Estranheza (Cap. 9)

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14 de novembro de 2016 segunda-feira.

A semana anterior tinha sido estranha e não adiantava o quanto eu corria atrás do Jordan e do Caleb para fazermos alguma coisa juntos ou simplesmente conversarmos como sempre no nosso grupo, era nítido que as coisas estavam diferentes. Mais do que nunca. Eu ainda não sabia se a festa da Morgan tinha alguma coisa a ver, mas era fato que aquela amizade já estava balançada há muito mais tempo e eu sabia que ia chegar ao fim se continuasse daquele jeito. Eu não queria o fim. Então, estava desesperado e completamente desnorteado. Eles podiam não ser os únicos amigos que eu tinha, porém, eram os únicos Jordan Müller e Caleb Frederich e obviamente não parecia existir um Nick Martin sem eles. Portanto, cheguei ao colégio na segunda-feira confiante que tudo estaria melhor por um milagre. Precisava estar.

Ao entrar, avistei Julie e Jordan sentados na escada conversando e pareciam igualmente concentrados um no outro como se um assunto muito profundo estivesse acontecendo ali. Fui até meu armário deixar meu material e depois segui até eles.

— Bom dia! — exclamei com um sorriso otimista, me encostando na parede. — Do que estão falando? — perguntei em seguida, torcendo para ser incluído.

Jordan desfez o sorriso largo no mesmo segundo, parecendo assustado ao me ver.

— Oi! Como foi seu final de semana? — ele perguntou por cima, ignorando minha pergunta. Olhei para a Julie sem entender e ela parecia igualmente estranha. Aquilo foi esquisito.

— Ah... Normal. O de sempre — falei mais desanimado enquanto mexia no meu cabelo. Dan assentiu, sorrindo forçado, e Julie apenas dividia sua atenção entre nós dois com uma aflição estampada. — Viram o Cal por aí? — indaguei novamente, olhando para as pessoas que passavam por nós.

— Ele e a Tris pareciam apressados para alguma coisa quando eu cheguei — Julie mencionou, apontando para o andar de cima com o polegar.

Jordan continuou quieto, incomodado. Era a minha presença que causava isso? Antes que eu pudesse sequer formular uma nova pergunta, o sinal ecoou por todos os lugares e os dois se levantaram. Dan foi o primeiro a correr para sua sala de aula, deixando Julie e eu sozinhos naquela escada por alguns segundos até ela também se despedir e seguir para a sua aula. Passei as duas primeiras aulas com um turbilhão de pensamentos na cabeça e não consegui prestar atenção em nenhuma matéria. Eles estavam me evitando? Eu tinha feito alguma coisa? Eu tinha dito alguma coisa? Aquela dúvida me enlouquecia e eu não tinha o menor foco. O professor da segunda aula provavelmente chamou meu nome umas cinco vezes e eu só atendi quando minha colega da carteira de trás me cutucou para eu ir até a mesa dele buscar minha prova corrigida. Ótimo, tirei 8,5 em história, mas não podia me importar menos porque a única história que era da minha conta naquele momento era da minha própria vida. Até que o sinal tocou mais uma vez e eu sabia que a próxima aula seria biologia, o que significava cinquenta minutos grudado na Julie, então podia ser exatamente o que eu precisava naquele momento. Deixei a sala apressado como se tivesse acontecendo um incêndio e encontrei-a no caminho, andando distraída com seu celular na mão, digitando com uma destreza impressionante mesmo com aquelas unhas enormes. Ela parecia irritada com alguma coisa porque a cada passo, ela bufava umas cinco vezes.

— Oi, companheira de biologia — falei ao começar a acompanhá-la em direção à sala.

— Oi — ela respondeu com a atenção fixa no telefone.

— Aconteceu alguma coisa?

Julie digitou por mais alguns passos em silêncio, então enviou a última mensagem e bloqueou o celular, enfiando-o no bolso traseiro da calça jeans e finalmente olhando para mim.

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