cabeça descrente.
—Acha que se ele aparecesse você teria uma recaída por ele?
—Muito provavelmente, eu adoro Edward e amo estar na companhia dele, mas ele não é Christopher.
Minha amiga me dá um sorrisinho malicioso.
—Você já transou com Edward?
—Ainda não, posso te confessar uma coisa?
Minha amiga assente curiosa.
—Ainda não transei com ele porque tenho certeza de que vou me frustrar —sorrio me lembrando dos momentos com Christopher —ele era muito bom de cama, você não tem noção.
Minha amiga dá uma gargalhada.
—É por isso que você não para de pensar nesse cara —mas agora ela está séria —acha que ele vai vir atrás de você?
Balanço a cabeça tomando o resto do meu café.
—Sim, e odeio estar ansiosa por esse momento.

Tenho assuntos para resolver na gravadora, mas resolvi ir andando para aproveitar o dia lindo — coloquei um vestidinho azul rodado e prendi meu cabelo com uma piranha

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Tenho assuntos para resolver na gravadora, mas resolvi ir andando para aproveitar o dia lindo — coloquei um vestidinho azul rodado e prendi meu cabelo com uma piranha. O sol está quente e isso me faz lembrar do Rio de Janeiro. Sou arrancada dos meus devaneios com um puxão brusco no meu braço, eu tropeço e acho que vou cair, mas mãos grandes me pegam e me jogam dentro de uma van e antes que eu reaja já tem um saco preto na minha cabeça me impedindo de enxergar.
—Cala a boca e fica bem quietinha, tem uma arma apontada para sua cabeça —ouço a voz de um homem e sem seguida sinto algo rígido encostar na minha cabeça me mostrando que ele está falando sério.
Fico quieta sentindo as mãos tremerem, eu aperto forte as alças da minha bolsa. Estou com a respiração pesada e o silêncio me deixa com muito medo. Alguns minutos se passam assim e eu pulo de susto com o barulho da porta da van se abrindo — o homem me puxa com brutalidade para fora e ele praticamente me arrasta para algum lugar que eu desconheço.
Ele me senta em uma cadeira e começa a me amarrar — ele tira o saco da minha cabeça e vejo que estou em uma mansão, a minha frente há uma mesa grande de madeira e ao meu lado um homem alto segurando uma pistola, ele tem olhos castanhos e cabelos enrolados, uma tatuagem de cadeira muito mal feita em seu pescoço. Ele não fala nada e dá as costas para mim saindo do local e fechando a porta atrás de si, ouço vozes, mas não consigo entender o que eles estão falando. A porta se abre em um homem de pele negra entra, ele tem lábios carnudos e tatuagens em seu braço.
—Quem é você? —tomo coragem para falar.
—Olá Kiarah, esperei muito para conhecer você —ele fala me dando um sorriso.
Ele se aproxima de mim e segura meu queixo.
—Você é tudo o que dizem e mais um pouco.
—O que você quer de mim? —minha voz sai tremula quando falo.
Ele se recosta na mesa à minha frente cruzando os braços musculosos.
—Quero que me conte qual é o esquema da máfia italiana.
—Eu não sei de nada, não sei qual o esquema deles.
Ele dá uma risada assustadora e eu acho que devo ter algum problema mental porque eu estou achando-o muito atraente.
—Eu sei que era namorada do Baronni —agora ele se aproxima de mim puxando meus cabelos para trás —se não me contar eu vou ser obrigado a machucar você.
Meus olhos se enchem de lágrimas e o medo surge fazendo meu peio gelar.
—Ele me enganou, eu não sabia que ele era um psicopata, ele me mantinha trancada, eu não sei de nada. Eu juro! —falo em meio às lágrimas.
O homem está prestes a falar novamente, mas é interrompido pela porta que se abre e o homem que me sequestrou entra.
—Baronni está na linha, funcionou.
Meu coração dá um salto. Christopher ligou para ele, será que ele sabe que esse homem está comigo?
—Olha quem resolveu dar as caras, é o seguinte, Baronni, quero que marque uma reunião comigo ou eu vou machucar a sua gatinha —ele fala e então fica calado provavelmente ouvindo o que Christopher está falando. —Você não ousaria...
O homem suspira e então coloca celular perto de mim e noto que está no viva voz.
—Kiarah! —a voz dele sai mais rouca do que o normal e a familiaridade da sua voz me deixam mais calma.
Meu coração está acelerado e a saudade e isso me deixa um pouco tonta — não tinha noção do quanto eu sentia falta dele até esse momento.
—Christopher! —eu o chamo chorando —eu estou com medo.
—Calma princesa, vai ficar tudo bem —ele fala com voz firme do mesmo jeito que falou comigo quando a sua casa foi invadida.
—Você promete, Olhos Azuis?
Agora não consigo mais controlar as lágrimas e não são lágrimas de medo, são pela falta que eu sinto dele.
—Se você não a soltar agora, eu juro que mato você e toda a sua geração Martin —Christopher rosna para o homem à minha frente.
Martin não tem tempo para responder, a porta é arrombada e vários homens todos vestindo uma farda preta empunhando fuzis entram e apontam para ele.
—Acha que eu não gente ai? Eu estou em toda parte Martin, encoste um dedo nela e você morre, me ouviu?
Ouço a voz de Christopher ao telefone.
—Você não seria louco para matar o chefe da máfia espanhola —Martin o ameaça.
—Você quer pagar pra ver?
Assim que Christopher fala isso eu ouço um disparo e um grito em seguida, o grito de Martin, eles atiraram na perna dele. Martin cai no chão derrubando o celular e um dos homens de Christopher vem até mim me desamarrando, não consigo ver seu rosto poque ele usa uma máscara de caveira. Eu me levanto e acompanho ele até a saída, o homem não diz uma palavra — assim que estou na rua começo a andar o mais rápido que posso para longe dali. A voz de christopher ainda me assombra, eu estou vivendo em negação e não posso negar que ele é a minha perdição.

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