Kiarah era uma jovem frágil e sensível, que após perder todos que amava em um trágico acidente de avião, se viu desamparada e sem esperança. Foi nesse momento de vulnerabilidade que Christopher, um garoto misterioso e sedutor, entrou de mansinho em...
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CHRISTOPHER
Meus braços envolveram Kiarah como uma promessa viva. Seu corpo ainda trêmulo de dor e medo repousava contra o meu peito. Os olhos dela estavam inchados, perdidos, não choram mais — como se até as lágrimas tivessem sido arrancadas. E eu juro que vou tirá-la daqui. Nem que precise arrastar o inferno inteiro pelas vísceras. Nem que eu precise dar a minha vida desgraçada para que ela respire mais um segundo.
Cada passo era um eco de ódio. Meus pés afundavam no chão encharcado de sangue — o sangue dos três vermes que ousavam tocá-la. Fiz questão de manter seus olhos fechados enquanto eu quebrava um por um, como quem esmaga cascas vazias. Mas a presença de Martin ainda pesa no ar. Eu sei que ele está aqui. Ele não fugiria tão fácil. Ele quer ver, ele quer bancar o grandão, mas o que ele não sabe é que eu sou tão louco quanto ele, eu sou pior. Eu ainda tinha a imagem de Jolie morta aos pés de Kiarah na minha mente e acho que isso vai assombrar minhas noites por um bom tempo.
A porta da frente estava a poucos metros quando ouvi os estalos, vários passos correndo em nossa direção apertei mais Kiarah em meus braços sentindo a adrenalina correr nas minhas veias. Vasculhei a escuridão procurando por eles, por Martin e então eles apareceram — Três, quatro, cinco homens armados surgiram do corredor, cercando a entrada. E no meio deles, feito um demônio que se recusa a morrer, Martin. Com o rosto manchado de sangue — parte dele, parte de Jolie. Maledetto!
Ele me olhou como se fosse um rei zombando de um mendigo, mas nada me intimidava, nunca intimidou e Martin ia provar o sabor doce do meu veneno e da minha loucura. — Achou mesmo que sairia assim, Baronni? — Ele cuspiu meu sobrenome como se fosse veneno. — Com a minha boneca no colo? Desiste, você não tem mais nada, eu vou tomar tudo, seu império e a sua vadia. Minha mandíbula travou. Senti a raiva subir como febre queimando meu pescoço. Kiarah enterrou o rosto no meu ombro, soltou um soluço preso. E aquilo foi tudo. O suficiente pra me desmontar por dentro — e me remontar mais perigoso e se antes eu estava me controlando, agora nada mais me impede. — Vou ser generoso. Deixe ela aqui comigo dee eu deixo você sair andando. Soltei uma gargalhada, eu ri de verdade, minha cabeça tombou para trás, meu corpo todo tremeu com o riso, mas não era humor, era algo mais letal como uma besta rugindo. Kiarah se encolheu, como se o som da minha gargalhada fosse uma confissão de que eu ia morrer ali mesmo ela me conhecia bem demais para saber o que aconteceria agora. — Eu nunca saio inteiro, Martin. — Falei baixo, cuspindo cada sílaba como uma lâmina. — Mas você… você não sai vivo. Encostei Kiarah na parede úmida. Segurei o rosto dela entre minhas mãos, sujas de sangue. Ela tentou segurar meus pulsos e agarrou minha camiseta com os olhos arregalados me implorando. — Não, por favor. Não faz isso. — A voz dela saiu num sopro fraco. —São muitos, eles vão matar você. — Cobre os olhos, princesa. — Sussurrei, encostando minha testa na dela. — Não olha. Prometo que vai acabar logo. — Christopher… — Ela chorou baixinho. — Eu tenho medo de te perder. Beijei a testa dela, senti o gosto de suor e sal. — Você não vai me perder. — Eu disse. — Quem vai se perder hoje é ele. Me virei devagar e eles estavam todos ali, esperando por mim e Martin no meio deles sorrindo só esperando para dar a ordem do ataque e eu estava mais do que pronto, estava com sede de sangue. O primeiro dos cães avançou. Vinha rápido, arma erguida, coragem de quem não sabe morrer direito. Eu desviei do golpe, agarrei o braço dele e girei. O estalo foi seco e ele gritou assustado, tranquei o som na garganta dele com uma cotovelada que esmagou a traqueia. O corpo caiu, ainda esperneando e eu já estava sendo agarrado pelos cabelos, um deles me jogou no chão, mas eu me pus de pé em um pulo quando o outro veio na faca. Cortou meu ombro quando não me esquivei a tempo.