Melhores Amigos (quase) Sóbrios (Cap. 14)

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09 de dezembro de 2016 — sexta-feira.

Jordan tinha arrumado mais uma festa com seus "contatos" e ele não sossegou enquanto eu não confirmei minha presença. Como de costume, meus pais não me proibiam de ir à lugar algum ou fazer alguma coisa, mas naquela sexta, eu estava terminantemente proibido de tomar um gole de álcool sequer porque teria treino no dia seguinte e não podia prejudicar meu rendimento pré-competição. Sendo assim, eu era mais uma vez o motorista do rolê, mas naquele dia não estava tão incomodado quanto da outra vez. Portanto, busquei o Jordan primeiro e depois a Julie, que me pediu para buscá-la na avenida e entrou no carro como um furacão, jogando-se no banco traseiro quase como se fosse uma das detentas do pai dela. Pensei em perguntar se estava tudo bem, mas com seu bico gigante achei melhor deixar ela beber um gole de alguma coisa primeiro. E assim partimos.

Depois de quase um mês me familiarizando com aquele "novo Jordan" e ouvindo-o falar dos seus ficantes, aprendi que ele só saía com gente tão rica quanto ele. E isso explicava a mansão na qual fomos parar depois de vinte minutos dirigindo, tendo certeza que iríamos acabar mortos em um córrego quando o GPS nos mandou para uma estrada esquisita que deu naquele casarão luxuoso. Até mesmo o Jordan que não era de se impressionar com esse tipo de coisa estava abismado e, novamente, se vangloriou pelos seus contatos. Estacionei o carro junto de vários outros e foi inevitável me sentir inferior com o meu Chevrolet no meio de tantos Audi e BMW, mas eu sobreviveria àquilo. Fomos em frente em direção à entrada e os dois estavam caminhando em cada lateral minha, observando cada detalhe daquela fachada esculpida enquanto escutávamos a música alta que vinha do lado de dentro. Jordan cumprimentou alguns conhecidos assim que entramos, mas não pareceu tão tentado a ir com um deles, assim nos acompanhando pelo primeiro andar até sairmos no quintal, que tinha uma piscina gigante na qual alguns caras nadavam só de cueca. Por um segundo, eu me perguntei o que estava fazendo lá, mas ao olhar a empolgação no rosto do Dan, comentando alguma coisa com a Julie que eu não consegui ouvir, entendi que era importante para ele estarmos juntos em festas tão diferentes da que nós frequentávamos, então estava tudo bem. Depois de alguns minutos, eles pegaram um drink para cada e eu quase me atirei na piscina pela tentação de ter um barman fazendo as melhores bebidas e eu não poder pegar nenhuma, mas ele me fez um drink sem álcool. Logo em seguida, Jordan e Julie me deram um chá de sumiço e eu fui andar pela casa. 

Não podia conter minha curiosidade estando em um lugar tão interessante. Já me imaginava puxando um livro em uma estante qualquer e abrindo um tobogã para uma sala secreta... Eu definitivamente não tocaria em absolutamente nada. E segui perambulando. Aquela era de longe a festa mais "estranha" que eu já estive e estar nela sóbrio era realmente chato. Eu contornava pessoas em pegações frenéticas e praticamente obscenas com uma grande cara de paisagem, me perguntando que adolescentes eram aqueles e por que eu parecia um velho conservador entre eles? Depois de muito tempo ali é que me dei conta que o contato do Jordan era um universitário, então grande parte daquela galera já tinha uns vinte anos. Novamente: o que eu estava fazendo lá? O que nós três estávamos fazendo lá, na verdade... Eu não iria me meter na diversão daqueles dois sem noção e não podia ir embora, então peguei uma garrafa de água na cozinha e continuei zanzando. Até que cheguei em uma parte mais tranquila daquela casa e eu conversei com um pessoal por um tempo. Por sorte, nenhum deles fez questão de saber de qual faculdade eu era. Não sei dizer se eu tinha cara de adolescente o suficiente ou se eles só não davam a mínima, mas foi ótimo porque eu era um péssimo mentiroso.

Quando comecei a me cansar do papo absurdo deles, saí perambulando e encontrei uma sala de música vazia que tinha um sofá de couro confortável e ali me deitei. A porta ficou entreaberta, assim abafando a maior parte do som, mas ainda me permitindo ouvir uma música. Me arrependi disso no instante em que ligaram um aparelho de karaokê e as piores pessoas do mundo tiveram acesso aos microfones. Era tenebroso. Em algum momento, as pessoas realmente boas tomaram conta e ficou um pouco melhor, mas elas ainda estavam bêbadas, então não tinha nenhuma Mariah Carey no recinto. Era engraçado, no final das contas. Talvez uma hora tivesse se passado e eu continuava deitado mexendo no celular quando Julie bateu contra a porta e entrou se agarrando com um cara que eu não fazia ideia de quem era. Fiquei encarando os dois só esperando o momento que iam se dar conta do que estavam fazendo. Eles não estavam nem aí. Quando pensei em gritar para a Julie dar o fora, ela mesma se afastou do garoto e começou a reclamar:

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