O Jogo Dele

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Acordei com o som de correntes arrastando no chão. Meus braços estavam esticados acima da cabeça, presos por algemas grossas a uma corrente enferrujada pendurada no teto. A dor nos ombros era insuportável, e meu corpo inteiro tremia. Estava descalça, vestindo apenas uma camiseta fina que não era minha. As pontas dos meus dedos dos pés, mal alcançava o chão e meu corpo tremia, minha cabeça estava pesada como se eu tivesse sido drogada e então abri os olhos. A primeira coisa que vi foi Jolie, do outro lado da sala, na mesma condição. Seus olhos estavam inchados de tanto chorar, e seu rosto tinha um corte fresco na bochecha.

— Jolie — sussurrei com a voz falhando. — Você tá bem?

Ela tentou sorrir, mas o lábio tremia, eu chorei, não sabia o que estava acontecendo e nunca estive tão apavorada como agora.

— Já estive melhor.

A sala onde estávamos era úmida, com paredes de pedra e sem janelas. O chão frio de concreto, coberto de manchas que eu preferia não saber o que eram. Luzes amareladas piscavam sobre nossas cabeças como numa espécie de câmara de tortura de filme antigo. Só que aquilo era real e fazia o meu estômago revirar e um gelo percorreu minha espinhas quando ouvimos passos se aproximando da porta de ferro. Martin entrou como se fosse o dono do mundo — ou pelo menos daquele inferno particular. Usava luvas de couro e um sorriso preguiçoso no rosto. Trazia uma taça de vinho na mão como se estivesse prestes a nos servir um jantar, não um pesadelo, eu conhecia aquele sadismo nos olhos dele porque já vi aquilo nos olhos de Christopher só que os dele eram mais assustadores e letais. Foi aí que meu peito se encheu ao me lembrar dele — Christopher, ele iria vir até aqui, ele irá tirar a gente desse lugar.

—Minhas meninas estão acordadas —ele disse, saboreando cada palavra como se fosse um banquete. — Tão lindas assim, presas… vulneráveis. Eu poderia passar horas apenas observando vocês.

—Seu desgraçado — Jolie cuspiu. —Eu confiei em você, me entreguei!

Ele riu.

—Tanta fúria, Jolie. E ainda assim, você gemeu pra mim como uma vadia agradecida. —Ele se aproximou dela e passou os dedos por sua bochecha machucada, provocando-a. —Não adianta se fazer de difícil agora.

Eu tremia de raiva, impotência, nojo.

—Você não vai sair impune disso —minha voz estava fraca, mas firme. — Christopher vai te matar.

Martin se virou pra mim com os olhos brilhando, quase excitado.

—Ah, Christopher! Eu espero ansiosamente por ele. Quero vê-lo se desmanchar quando te vir assim. Quero que ele sinta a dor de perder você para alguém melhor… mais cruel. —Ele se aproximou de mim devagar e eu tentei recuar. — Você não faz ideia do quanto eu planejei isso. A forma como você fala, como se defende... isso me excita.

Ele passou os dedos pelos meus lábios rachados e eu estremeci.

— Seu medo me dá vida, princesa. Você é a mulher mais linda que eu já vi — sua voz agora era um sussurro, quente e asqueroso — e vai ser só minha. Assim como sua amiga já é. Vocês vão aprender a me adorar.

Jolie se debateu com força e gritou, mas as correntes só tilintavam num som miserável. Martin se virou devagar, tomando outro gole de vinho.

— Vou dar a vocês um tempo para pensar no quanto pertencem a mim agora. — Ele caminhou até a porta, mas antes de sair, virou-se e sorriu com crueldade. — Ah, e se Christopher vier, ele verá. Tudo. Talvez eu grave para ele. Pra que ele nunca esqueça que perdeu.

A porta se fechou atrás dele com um estrondo, e um silêncio tenso caiu sobre a sala. Meus ombros doíam, minhas lágrimas caíam silenciosas.

—Jolie — murmurei. —Ele vai pagar por isso. Juro por tudo que ele vai pagar.

Ela assentiu, e mesmo naquele estado miserável, vi uma centelha de força nos olhos dela.

Christopher... onde você está?

Por favor... vem me buscar.

Eu gritava internamente como se em algum lugar ele pudesse ouvir a minha mente gritando por ele.

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