Entre Camas e Mudanças de Humor (Cap. 5)

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16 de outubro de 2016 — madrugada de sábado.

Era quase uma hora da manhã quando entramos em casa pela porta lateral da garagem, depois de um trajeto silencioso e desconfortável por causa daquela decisão idiota. Meus pais e a Hannah já estavam dormindo, mas haviam deixado o abajur embaixo da escada caracol aceso para eu não chegar no breu. Portanto, deixei Julia subir na frente para apagá-lo. 

Da ponta da escada já podíamos ouvir os roncos do meu pai ecoando pela casa inteira e ela me olhou com uma careta; não entendi bem sua reação. Estava incomodada? Podia dormir lá fora, então. Fomos adiante pelo corredor em passos cautelosos até chegarmos ao meu quarto, que estava uma verdadeira bagunça, mas eu não me importava com isso. Não por ela. Apenas chutei meus sapatos para um canto e recolhi as roupas que estavam no caminho, jogando-as no cesto de roupa suja perto da porta enquanto Julia olhava tudo ao redor, especialmente os troféus na prateleira acima da bateria. Aposto que estava pensando que tinham sido comprados mais uma vez.

— Eu tenho um colchão inflável no armário lá fora, vou encher pra mim e você dorme na cama, tá? — falei baixo, minutos depois, gesticulando com o polegar na direção do corredor.

— Ah, não precisa, eu durmo no colchão. Tudo bem — ela murmurou, me olhando desconfortável.

Eu também não estava nem um pouco contente com aquele inferno.

— Não discute. Minha mãe me mataria se soubesse que eu te fiz dormir em um colchão inflável. Minha vontade é te deixar dormir na frente da garagem, mas, como não posso fazer isso... — comentei enquanto coçava a cabeça. Julia me mostrou o dedo do meio. — Enfim, vou lá pegar.

Dei de ombros e comecei a dar as costas para sair do quarto, quando Julia também deu um passo à frente:

— Posso usar o banheiro?

— Sim. — Voltei para o corredor enquanto ela vinha atrás. — É ali. Tem... escova nova no armário... — mencionei um pouco confuso se estava sendo legal demais com ela ou se era o básico de hospitalidade.

Eu precisava mesmo ser tão educado só por ela estar na minha casa? Não foi a ideia mais genuína de todas, eu diria que foi a mais egoísta de toda a minha vida porque eu só queria ir para casa e dormir, se ela acabou indo junto, era só um detalhe. Um detalhe muito irritante, por sinal. De qualquer forma, Julia murmurou um agradecimento e seguiu pelo corredor até a porta do banheiro enquanto eu me permiti encostar por dois segundos no batente da minha porta. Eu tinha certeza que aquela ideia ainda iria me atormentar quase tanto quanto os três beijos. Porém, quando me dei por vencido a mim mesmo, fui atrás do colchão e da bomba automática dele no armário entre meu quarto e o quarto dos meus pais. Revirei aquele armário por quase dez minutos inteiros, tirando e movendo coisas de um lado para o outro à procura deles e nada, tomando cuidado para não fazer barulho. Sem sinal. Fiquei mais dois minutos pensativo de qual outro lugar poderia estar e não fazia sentido ter sido guardado fora dali. Quando desisti do colchão, pensei em pegar o colchão da cama da Olivia que agora estava desocupada, mas o trabalho de tirá-lo do quarto da Hannah e levá-lo ao meu, sendo tão pesado, me fez desistir em seguida. E acordaria a casa inteira desnecessariamente. Por fim, quando ela voltou do banheiro, eu estava trocando a roupa de cama.

— Cadê o colchão? — perguntou ao entrar no quarto.

— Não achei — resmunguei, olhando-a por poucos segundos. Tempo suficiente para ver que ela usou mais do que uma escova de dente nova já que estava com o rosto lavado, sem qualquer resquício de maquiagem.

— E agora?

— Agora você pode dormir aqui e eu vou lá pra sala. — Bufei ao terminar de prender o lençol limpo. Ao me virar para pegar um cobertor no armário, Julia contestou:

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