Vermelho, Azul e Amarelo (Cap. 10)

8 1 4
                                    

Julho de 2011.

Era o primeiro dia do verão e Nicholas passou o trajeto inteiro reclamando com os pais sobre o acampamento que eles haviam decidido mandá-lo. Sua principal reclamação era sobre a Olivia continuar em casa com a Hannah e ele não. O motivo disso era que Grace e Zack estavam exaustos das brigas constantes dos dois e a psicóloga do Nick havia sugerido um passatempo longo nas férias para que ele pudesse gastar energia para diminuir um pouco daquela criança intensa e hiperativa que ele era. Foi esse conselho que fez os dois colocarem o garoto na aula de bateria e karatê, mas apenas a música o manteve realmente entretido, embora artes marciais fosse bom para autodefesa e ele precisava bastante disso na época.

O caminho até o acampamento era bonito. Uma estrada arborizada que, dentre toda a vegetação, era possível observar alguns animais silvestres, como as placas tanto indicavam. Nick não dava a mínima para nada daquilo, sentado no banco traseiro de braços cruzados e emburrado dentro de uma camiseta de rock que o pai tinha dado quando foram juntos ao show do Guns & Roses meses antes. Tinha sido o primeiro show dele e foi incrível. Após intermináveis duas horas, Nick avistou a placa do Acampamento Vanderwood pintado manualmente com tinta envolto de desenhos feios de crianças. Ele torceu o nariz. Em parte por ter chegado e em grande parte porque eram desenhos feios. Ele era um ótimo desenhista. Até um pouco metido por isso.

— Olha quantos amiguinhos pra você, meu amor! — Grace exclamou sorridente do banco frontal, em uma voz melódica, apontando para todas as crianças se despedindo dos pais na entrada.

— Não fala comigo como se eu tivesse a idade da Hannah — Nick resmungou, olhando para fora de cara feia.

Zack esboçou um riso do banco do motorista, olhando a esposa de canto de olho.

O carro foi estacionado em uma das várias vagas ainda disponíveis e os pais desceram primeiro. Grace foi até o porta-malas pegar a bagagem que ela mesma havia separado com carinho enquanto Zack abriu a porta do filho e praticamente o colocou para fora.

— Eu não quero ir! — Nick bateu o pé.

Seu cabelo era comprido na altura dos ombros exatamente como o do pai nessa época, o que fazia com que cada movimento seu balançasse cada uma das mechas escuras.

— Você vai gostar, cara! — Zack exclamou, abaixando-se em um joelho para ficar quase na mesma altura do garoto, embora ele já fosse mais alto para aquela idade.

— Não vou, não! — ele afirmou na voz fina que ele tinha.

— Ah, duvido! Tem tudo o que você gosta aqui e muito mais. Você viu o site com a gente, Nicky. Lembra daquele piscinão com tobogã? E o tamanho daquela sala de artes lotada de tinta diferente? Nossa, e a sala de música? — Zack se mostrou impressionado com a mão na cintura.

— Eu não quero ficar longe de casa. Aqui é muito longe de vocês. — Um bico de choro começou a ser formado enquanto dividia sua atenção entre o pai e o acampamento ao fundo.

Zack, chorão como era, ficou emotivo junto com o filho e o abraçou apertado.

— Você é corajoso, cara. Você vai enfrentar tudo isso aí brincando — ele disse. — Vamos combinar uma coisa? — Zack se afastou, mantendo as mãos nos ombros encolhidos do menino. — Se em dois dias você ainda não estiver gostando daqui, o papai vem correndo te buscar, tá? Eu prometo.

— Dois dias é muito tempo! — Nick olhou para a mãe parada ao seu lado, que agora afagou seu cabelo e encostou sua cabeça na cintura.

— Vai passar voando, meu amor! — ela disse confiante, passando a mão pelos cabelos encaracolados dele.

Teenage Lovers 1Onde histórias criam vida. Descubra agora