A Festa do Dan (Cap. 6)

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21 de outubro de 2016   sexta-feira.

Apesar da tragédia com a Mary, as coisas voltaram ao normal no colégio. Tão normal que Julia e eu voltamos a nos bicar como se nunca tivéssemos parado, embora ela agisse mais grosseira do que eu grande parte das vezes enquanto eu só retrucava suas ofensas. Não estava no pique para provocar ninguém, principalmente ela, porque eu me sentia um pouco culpado, de repente, mas não era trouxa. Porém, em raras exceções conversávamos como pessoas normais. E essa era uma das exceções, quando Jordan decidiu nos chamar para ir para a sua casa mais tarde para bebermos uns gorós e ficarmos de bobeira:

— Valeu pelo convite, mas eu não vou poder ir — Julia afirmou durante o almoço.

— Por quê? — perguntei.

— Eu ainda estou de castigo por ter chegado depois do horário na semana passada. — Ela bufou por isso.

— Ah.

Passei o restante do dia pensativo sobre como sua família parecia injusta demais até estarmos sozinhos cumprindo mais um dia do nosso castigo, que naquele dia era limpar o laboratório de química. Achei um castigo perigoso para nós dois, mas eu estava mais controlado depois de tudo.

— Ei, como estão as coisas na sua casa? — perguntei de repente, surpreendendo-a. — Alguma novidade sobre o caso do seu irmão?

Eu sabia que a chance dela me responder de maneira ríspida era enorme e eu já me preparava para isso. Só que não foi o caso.

— Nada mudou. Meus pais agem como se nada tivesse acontecido, ninguém fala do James ou do que aconteceu, e quando eu pergunto, eles me ignoram. 

— Sério? Mas ele ainda está preso, né?

— Deve estar. — Ela deu de ombros, passando pano em uma das bancadas. — Eu realmente não sei de nada. — Julia olhou na minha direção e sua expressão passava uma transparência chateada. Ela não sabia mesmo.

— Onde será que ele está preso? Talvez você conseguisse ir visitá-lo se soubesse dessa informação.

— Também não faço ideia! — Ela exclamou em um tom impaciente, mas eu percebi que aquela impaciência não era sobre mim, era sobre não saber de nada. Logo ela se sentou em um dos bancos e deixou o pano de limpeza e o spray de produto sobre a bancada recém limpa, mantendo sua atenção na minha direção. — Na segunda, eu tentei conversar com os meus pais quando cheguei em casa, citando o memorial da Mary e perguntando se o James tinha feito isso, mas tudo o que eu ganhei de resposta foi: não é da sua conta, vai tomar banho que o jantar já vai ficar pronto. Sério que jantar e tomar banho estão na lista de prioridades, mas saber que porra meu irmão fez, não? Isso está me deixando maluca a semana toda! Essa dúvida está me matando, eu juro por Deus. Eu ando pelos corredores e as pessoas me olham. Eu sei que elas me olham como sempre olharam. Como se eu fosse a droga de um pedaço de carne. Só que eu entro em desespero se, na verdade, elas me olham porque sabem que foi meu irmão que matou a Mary! — Julia disparou em segundos, tagarelando quase tanto quanto na minha casa, e eu me surpreendi porque definitivamente não estava esperando ter uma conversa séria com ela depois daquela semana toda de rixa.

Porém, entrei na onda para não estragar o que quer que fosse aquilo. Eu ainda era um bom ouvinte, afinal.

— Nem você tem certeza se foi ele mesmo, então eu te garanto que ninguém te olha pensando nisso. Relaxa.

— E se alguém viu? — Ela arregalou os olhos.

— E quem vai saber que ele é seu irmão? — Arqueei uma sobrancelha. — Se fosse o Dylan, seria fácil, mas o James?

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