Terraço (Cap. 3)

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19 de setembro de 2016 segunda-feira.

Duas semanas se passaram desde o ocorrido no armário e de vez em quando meu cérebro me lembrava do que tinha acontecido como uma forma de me punir, provavelmente, e eu sentia meu estômago revirar toda vez com aquela projeção. Ainda não acreditava na idiotice que eu tinha feito e me aliviava pensar que arrependimento não era algo fatal, caso contrário, eu já estaria a sete palmos do chão. Porém, tinha uma pequena parte orgulhosa dentro de mim que me convencia que a sonsa só sobreviveu para contar história por causa daquele beijo, então, mesmo que eu continuasse torcendo para um raio atingir sua cabeça, pelo menos eu não tinha sido negligente em nenhum momento. Mesmo assim, não importava. Julia e eu estávamos mil vezes mais distantes desde então e ela estava muito mais agressiva e raivosa, enquanto eu não dava a mínima para aquele cão de briga. O único problema era o fato de Caleb e Tris estarem mais próximos e eu precisei manter a Guerra Fria fora das aulas de biologia em respeito ao meu melhor amigo a partir do momento que ele começou a convidar a Tris para se sentar com a gente no almoço e, consequentemente, ela trouxe sua amiga junto. Eu não tinha um grande problema com a Tris como pessoa, ela era legal e ficou nítido quando quebramos o gelo e pudemos conversar mais depois do desastre daquele esquenta, mas inevitavelmente eu me incomodava com ela por causa do Caleb.

Ninguém sabia o que tinha acontecido. Não porque ela me jogou contra a parede e me ameaçou, eu não dava a mínima para as ameaças dela, mas porque eu mesmo tinha vergonha de sequer falar isso em voz alta. Preferia que um raio também me atingisse se eu ousasse dizer. Portanto, estive com aquele segredo escondido a sete chaves durante todos os dias e não era exatamente difícil de mantê-lo oculto, o problema era a culpa que me sondava quando eu pensava que tinha evitado beijar várias garotas em respeito à Maya e tinha beijado justamente o belzebu. Ela, por sua vez, tinha sumido das redes sociais, provavelmente por causa da sua cadelinha falecida, e é claro que minha mensagem tinha sido ignorada mais uma vez. E era isso o que me enlouquecia.

— Você tá tão quieto ultimamente, tá rolando alguma coisa? — Jordan percebeu quando estávamos apenas nós dois à caminho da próxima aula.

— Não, tudo bem. — Balancei a cabeça fingindo tranquilidade.

— Nick, qual é. Você tá estranho desde a festa do Carter. Ainda está puto por causa do armário? Foi só uma brincadeira, eu sei que vocês não iam fazer nada lá dentro.

Não tínhamos falado absolutamente nada do armário, porque naquela noite eles estavam bêbados e desesperados para fugir, não os vi naquele final de semana e depois o assunto simplesmente morreu.

— Não estou puto por isso. Não, mais. Mas só pra você saber, foi uma brincadeira idiota pra caralho e extremamente irresponsável. A cretina da Julia tem claustrofobia e eu achei que fosse ter que entregar o corpo dela pra mãe no final daquela noite, tá?

— Quê? Sério? — Ele arregalou seus olhos claros, incrédulo, e eu assenti. — A gente não fazia ideia.

— Eu tentei ligar pra vocês pra avisar, mas ninguém me atendeu.

— Meu celular estava no silencioso por causa da aula, eu esqueci de tirar quando saí — ele começou a se justificar, mas já não importava mais. — Enfim, foi mal, tá?

Jordan esticou um dos seus punhos fechados na minha direção com um sorriso arrependido e eu devolvi o toque. Realmente não estava mais nervoso com aquilo em si, o problema era mil vezes maior, mas esse eles jamais ficariam sabendo.

— Eu ainda acho que você está esquisito, mas não precisa falar se não quiser.

— É só um problema idiota. — Ri pelo nariz enquanto dava de ombros. — Eu sou um idiota, na verdade. A Maya está a muitos quilômetros de distância daqui há quase três meses e eu ainda tô pensando nela. Eu odeio isso.

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